Intervenção de José Soeiro
Cabeça de Lista da CDU ao Círculo Eleitoral de Beja
29 de Dezembro de 2004

Agradecendo a presença de todos vós, nesta nossa iniciativa, gostaria de saudar calorosamente, em nome das candidatas e candidatos da CDU, pelo círculo eleitoral de Beja, às eleições para a Assembleia da República, do próximo dia 20 de Fevereiro, os trabalhadores, com referência especial aos trabalhadores da administração pública, os reformados e os deficientes, os jovens, as mulheres, os quadros técnicos e intelectuais, os pequenos e médios agricultores, os micro e pequenos e médios empresários, os desempregados que, com a sua luta contra a política ruinosa do governo PSD-CDS/PP, contribuíram de forma determinante para o seu desgaste, descrédito e desorientação, conduzindo à inevitável, embora tardia, decisão do Senhor Presidente da República de dissolver o Parlamento e dar voz ao Povo através de eleições antecipadas.

Eleições antecipadas que, é justo sublinhar, o PCP há muito vinha reclamando e pelas quais vinha lutando, com confiança e determinação ao contrário do que fazia o PS de José Sócrates que, como é sabido, defendia que o governo do PSD-CDS/PP deveria manter-se em funções, até 2006, apesar das reconhecidas malfeitorias que vinha praticando, contra o nosso povo, e que atingiam de forma particularmente brutal os direitos e interesses dos trabalhadores.

Valeu a pena lutar. Vale sempre a pena lutar, mesmo quando os objectivos da luta nos parecem difíceis de alcançar. Como costumamos afirmar “dificuldades não significam impossibilidades” e a vida aí está, mais uma vez, a mostrar a justeza da nossa luta e desta nossa profunda e inabalável convicção.

Importa agora que cada uma e cada um dos lutaram e condenaram a política de direita do governo PSD-CDS/PP, chefiado por Santana Lopes e Paulo Portas, como já haviam lutado e condenado a política de direita do governo do PS, chefiado por António Guterres, compreenda a oportunidade soberana que tem ao seu dispor, no próximo dia 20 de Fevereiro, para, com o seu voto na CDU, dar mais força, coerência e sequência a essa mesma luta.

É tempo de acabar com a política de clientelas que caracteriza este ciclo vicioso do “ora governas tu PSD ora governo eu PS” que há 28 anos, se repete, eleição após eleição, com as gravíssimas consequências económicas e sociais que caracterizam hoje o distrito de Beja e o Alentejo.

Não se pode aceitar que, depois de 28 anos à frente dos destinos do País, PS e PSD continuem a justificar o não cumprimento das promessas, sempre repetidas em vésperas de eleições, com a esfarrapada desculpa da “situação grave”, da “crise”, do “pantanal”, do “País de tanga” que declaram sistematicamente herdar um do outro quando chegam ao governo e de que só eles, PS e PSD, são responsáveis.

Há 28 anos que o nosso distrito e o Alentejo no seu conjunto, não param de perder população, de desertificar-se, de envelhecer, de perder peso económico em relação ao todo nacional.

Há 28 anos que o desemprego no nosso distrito e no Alentejo atinge valores muito superiores à média nacional.

Há 28 anos que projectos e medidas estruturantes para o desenvolvimento do nosso distrito, para o Alentejo e para o próprio País, como Alqueva e o Plano de Rega do Alentejo, a questão da posse e do uso da terra, a utilização da BA11 para fins civis e a criação na mesma de um “cluster” aeronáutico, o Porto e o Complexo Industrial de Sines, a elaboração da carta geológica e a valorização dos nossos recursos mineiros com a instalação no distrito das respectivas metalurgias, a modernização e diversificação da nossa agricultura e a consequente implantação de agro-indústrias co-relacionadas, o Plano de Desenvolvimento Turístico, as acessibilidades rodoviárias e ferroviárias, a definição de uma estratégia de formação dos recursos humanos, a elaboração de um Plano Estratégico de Desenvolvimento Regional, os incentivos fiscais aliciantes à fixação de empresas no distrito, o reforço do investimento público produtivo, a descentralização e a regionalização, aguardam uma maioria parlamentar na Assembleia da República e um governo que, com determinação, assumam as decisões indispensáveis para pôr cobro, de uma vez por todas, aos atrasos, às indefinições, às derrapagens financeiras, ao sub financiamento, ao negocismo e à nomeação de gestores escolhidos não pela sua competência mas por fazerem parte da clientela partidária, situações que têm caracterizado a acção dos sucessivos governos do PS e do PSD, com os resultados negativos que todos podemos constatar.

A gravíssima crise económica e social que vivemos no nosso distrito e no Alentejo não resulta de uma qualquer fatalidade, da falta de recursos regionais ou da ausência de propostas concretas para lhe pôr cobro e que há muito os comunistas e outros democratas da CDU defendem. Ela é o resultado da má e da muito má política que PS e PSD praticaram, conscientemente, deliberadamente, no governo, nos últimos 28 anos.

