Intervenção
de Jerónimo de Sousa |
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A resposta dos que nunca desistem dos combates antes de os travarem! A resposta daqueles que estão convictos da justeza de uma luta e de um projecto que nasceu com Abril e que com Abril e com o povo quer construir o futuro de Portugal! A todos vós as minhas mais cordiais e fraternas saudações! Vamos entrar nos derradeiros dias da campanha eleitoral. A próxima semana, será a última semana da campanha. Esta é a semana em que precisamos de dar tudo, de mobilizar todas as energias, toda a determinação para concretizar o nosso grande objectivo. Garantir uma grande votação na minha candidatura para derrotar o candidato da direita e fazer crescer a exigência de uma efectiva mudança na sociedade portuguesa. Mudança que expresse uma clara ruptura democrática e de esquerda com as políticas que têm sido seguidas pelos governos dos últimos anos. Ruptura com as políticas que, de Cavaco Silva a Barroso, de Guterres a Sócrates, conduziram o país para a crise e situação de atraso em que nos encontramos. Hoje a candidatura da direita e os partidos que a apoiam vêm dizer que o país está à beira do abismo e que só o seu candidato é a salvação. Depois de anos a governar, à vez, o país. A partilhar hegemonicamente com o PS tudo o que é direcção do Estado, de empresas públicas e participadas. Tudo o que é instituto ou fundação. Tudo o que é poder que alimenta a sua vasta clientela, vêm-nos dizer que o país está sem rumo e à beira do abismo. É grande o seu descaramento! É grande a sua desfaçatez! É grande o atrevimento de quem sabe que fez o mal e agora a caramunha! Anos a governarem agravando todos os problemas nacionais com a sua
errada política. Tenho confiança que os portugueses no próximo dia 22 não se deixarão iludir pelos falsos profetas que prometem agora o que nunca garantiram no passado. Tenho confiança que o povo português vai trocar as voltas à bem orquestrada campanha que dá como inevitável a vitória da candidatura da direita. Também no passado, em 96, Cavaco Silva e os seus apoiantes afirmavam: “os nossos adversários já não conseguem impedir a onda que se estende a todo o país”, mas o voto real dos portugueses, aquele que vale, aquele que conta, derrotou-o. Cavaco Silva não ganhará se todos os que estão contra a sua candidatura forem votar! Esse é o grande desafio que temos pela frente nos próximos oito dias – ganhar os portugueses, ganhar os democratas para o voto na minha e nossa candidatura. Tarefa que mais se impõe quando alguns agora se refinam na sofisticação dos mecanismos de pressão e de influência com a divulgação de sondagens e outras técnicas manipuladoras. Sublinho e reafirmo que quem decide é o povo, é o voto do povo e não as sondagens. Nada está resolvido. Tudo está em aberto. O voto na minha candidatura conta e contará para a derrota do candidato da direita e abrir uma nova perspectiva para um Portugal de progresso e desenvolvimento. Mas é preciso ir também junto dos portugueses, dos homens e mulheres do campo democrático. Mulheres e homens que estão desiludidos com anos consecutivos de política de direita enganados por promessas vãs e, por isso, indecisos. Dizer-lhes que têm uma saída para as suas inquietações. Dizer-lhes que as candidaturas, tal como os partidos não são todas iguais! Que há uma solução para o desabrochar da esperança e para a construção da mudança! Que a solução não é a abstenção, que não é a hora para se ficar calado ou desistir. Que o voto na minha candidatura é o voto que como nenhum outro, expressa o descontentamento, o protesto, a exigência de mudança. É preciso dizer-lhes que chegou a hora de transformar o voto de cada um dos portugueses num poderoso BASTA! Num poderoso e firme BASTA de anos e anos de política de direita que à revelia da Constituição da República e contra ela, afunda o país e agrava a vida dos portugueses. Dizer-lhes que é esta candidatura que afirma os valores de Abril, os valores da liberdade, da democracia, do desenvolvimento, da justiça social e da independência nacional. Precisamos de dizer claramente a cada um e a todos os que aspiram a um Portugal com futuro que cada voto na minha candidatura é um voto que soma e que conta para derrotar Cavaco Silva. Que a grande batalha que se impõe travar é impedir que o candidato da direita obtenha uma maioria absoluta na primeira volta. Objectivo que perseguiremos até ao último minuto! É por isso que não se pode perder um voto dos que aspiram uma ruptura democrática e de esquerda com as políticas que têm sido seguidas. Quantos mais votos tiver a minha candidatura, menos hipóteses
