Declaração sobre
a apresentação |
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Depois de meses de encenada expectativa,
apresentou-se esta noite formalmente o candidato da direita, Cavaco Silva,
às eleições para a Presidência da República
com uma nova e surpreendente encenação ao anunciar como
novas, velhas ideias que estão na origem da grave crise que o país
atravessa e que há muito arrastam Portugal para os mais baixos
níveis de desenvolvimento na Europa.
Cavaco Silva apresentou-se aos portugueses pairando acima de uma realidade que ele próprio ajudou a criar, exibindo uma inocência sem mácula, convencido de que o tempo tudo pode apagar ou fazer esquecer. Neste momento de apresentação da sua candidatura e após meses de calculado branqueamento do seu pensamento e intervenção, é imperioso um exercício de memória para que não se deixe impunemente varrer as suas responsabilidades no desenvolvimento da nossa história recente. Foi Cavaco Silva que, durante os dez anos que esteve à frente do governo do país, que protagonizou uma das maiores ofensivas contra os direitos individuais e colectivos dos trabalhadores e deu rosto ao mais grave desrespeito pelos valores e princípios básicos do regime democrático com uma prática governativa à revelia e contra a Constituição da República. Foi com Cavaco Silva e no seu ciclo governativo que se iniciou o processo de subversão das leis laborais, da lei da greve, dos despedimentos, abrindo as portas aos despedimentos colectivos e ao aumento da idade da reforma das mulheres. Foi Cavaco Silva que, insensível às injustiças, promoveu um redobrado ataque ao trabalho com direitos, apoiou e incentivou as rescisões e as pré-reformas forçadas de acordo com os interesses do grande capital e aprofundou as desigualdades sociais Foi com Cavaco Silva no governo que se acelerou o processo de reconstituição das grandes fortunas e de entrega do melhor património público empresarial, nomeadamente as empresas dos sectores básicos ao grande capital nacional e estrangeiro. Foi Cavaco Silva, o responsável pela entrada sem preparação de Portugal na moeda única que conduziu à perda de mais de 20% da nossa competitividade em relação à média europeia. É este o candidato que a direita promove e projecta como o “salvador da pátria” e com ele acalenta a esperança de subversão do sistema de poder constitucionalmente consagrado em nome de uma abusiva legitimidade pessoal que a eleição presidencial garantiria. É este o candidato da instabilidade democrática, uma candidatura que personifica a submissão do poder político ao poder económico.
A candidatura da esperança e da mudança que o país precisa e a que muitos portugueses aspiram é a candidatura de Jerónimo do Sousa. A candidatura de clara ruptura com as políticas de direita. A candidatura democrática e de esquerda que, assumindo os valores de Abril, a defesa da independência e soberania nacionais, os mais genuínos interesses dos trabalhadores e do povo se apresenta com o objectivo de promover um outro rumo à vida nacional assegurando a construção de Portugal com futuro. Uma candidatura que urge reforçar, alargando o caudal de apoios que hão-de culminar numa forte e expressiva votação no próximo mês de Janeiro
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