É tempo de vencer medos e preconceitos. É tempo de mudar. É tempo de renovar a esperança. É tempo de votar na CDU dizendo não à má política do PS e não à muito má política do PSD-CDS/PP.


Uma política melhor para o nosso distrito, para o Alentejo, para Portugal, é necessária, é possível, é urgente. Ela só poderá concretizar-se com uma forte e expressiva votação na CDU no próximo dia 20 de Fevereiro.

Os candidatos pela CDU, fiéis ao princípio de intervir construtivamente, na resolução dos problemas, apresentarão, até meados de Janeiro, um conjunto de propostas estratégicas para o desenvolvimento sustentado do distrito de Beja, visando gerar riqueza e criar emprego estável e de qualidade, por forma a inverter os indicadores negativos que caracterizam o nosso distrito e o Alentejo.

Iremos ouvir os agentes económicos, sociais e culturais do nosso distrito. Iremos ouvir as instituições. Iremos ouvir sobretudo os trabalhadores e as populações que ambicionamos representar e cujos interesses e legítimas aspirações assumimos solenemente defender na Assembleia da República.

Somos gente de palavra. Gente que honra os seus compromissos. Gente que não teme as dificuldades e que não vira a cara à luta. O distrito de Beja, o Alentejo, as suas gentes, sabem que terão sempre, nas candidatas e candidatos da CDU, mulheres e homens com quem contaram no passado, contam no presente, contarão no futuro.

Temos consciência das inúmeras dificuldades e obstáculos que teremos que ultrapassar até ao próximo dia 20 de Fevereiro.

Temos que vencer o elevado abstencionismo que, no nosso distrito, ultrapassou os 41% nas eleições de 2002, para a Assembleia da República. Para isso teremos que nos empenhar todos, candidatos e não candidatos, para convencer e ganhar para o voto na CDU os descrentes, os desalentados, os desencantados com a política que, votando em eleições consecutivas, ora no PS ora no PSD, não viram cumpridas as promessas com que estes partidos nos brindam sempre em vésperas de eleições e que viram agravados os seus problemas e aumentadas as suas dificuldades.

Temos que nos empenhar com audácia para vencer o desânimo e o derrotismo daqueles e daquelas que não acreditam ser possível mudar a grave situação que vivemos mostrando-lhes que com o seu voto na CDU é possível renovar a esperança perdida.

Temos que intervir junto dos que votando em regra na CDU deixaram de o fazer por pensarem erradamente que a CDU não pode ganhar. Temos que incutir-lhes confiança, fazer-lhes ver que não votar é delegar nos que votam para que decidam por si, mostrar-lhes que o seu voto na CDU conta sempre para a derrota dos partidos da direita e que contará sobretudo para afirmar a sua vontade de mudar de política, de dizer basta à política de direita.

Temos que trabalhar para vencer a desmotivação ou real dificuldade física que atinge muitos eleitores mais idosos lembrando-lhes que o voto não tem idade e que vale sempre a pena o esforço para, com o seu voto na CDU, contribuírem para uma nova política, ao serviço do progresso e do bem estar, que dê aos mais jovens as oportunidades que a si sempre foram negadas.

Temos que contrariar a pressão das sondagens que, com a aproximação do dia 20 de Fevereiro, não deixarão de procurar criar a falsa ideia de que os partidos da direita estarão a aproximar-se do PS ou até em condições de obter a maioria com o objectivo de levar os eleitores ao engano do voto útil no PS para derrotar o PSD e o PP.

Temos que desmistificar a falsa ideia de que vamos votar para eleger o primeiro-ministro, ideia que visa condicionar a escolha dos eleitores àquele que parece ter mais possibilidades de vencer os que queremos derrotar, quando na verdade nós iremos votar para eleger 230 deputados, sendo certo que os deputados eleitos pela CDU constituirão sempre um obstáculo à formação de qualquer governo da direita. Mais, serão sempre um obstáculo ao desenvolvimento de políticas de direita, independentemente de quem procure concretizá-las, como serão sempre uma base inquestionável de apoio a todas as propostas que visem a melhoria das condições de trabalho e de vida dos trabalhadores e das populações.

Temos que compensar com a nossa militância a desigualdade de meios técnicos e financeiros de que dispomos comparativamente com outras candidaturas, designadamente do PS e do PSD.

Temos que contrariar a dispersão e perda de votos de esquerda por outros partidos que não tendo possibilidade de eleger qualquer deputado podem entretanto dificultar a eleição de deputados pela CDU. No distrito de Beja, como em todo o Alentejo, a única força à esquerda do PS com possibilidade de eleger deputados é a CDU, pelo que é na CDU que se devem concentrar os votos de todos aqueles e aquelas que querem derrotar a direita, não para mudar apenas os governantes mas para contribuir, com o seu voto, para que seja viável mudar de política o que só será possível com mais votos e mais deputados da CDU.

