Intervenção do deputado
Joaquim Miranda no PE

Debate sobre o "Sistema de recursos próprios"
(relatório Haug)

16 de Novembro de 1999



Sr. Presidente,

Entendemos necessária uma reforma do sistema de recursos próprios numa perspectiva de reforço dos princípios da transparência, da equidade, da solidariedade e da coesão, com a respectiva extensão ao domínio das receitas comunitárias.

E, neste perspectiva, rejeitamos liminarmente concepções de "justo retorno" assim como a falsa questão das contribuições líquidas financeiras.

Entendemos que uma tal reforma deverá apontar para contribuições nacionais correspondentes ao respectivo desenvolvimento económico. Pelo que o PNB não deverá deixar de constituir - antes deverá reforçar-se - como indicador essencial para tais contribuições.

Acompanhamos, neste domínio, a proposta da Comissão. Mas já não podemos deixar de nos distanciar de outras propostas que a mesma formula, já que com elas não só seriam introduzidas mais distorções como seria posta em causa a necessária equidade orçamental.

É esta a razão porque apoiamos algumas críticas formuladas pela colega Haug, nomeadamente quanto às alterações aos limites dos recursos próprios. E quanto à retenção de 25% dos recursos próprios tradicionais, é indispensável uma explicitação das suas incidências objectivas, com devida quantificação dos efeitos previstos.

Mas já não acompanhamos a proposta da relatora de criação de impostos, em substituição dos recursos próprios existentes, com a exclusiva intenção de assegurar uma autonomia financeira da União Europeia. Pela nossa parte não vamos por aí. Preferimos o caminho que antes referimos.

Sublinhamos entretanto que, particularmente relevante neste momento, é a manifesta insuficiência de recursos. Situação que decorre tão só de uma patente falta de vontade política e não de uma qualquer reforma do sistema de recursos próprios.