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Conclusões da reunião de quadros das organizações do PCP nas comunidades portuguesas na Europa
Nota da Direcção da Organização
Quinta, 06 Janeiro 2000

Conclusões da reunião de quadros das organizações do PCP nas comunidades portuguesas na Europa - Nanterre/França, 11 e 12 de Dezembro de 1999

1. Sobre os resultados das últimas eleições

Contraditoriamente com os resultados globais alcançados pela CDU (positivos), os resultados na Emigração não foram satisfatórios e contrastam com o facto inegável de ter sido o PCP que, enquanto partido, mais iniciativa política desenvolveu no seio das Comunidades Portuguesas.

É necessário ter em conta o efeito eleitoral da política de instrumentalização do aparelho de Estado e da RTPI e de instalação de uma rede clientelar, prosseguida pelo Governo do PS nos últimos 4 anos na continuidade do que de pior fez nesta matéria também o PSD, bem como o crescimento da abstenção e as profundas mudanças sociológicas em curso nas Comunidades Portuguesas

Mas é necessário também prosseguir uma análise concreta e localizada dos factos e dos factores que podem ter concorrido para a redução da votação na CDU, de modo a que o conhecimento das causas nos ajude no esforço necessário e possível para abrir uma perspectiva de crescimento da nossa influência política e eleitoral na Emigração.

Desde já importa assinalar como indispensável, para esse objectivo, um sério trabalho de maior abertura e ligação do PCP às Comunidades Portuguesas, rompendo situações de fechamento e de enconchamento, e uma linha de renovação e rejuvenescimento da nossa organização que contrarie tendências conhecidas e faça a ponte com as gerações de lusodescendentes e com os novos emigrantes.

2. A nossa atitude face ao novo Governo do PS e ao seu Programa para as Comunidades Portuguesas

É previsível que o Governo do PS prossiga e acentue, reforçado pelos seus resultados eleitorais na Emigração, a política realizada no anterior mandato quanto às Comunidades Portuguesas nos seus traços mais preocupantes de arrogância, autoritarismo e reforço de uma rede de influência e condicionamento apoiada no aparelho de Estado, combinando isso com doses elevadas de demagogia e algumas medidas indo ao encontro de problemas e aspirações reais.

O Programa de Governo, no seu conjunto generalista e pouco concreto, apresenta contraditoriamente nesta área uma desenvolvida lista de intenções e promessas, embora sem clareza quanto a prioridades e objectivos estratégicos.

O PCP, afirmando-se também nas Comunidades Portuguesas como activa oposição de esquerda a este Governo, trabalhará no plano político e institucional para a concretização do seu programa alternativo de "10 medidas" para uma nova política dirigida às Comunidades Portuguesas, pugnará pela permanente vigilância crítica quanto à relação entre as promessas e os actos do Governo e ao mesmo tempo estará sempre disponível para cooperar e convergir com outras forças na realização de medidas que respondam efectivamente às legítimas aspirações da emigração.

Tomar a iniciativa!

Serão prioridades na nossa acção político-partidária no ano 2000 as seguintes:

- a luta pela concretização de um programa de expansão e qualificação do ensino da língua e da cultura portuguesa, entendido como um necessário investimento estratégico do Estado português, orientado para a juventude e para os lusodescendentes, com maior investimento qualitativo e quantitativo em recursos humanos e meios pedagógicos, dando prioridade à integração do seu ensino nos sistemas oficiais dos países respectivos, complementada pelo chamado ensino paralelo com apoio pedagógico e certificação, pela rentabilização maior do Instituto Camões, pelos serviços públicos de rádio e televisão, pela Internet e os outros meios audiovisuais, pelo ensino a distância;

- desenvolver a contribuição e o empenhamento dos comunistas para o fortalecimento, a revitalização e o rejuvenescimento do movimento associativo, para a sua adequação às novas realidades e necessidades das Comunidades e no respeito pela sua autonomia e carácter unitário; lutar pelo aumento dos apoios do Estado português, na base de critérios objectivos e combatendo a política de "sacos azuis" e defender nos países de acolhimento igualmente a continuidade dos apoios, recusando a lógica que visa o seu desaparecimento em nome da pretensa oposição entre cidadania europeia e condição de emigrante;

- lutar por uma mais ampla, concreta e eficaz modernização e adequação dos serviços consulares às necessidades das Comunidades Portuguesas, confrontando os discursos e promessas oficiais com os numerosos problemas por resolver e insistir na necessidade de uma real coordenação das representações e institutos de Portugal no estrangeiro para optimizar os meios existentes; reclamar o efectivo cumprimento do novo Regulamento Consular quanto à criação das Comissões de acção social e cultural; propor medidas de apoio social aos portugueses na diáspora em situação de exclusão social, na base de um levantamento sério e participado pelas Comunidades dos casos existentes, de critérios objectivos e processos de apreciação e decisão responsáveis e definidos, o que é claramente diferente do modo pouco rigoroso e demagógico como o Governo está a proceder nesta matéria; reclamar o reforço dos meios do sistema de Segurança Social em Portugal no apoio aos processos de reforma dos emigrantes;

