A demissão do Ministro Isaltino de Morais representa uma primeira brecha aberta na aparente estabilidade interna do Governo e em torno de uma situação que afecta a imagem do Governo, na medida em que o próprio demissionário reconheceu o seu incumprimento da obrigação de declarar com verdade o seu património e rendimentos.

Esta atitude corresponde objectivamente não apenas a uma fuga a deveres de natureza fiscal que contrasta com as exigências colocadas pelo Governo à generalidade dos cidadãos mas também ao escamoteamento de património.

O primeiro aniversário do Governo PSD-CDS/PP fica assinalado por este primeiro golpe na sua solidez interna, sendo entretanto certo que este Governo há muito entrou em curva descendente na consideração e opinião dos portugueses por causa do clamoroso incumprimento das suas promessas eleitorais, de uma política de deliberada e injustificada agressão aos direitos dos trabalhadores e às condições de vida da população e pelo condenável envolvimento político na guerra contra o Iraque.

E, sendo estas as questões cruciais, nenhuma eventual ou hipotética remodelação governamental lhes responderia, na exacta medida em que o que Portugal precisa é de uma nova e diferente política e não de novos ministros para aplicar a velha e má política.