tem Cavaco Silva de vencer. Votos que somam e contam não só para derrotar a candidatura da direita, mas também para afirmar uma vontade e exigência de mudança que nenhuma outra candidatura está em condições de garantir. Isso cada vez mais portugueses o estão a compreender com o crescente apoio que tem recebido a minha candidatura e que me dizem que é possível ir ainda mais longe! Sinto sinceramente que a minha candidatura em cada dia que passa cresce e transborda para além da minha opção partidária. Candidatura decidida pelo PCP, recebeu uma onda de apoio, entusiasmo e participação, que lhe dão a dimensão de uma candidatura nacional, da candidatura dos trabalhadores e do povo, aquela que protagoniza o grande objectivo de um Portugal mais justo e desenvolvido. Uma candidatura que dia a dia soma apoios de comunistas, verdes, socialistas, pessoas com outras opções partidárias ou sem opção definida e apoiam a minha candidatura pela sua dinâmica, pelos seus valores, pelo seu projecto. Apoio crescente que me dá ainda mais força e mais determinação para avançar e ir até aonde os portugueses quiserem. Estou preparado para a segunda volta. Estou preparado para a assumir todas as responsabilidades que o povo
português me queira atribuir. Eu confio e estou firmemente convicto que os portugueses me vão ajudar e me vão apoiar com os seus votos para fazer desta candidatura, uma candidatura com uma grande expressão nacional! Votos que os portugueses sabem que, além de servirem para derrotar Cavaco Silva, não se perdem em nenhuma circunstância, porque se projectarão no desenvolvimento da luta futura por um Portugal melhor, mais justo, mais solidário e mais fraterno. Votos que são dados a uma candidatura e a um candidato que jamais
se retirará do combate seja qual for o seu desfecho, mas que
continuará em todas circunstâncias, na Presidência
ou fora dela, a luta na defesa dos interesses e direitos dos trabalhadores
e do povo. Um candidato e uma candidatura que não se apresentam aos portugueses como outros, a prometer fazer e combater o que antes nunca fizeram, nem combateram. Uma candidatura e um candidato que sente e expressa as mais sentidas e genuínas aspirações dos trabalhadores a uma vida melhor, não só porque deles veio, mas porque foi esse o combate que norteou toda a minha vida. Os portugueses podem confiar que jamais abandonaremos o nosso compromisso
de lutar contra o flagelo do desemprego que hoje atinge cerca de 500
mil trabalhadores. Os portugueses podem confiar que jamais abandonaremos o nosso compromisso de lutar por uma melhor e mais participada democracia que queremos aprofundar no respeito e na garantia de efectivação dos direitos e liberdades fundamentais e na autenticidade da representação da pluralidade das opções políticas. Compromisso na recusa a uma democracia tutelada pelos grandes interesses do “Partido Único dos Negócios”, onde impera a ética do vale tudo. Esse partido informal dos partidos do ”Bloco Central” que há muito garante a protecção mútua dos seus “boys” que até já abdicaram de guardar um pudico período de nojo nessas promíscuas transferências entre membros de governo e serviços públicos e os conselhos de administração de grandes empresas nacionais e estrangeiras. “Partido Único” que garante nomeações dos amigos e amigos dos amigos do PSD e do PS e que são a inaceitável expressão da submissão crescente do poder político ao poder económico! Os portugueses podem confiar que tudo faremos na defesa dos direitos,
liberdades e garantias dos trabalhadores. Podem confiar no meu solene
compromisso de promoção e valorização do
trabalho e dos valores do direito ao trabalho e ao trabalho com direitos.
