Intervenção da deputada
Ilda Figueiredo no PE
Conclusões da Cimeira de Lisboa
11 de Abril de 2000
Os resultados da Cimeira de Lisboa demonstram que não passou de uma
grande mistificação tudo o que previamente foi apresentado pela
Presidência Portuguesa como prioridade ao emprego e combate à
exclusão social. Bem podem os seus apoiantes usar fitas cor de rosa
no pacote das conclusões, seja falando da chamada "modernização
do modelo social europeu", seja da necessidade de tornar a União
Europeia o espaço mais competitivo do mundo, que não conseguem
esconder os seus objectivos de:
. conseguir um mercado de trabalho sem os condicionamentos impostos pela legislação
protectora dos direitos dos trabalhadores;
. colocar a segurança social à inteira disposição
dos mercados financeiros;
. acelerar o processo da liberalização em sectores fundamentais
como o gás, a electricidade, os serviços postais, os transportes
e as telecomunicações.
Assim, em vez de mais emprego de qualidade e com direitos, de redução
do horário de trabalho com manutenção dos salários
e sem flexibilização, o que a Cimeira decidiu vai, na prática,
contribuir para pior emprego, mais precário, com menos direitos e sem
uma protecção social eficaz.
Em vez de serviços públicos de qualidade que dêem resposta
às carências dos utentes, protejam os sectores mais vulneráveis
da população e criem empregos de qualidade, o que o Conselho
decidiu foi acelerar as privatizações para satisfazer interesses
de grupos económicos e aumentar os seus lucros com consequências
negativas no emprego, na degradação das condições
de trabalho, no ambiente e ordenamento do território.
De positivo, registe-se a importante manifestação de dezenas
de milhares de trabalhadores que, desfilando frente à Cimeira de Lisboa,
denunciaram a crescente precariedade no emprego, o desemprego e a exclusão
social e exigiram mais emprego de qualidade, melhores salários, mais
direitos sociais e mudanças de rumo nas orientações das
políticas europeias de forma a que haja coesão económica
e social.