Temos razões para encarar com confiança o próximo dia 20 de Fevereiro. Temos provas dadas que nos levam a aspirar, com toda a legitimidade, a ver aumentada, de forma significativa, a votação na CDU no nosso distrito.

Pelas propostas e trabalho construtivo realizado em prol do nosso distrito e da nossa região pelos nossos deputados na Assembleia da República, que na pessoa do nosso camarada Rodeia Machado aqui presente, na qualidade de nosso mandatário distrital, calorosamente saudamos.

Pela intervenção ímpar que têm no Parlamento Europeu os deputados eleitos pela CDU em defesa dos interesses do nosso País, da sua independência e soberania.

Pelo trabalho, honestidade e competência que caracterizam os eleitos pela CDU nas autarquias locais e pela obra notável levada a cabo pelos mesmos ao serviço das populações, que nos permite afirmar, com justificado orgulho, ser o nosso distrito, e a Região do Alentejo, um dos mais bem infra-estruturados do País e que melhores padrões de qualidade de vida urbana oferece aos seus habitantes.

Pelo papel singular que o PCP, parte integrante da CDU, sempre desempenhou no nosso distrito, através da sua já longa e histórica existência. Na luta contra o fascismo, pela liberdade e pela democracia. Na luta em defesa da Revolução de Abril e das suas conquistas, de que destaco, no nosso distrito, a luta em defesa da Reforma Agrária e do Poder Local Democrático. Na luta em defesa dos grandes projectos estruturantes para o distrito de Beja e para o Alentejo, pela regionalização, contra o desemprego, pelo progresso e o desenvolvimento. Na luta contra o boicote ilegal e inqualificável de sucessivos ministros do ambiente, com destaque para José Sócrates, às candidaturas apresentadas pelas Associações de Municípios de Beja, Évora e Litoral Alentejano para resolver os problemas do abastecimento de água e saneamento em alta de mais de 350 mil alentejanos, boicote feito com o único objectivo de vir a privatizar estes importantes serviços públicos.

Pela postura coerente que sempre assumiu na justa luta dos trabalhadores e do povo por uma vida melhor. Um partido de palavra, de uma só cara, que honra os seus compromissos, que não vira costas às dificuldades, que não aspira ao poder pelo poder.

Um partido que, ao contrário do que por vezes se procura fazer crer, não é um partido virado para o passado, ainda que orgulhoso do mesmo, mas um partido portador de um projecto de democracia avançada para o limiar do século XXI, com propostas inovadoras e transformadoras, virado para o presente e para o futuro, capaz de assegurar o progresso, o desenvolvimento, o emprego de qualidade e com direitos para os nossos jovens, capaz de arrancar o nosso distrito, o Alentejo, o País, do atraso e do subdesenvolvimento, para que tem sido atirado pela política de direita que PS e PSD praticaram nos últimos 28 anos.

Um partido cujas propostas e acções interessam e servem os interesses de todos os trabalhadores, sejam eles operários, empregados, funcionários públicos, quadros técnicos ou intelectuais; que interessam e servem tanto os interesses dos reformados como dos jovens e das mulheres; que interessam e servem tanto os interesses dos micro e pequenos e médios empresários como dos pequenos e médios agricultores; que interessam e servem os interesses tanto dos que vivem no nosso mundo rural como dos que vivem nos meios urbanos do nosso distrito.

Creio que, por tudo o que acabo de referir, aspirar a ver aumentada, de forma significativa, a votação na CDU no nosso distrito, no próximo dia 20 de Fevereiro, não é uma utopia. Creio mais. Creio ser justo aspirar a que a CDU volte a ser a força mais votada no distrito de Beja e que não se fique apenas pela minha eleição como deputado. Quero clarificar que aceitei a minha candidatura para assumir o mandato de deputado mas que gostaria de ir para a Assembleia da República bem acompanhado. É difícil? Claro que é difícil. É mesmo muito difícil. Mas como afirmei no início dificuldade não é impossibilidade e a verificar-se este resultado este será o maior contributo que o povo do distrito de Beja poderá dar para que finalmente isto possa mudar para melhor.

Para isso iremos trabalhar, com confiança. Para isso contamos com o empenho, a dedicação, a intervenção de todas e de todos os que aspiram não só à derrota do PSD e do CDS-PP mas que aspiram sobretudo a mudar de política. Que aspiram a uma política democrática, solidária e justa, uma política de esquerda que retome os caminhos de Abril.

Por uma vida melhor. Pelo progresso e desenvolvimento do nosso distrito e do nosso Alentejo,

Viva a Coligação Democrática Unitária
Viva a CDU