Partido Comunista Português
V Cimeira UE-América Latina e Caribe, em Lima - Declaração de voto de Pedro Guerreiro no PE
Quarta, 23 Abril 2008
Apesar da forma "cuidadosa" com que a presente resolução foi elaborada, é difícil disfarçar a vontade que lhe está subjacente de que a "Parceria Global Bi-Regional" e a "Zona-Euro-Latino-Americana de Parceria Global Inter-Regional" se transformem no embrião duma futura "zona de comércio livre" (com "livre" circulação de mercadorias, serviços e capitais), que permita à UE promover uma integração latino-americana à medida da sua imagem e da ambição dos seus grandes grupos financeiros e económicos - vejam-se os objectivos dos acordos de associação entre a UE e diferentes países e regiões da América Latina (como o México e o Chile).

O recurso da resolução à repetição exaustiva de "princípios, valores e interesses" que se pretendem tornar comuns, mais não é, na agenda de alguns, do que uma forma de procurar promover as pretensões neocolonialistas e de ingerência de potências da UE face à América Latina.

O que a UE pretende, que merece a nossa frontal oposição, é a apropriação por parte das grandes transnacionais da riqueza criada, dos recursos naturais e da biodiversidade, à custa da exploração dos trabalhadores, do desemprego, da ruína de milhões de pequenos agricultores, da destruição ambiental e do progresso, dos direitos e da soberania dos povos.