A direita e o grande capital económico e financeiro aspiram e querem um Presidente da República a falar aos portugueses por cima das instituições e das regras de funcionamento do regime democrático. Querem o domínio da Presidência da República para pôr em marcha o seu projecto de subversão constitucional. A direita e os grandes interesses económicos querem na Presidência alguém capaz de jogar o seu jogo e transformar a Presidência da República num posto avançado de ataque ao que resta das conquistas de Abril, ao que resta dos direitos e conquistas dos trabalhadores e do povo. Depois de meses de insistentes apelos à subversão do sistema semi-presidencialista. Depois de meses de ataque ao Estado Democrático de Abril, há dois meses a esta parte que os mais notáveis apoiantes de Cavaco Silva se remeteram ao mais profundo silêncio. É tão significativo o que vinham dizendo, como agora é o seu silêncio que quer esconder a dinâmica revanchista e retrógrada que está por trás da candidatura de Cavaco Silva. É agora no seu silêncio que se vê também a irmandade dos seus propósitos. Se Cavaco Silva há muito encobre com o discurso o seu pensamento, os seus apoiantes dos partidos da direita, os senhores dos grandes grupos económicos e da alta finança, passaram também a ocultar no silêncio os seus verdadeiros objectivos. Passaram a esconder que querem um Estado mínimo, liberto de
tudo o que é compromisso social com o bem-estar dos trabalhadores
e do povo. Passaram a esconder que querem fazer dos serviços públicos dirigidos à satisfação das necessidades essenciais das populações um instrumento de exploração e enriquecimento de uns poucos. Passaram a esconder que querem riscar e apagar da nossa vida social
e laboral, os direitos individuais e colectivos dos trabalhadores. O
candidato da direita não diga só que o estamos a atacar
ou a criticar. Diga se estamos ou não a falar verdade! Mas há uma coisa que podem ter como certo. Que contarão
sempre, seja em que circunstância for, com o meu e, estou certo
também, com o vosso decidido combate! José Sócrates vem-nos dizer que aqueles que vêm na candidatura de Cavaco Silva propósitos destabilizadores do seu governo são “estouvados”. È provável que tenha razão. Cavaco Silva não desdenhará incentivar e aplaudir a sua política. Já hoje o faz e agradece como um contributo muito importante para a sua campanha. Não temos dúvidas que se Cavaco Silva fosse Presidente incentivaria e aplaudiria a sua política de ditadura do défice que sobrecarrega os trabalhadores e o povo com mais impostos, que trava o desenvolvimento económico e aumenta o desemprego. Incentivaria e aplaudiria a sua política de aumento dos preços
dos bens essenciais e de contenção salarial, bem como
apoiaria os objectivos de redução geral dos salários
que os seus reclamam. Incentivaria e aplaudiria a sua política de saúde privatizadora e mercantilista e o aprofundamento de ataque à escola pública e a elitização do ensino. Incentivaria e aplaudiria a sua política em relação à segurança social e toda a sua campanha alarmista que visa criar o clima psicológico para a aceitação da inevitabilidade dos fundos privados, a baixa do valor das pensões e o aumento da idade da reforma para todos os trabalhadores. Como também saberia esperar pelo isolamento social e político a que conduzirá inevitavelmente a desastrosa política do governo do PS/Sócrates. Cavaco Silva não é a viragem que anuncia, nem a alternativa salvadora, é a versão radical da mesma política que há anos conduz o país para o atraso e para a crise. Cavaco Silva apenas acrescentaria arrogância à arrogância de José Sócrates. Um e outro anunciam para o futuro a solução dos problemas e a melhoria das condições dos trabalhadores e do povo. Mas o que na realidade perspectivam são mais sacrifícios e mais sofrimento para os mesmos de sempre. Os mesmos que já estão a suportar e sentem como ninguém o aumento dos preços do pão, da energia, dos transportes e de outros serviços e bens essenciais, a diminuição dos salários reais, a deterioração do poder de compra e o aumento do desemprego. Os mesmos a quem se preparam para aplicar uma inadmissível e injusta política de contenção salarial. É assim em relação aos trabalhadores da Administração Pública que pelo sexto ano consecutivo são penalizados com uma forte perda do seu poder de compra. Será assim no sector privado, com o governo a dar como referência
para os salários de todos os sectores o aumento de 1,5% da função
pública. A perspectiva do agravamento das desigualdades e da injustiça na distribuição da riqueza. Uma vida pior para os portugueses. Não é o Portugal de sucesso da propaganda de Cavaco Silva que aí vem para 2006 e 2007, mas o Portugal das revisões em baixa que o Banco de Portugal anuncia. O Portugal do “pára, arranca” da estagnação, recessão e retoma que não se vê, porque se persiste numa política errada que vida já mostrou ser incapaz de resolver os problemas nacionais e dos portugueses. Cavaco Silva, na campanha eleitoral de 96, disse: “pelo seu passado, Sampaio não merece ser Presidente da República” porque “ são os comportamentos do passado …que antecipam os comportamentos do futuro”. Sábias palavras que os trabalhadores e o povo não deviam esquecer no próximo dia 22. De facto quem no passado, fez o que fez em dez anos de governo, como o fez Cavaco Silva que protagonizou uma das maiores ofensivas contra os direitos individuais e colectivos dos trabalhadores. Quem fez uma governação marcada pelo regresso aos salários em atraso e pelo aprofundamento do trabalho infantil, das desigualdades sociais e do crescimento dos fenómenos da pobreza, marginalização e de exclusão social.
