A vitória do NÃO no referendo sobre o euro na Dinamarca, ontem
realizado, assume um particular significado na actual situação
da União Europeia.
Em primeiro lugar, pela reafirmação da vontade de uma maioria
de dinamarqueses em defender a sua moeda, a coroa, a sua soberania sobre a
política monetária, apesar da posição favorável
ao SIM dos maiores partidos - excepção para o Partido Popular
Socialista que integra o Grupo Unitário de Esquerda / Esquerda Verde
Nórdica, no Parlamento Europeu - das organizações patronais
e sindicais, e mesmo das pressões e ingerências de instituições
e responsáveis da União Europeia.
Em segundo lugar, porque significa uma clara rejeição do actual
rumo da União Europeia, desenvolvido à margem da opinião
e participação democráticas dos cidadãos dos países
da União Europeia.
O resultado do referendo, se explica as razões porque outros governos
se recusam a fazer a consulta popular sobre o assunto, é um sério
alerta para o prosseguimento de um processo de integração federal,
de acentuação de uma Europa bloco político-militar, incapaz
de responder aos anseios de paz e progresso dos trabalhadores e populações
dos países da União Europeia.
O resultado do referendo deve ter consequências nas conclusões
da Conferência Intergovernamental, a realizar em Nice em Dezembro, onde
alguns procuram concretizar graves alterações institucionais
que põem em causa a capacidade de intervenção e decisão
nos órgãos comunitários dos pequenos países, como
Portugal. Deve obrigar o Conselho da União Europeia a reflectir sobre
as políticas seguidas e dar outra atenção aos problemas
sociais europeus, pobreza e exclusão social, desemprego e precariedade
do trabalho.
O resultado do referendo dinamarquês dá também um importante contributo para a exigência de um outro rumo para a União Europeia, como o PCP há muito defende.