- dinamizar o exercício de uma cidadania activa por parte dos portugueses também nos países de acolhimento, praticando e lutando pelos seus direitos enquanto trabalhadores e enquanto cidadãos, assumindo responsabilidades sociais e cívicas e, designadamente, exercendo o direito conquistado de voto e de candidatura nas eleições locais, como será o caso de França em 2001; nesse sentido, apoiar o esforço de recenseamento com esse objectivo no seio das Comunidades Portuguesas; contrariar quaisquer teses que pretendam privilegiar um "voto étnico" da Comunidade e a sua identificação nessa base com uma força política por oposição a outras, defendendo firmemente que a democracia e os direitos eleitorais conquistados se consolidam e defendem na base da livre opção e identificação de cada emigrante com a candidatura que corresponder às suas convicções;

- promover a análise concreta e a intervenção, em cada país e à escala da União Europeia, quanto ao modo como estão a ser respeitados, fortalecidos e exercidos os direitos dos emigrantes portugueses no quadro da chamada "cidadania europeia".

4. Os direitos eleitorais dos portugueses a viver no estrangeiro

Quanto aos direitos eleitorais dos portugueses a viver no estrangeiro relativamente aos orgãos do Estado português, o PCP continuará a defender o seu activo e amplo exercício, tendo em conta a especificidade da sua condição e garantida a efectiva democraticidade e responsabilidade da sua participação, demarcando-se nessa matéria da demagogia frequente no falso discurso igualitário da direita e do PS.

Mantendo nas Comunidades Portuguesas, pela natural especificidade da sua situação, o princípio do recenseamento voluntário e sendo de prosseguir a reflexão quanto aos processos de votação mais adequados, considera-se entretanto necessário resolver no plano legal quer o quadro orientador da sua participação nas próximas eleições presidenciais (decorrente da última revisão constitucional) quer o obstáculo criado ao recenseamento na emigração com o problema da residência nos Bilhetes de Identidade, sendo de admitir outras formas mais operativas e suficientes, como o PCP já propôs, de estabelecer a prova de residência.

5. Conselho das Comunidades Portuguesas

O Conselho das Comunidades Portuguesas continua a ser também um importante, embora não exclusivo, orgão de representação e afirmação das aspirações e problemas da diáspora e nesse sentido o PCP procurará responsavelmente contribuir para que sejam garantidos meios, dignidade e condições de funcionamento que lhe assegurem inteira autonomia no exercício das suas competências e para que as próximas eleições deste orgão decorram num quadro de participação, de liberdade, de isenção e sem exclusões .

É entretanto indispensável prosseguir o combate às tendências visíveis por parte do Governo no sentido de instrumentalizar e condicionar este orgão, o que o desacreditaria, e nomeadamente as falsas desculpas que tem utilizado para inviabilizar uma nova reunião mundial antes da nova eleição prevista para 2001. E são igualmente de combater as teses governamentais que pretendem limitar a reflexão sobre a alteração da legislação de enquadramento do Conselho ao processo de eleição dos seus orgãos internos em vez de aproveitar uma tal reflexão para um processo mais amplo e participado de aperfeiçoamento democrático deste orgão, que tenha em conta a experiência de quase três anos de funcionamento.

6. Dinamizar, renovar e rejuvenescer a organização do PCP nas Comunidades Portuguesas, tarefa inadiável!

O Encontro concluiu pela necessidade de no ano 2000 serem avançadas medidas concretas em todas as organizações para para uma mais ampla e pública afirmação, iniciativa, intervenção e relacionamento aberto do Partido no seio das Comunidades, para combater fenómenos de fechamento e enconchamento, para promover um sério esforço de alargamento e rejuvenescimento do Partido, para procurar envolver, motivar e responsabilizar mais camaradas e novos camaradas na organização e acção partidária.

Está em causa reflectir sobre os caminhos e as medidas que, em cada País onde existem relevantes Comunidades Portuguesas e face à inevitável passagem de testemunho de gerações, garantam para o futuro uma presença activa e um contributo transformador e positivo do PCP no seu seio. E inserir essa reflexão no contributo que as Organizações do PCP na Emigração devem dar para o Congresso do PCP a realizar no final do ano 2000.

São especialmente de sublinhar como acções a desenvolver no próximo ano:

- a realização de Assembleias das organizações;

- o esforço de responsabilização de mais comunistas na actividade e organiação partidária e de motivação para uma mais intensa participação dos comunistas nas associações, movimentos cívicos e sindicatos;

- o desenvolvimento de uma campanha de adesões, especialmente dirigida às novas gerações de emigrantes e à juventude;

- a tomada de medidas especiais de apoio à organização, à iniciativa e ao diálogo com os jovens lusodescendentes;

- a dinamização da difusão do Avante!, inserida na campanha a esse respeito decidida pelo PCP;

- a realização frequente de acções públicas de contacto e informação com emigrantes em cada país, utilizando quer o Boletim da DOE quer outros materiais e edições próprias;

- o desenvolvimento do diálogo e da iniciativa política abertos à participação de outros que connosco queiram cooperar e convergir, designadamente sobre os temas elegidos como prioritários para o próximo ano;

- a preparação de propostas, nomeadamente no plano legislativo e no quadro do próximo Orçamento de Estado, que dêem corpo às propostas defendidas no programa eleitoral para as últimas eleições legislativas.

 

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