De facto quem no passado acentuou a deriva autoritária com a polícia de choque em roda livre contra os trabalhadores e outras camadas população. De facto quem no passado transformou as instituições democráticas que exigiam o respeito pela legalidade democrática, em forças de bloqueio, para impor o seu mando. Seria no futuro, se o povo o permitisse, a arrogância e a prepotência na Presidência da República. De facto quem no passado incentivou a utilização contra os seus adversários os métodos típicos da “ caça às bruxas” e agora se converte no candidato suave. De facto quem no passado percorreu os trilhos da cruzada anticomunista para justificar o implacável governante das privatizações e agora se transforma, no candidato “light” que os comentadores permanentes e encartados passaram a erigir como símbolo da suprema inteligência da táctica eleitoral. Seria no futuro, se o povo o permitisse, a dissimulação e a hipocrisia na Presidência da República. Quem no passado entregou do melhor património público empresarial, nomeadamente as empresas dos sectores básicos ao capital estrangeiro. Quem no passado promoveu o mais acelerado processo de concentração de riqueza e de capitais para as mãos de uma minoria e que agora lhe dá o tributo em apoio e financiamento. Seria no futuro, se o povo o permitisse, não o Presidente de todos os portugueses, mas o Presidente dos banqueiros e dos grandes interesses. Os seus erros e as práticas desastrosas que promoveu não foram motivados pela sua incompetência, mas pelas suas escolhas e opções. Este não é o Presidente que Portugal precisa! Apresentei-me aos portugueses assumindo o compromisso de lutar por um novo rumo para o país no respeito pelo legado da Revolução de Abril e pela realização efectiva de uma democracia simultaneamente política, económica, social e cultural. Apresentei-me aos portugueses afirmando e assumindo a imperiosa necessidade de uma ruptura democrática e de esquerda com as políticas que a direita e o PS vêm concretizando em sucessivos governos nos últimos anos. Apresentei-me renovando e reafirmando um compromisso com os trabalhadores,
o povo português, com os portugueses concretos que são
e fazem Portugal. É uma força que nasce dos trabalhadores dos mais diversos sectores, da agricultura, da pesca, da indústria, dos serviços e da administração pública. Que nasce dos intelectuais, quadros técnicos, dos pequenos e médios empresários, dos reformados, dos desempregados, dos jovens, das mulheres, dos cidadãos portadores de deficiência, dos emigrantes, de todos os explorados e ofendidos. De todos os que, independentemente da sua condição social, querem justiça social, um Portugal desenvolvido e soberano aberto ao mundo. Este comício é uma forte demonstração do apoio à nossa candidatura, um grande impulso para a afirmação, o esclarecimento e a mobilização na semana de campanha que temos pela frente, um enorme incentivo para uma grande votação no dia 22 de Janeiro. Mas este comício é muito mais do que isso. A grandiosidade da vossa presença, da vossa convicção, da vossa vontade, da vossa determinação e da vossa confiança é uma afirmação sem igual, de que sejam quais forem os resultados das eleições, sejam quais forem as dificuldades que se apresentem, aqui está uma força que conta e decide, uma força que vai contar na luta que continua, uma força que vai decidir do caminho da justiça social e do desenvolvimento, que vai decidir de um Portugal com futuro. Daqui dizemos aos trabalhadores, ao povo português que contamos com o seu apoio, daqui lhe garantimos que podem também contar com esta força imensa, de luta, de alegria, de esperança e de construção do futuro. Vamos, nestes dias que faltam manter bem alto a bandeira da esperança. A bandeira da confiança. A bandeira da determinação! Valeu e vale a pena empunhar estas bandeiras, hoje e sempre por Portugal, pelos portugueses, com Portugal e com os portugueses. Também assim e agora a rasgar as alamedas do futuro no chão alicerçado por Abril.
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