Partido Comunista Português
Aumentos sucessivos dos preços dos combustíveis demonstram falência da pol?tica de liberaliza??o dos mercados
Conferência de Imprensa do Grupo Parlamentar do PCP
Quinta, 01 Abril 2004

Pela 6.ª vez desde o início do ano aumentam em Portugal os preços dos combustíveis enquanto não se vislumbram no mercado da energia, quaisquer movimentos com vista à redução das respectivas tarifas em consequência do MIBEL – Mercado Ibérico de Electricidade.

É o mais claro desmentido às garantias dadas pelo Governo e, em particular pelo Ministro da Economia de que com a liberalização dos mercados os portugueses iriam beneficiar com uma baixa dos preços e das tarifas.

Em 8 de Outubro do ano passado, na Comissão de Economia, Finanças e Plano, o Ministro da Economia assumia esses objectivos: diminuição do preço final dos combustíveis e convergência com a Espanha das tarifas da electricidade.

Ora o que se verificou é que logo no primeiro dia da liberalização do preço dos combustíveis – em 2 de Janeiro – sem sequer haver qualquer aumento do preço do crude – produziu-se a primeira subida de preços e em matéria de política energética e do MIBEL o que se assiste é ao facto dos operadores portugueses (EDP, GALP) exigirem que a tal convergência seja feita mas pela, Espanha, aumentando esta as respectivas tarifas.

Não colhem os argumentos do Ministério da Economia na defesa dos interesses das petrolíferas:

a) o aumento dos preços dos combustíveis é, feito em muitos casos sobre volumes contratados e adquiridos antes dos aumentos dos preços do crude;

b) as aquisições nos mercados internacionais do crude são feitos em dólares. Ora a queda do dólar não se tem repercutido no preço dos combustíveis.

Sem prejuízo dos efeitos do aumento dos preços do crude – consequência também da especulação e da instabilidade dos mercados petrolíferos em resultado da ocupação do Iraque e da política externa dos EUA – a verdade é que se assiste a um efeito cumulativo resultante da concertação entre as empresas petrolíferas após a liberalização do mercado e a política fiscal do Governo com o incremento do ISP para garantir aumentos das receitas fiscais a todo o custo.

O que se está a passar é grave.

Grave porque contraria todas as garantias e promessas do Governo e, em particular do Ministro da Economia.

Grave por que agrava seriamente o custo de vida dos portugueses confirmando a total falta de realismo da taxa de inflação oficial de 2% prevista para 2004.

Grave pelas consequências que arrasta em toda a economia, designadamente no sector dos transportes servindo de argumento para o aumento dos respectivos preços e para manobras especulativas como as que estão a realizar os operadores privados de Lisboa.

Neste sentido o Grupo Parlamentar do PCP reclama do Governo que reavalie toda a sua política de liberalização dos preços dos combustíveis e que intervenha junto da Autoridade da Concorrência para travar esta espiral de aumentos.

Igualmente acabámos de requerer ao Presidente da Comissão de Economia, Finanças e Plano a audição urgente do Senhor Ministro da Economia para explicações sobre toda esta matéria. Caso a nossa iniciativa seja reprovada não deixaremos, no debate de urgência potestativo já requerido para analisar entre outros aspectos, a venda de empresas nacionais ao estrangeiro de confrontar o Governo com a sua política de liberalização dos preços dos combustíveis e do mercado da energia.