Artigo de Ruben de Carvalho no «Diário de Notícias»

«Até ao fim?»

Começa a ser difícil encontrar palavras para definir a situação no Iraque.

Tal como é ainda maior a dificuldade para se caracterizar a acção e o discurso da Administração Bush.

Explicar os casos de tortura divulgados na passada semana como situações de «falta de liderança» ou de «preparação deficiente» dos militares norte-americanos, que não saberiam «como lidar com prisioneiros», é pura e simplesmente uma náusea.

Pretender que é necessário que um general explique a uns recrutas que não se devem utilizar prisioneiros de guerra para simular actos sexuais com vista a fotografias de recordação é um retrato de inépcia e hipocrisia dignas de atrasados mentais.

Claro que se fica entretanto a saber que a guarda das prisões onde jazem os soldados iraquianos é assegurada por mercenários pagos pelo Pentágono, gerando a espantosa situação de um deles ter violado um jovem iraquiano e não poder ser julgado - com a justificação de que não é militar!

Condignamente com tudo isto, o inqualificável Bush Jr. vem dizer que a vida dos iraquianos está muito melhor, entre outras razões, porque têm electricidade mais barata.

E promete que vai levar o trabalho até ao fim.

Ao fim de quê?

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