1. O Governo acaba de consumar a extinção
da Junta Autónoma das Estradas (JAE), num processo prepotente e pouco transparente
que prejudica os interesses nacionais, acentua os perigos e os riscos de confusão
e subordinação da gestão da área estratégica das vias de comunicação rodoviária
aos interesses dos grandes grupos económicos e põe em causa os direitos dos
mais de 2300 trabalhadores que trabalham neste sector da Administração Pública.
2. A gestão da JAE ao longo dos anos,
da responsabilidade do PSD e do PS foi caracterizada, como sobejamente se comprovou
nos últimos tempos, por graves suspeitas de corrupção, gastos de muitos milhões
de contos de obras mal programadas e de adjudicações muitas vezes feita contra
o interesse público.
A situação da JAE exigia e exige um completo apuramento de responsabilidades
e uma gestão transparente e eficaz para o desenvolvimento da rede rodoviária
nacional. Em vez disso o Governo PS, resolveu extinguir a JAE e criar em
sua substituição três institutos públicos --- o Instituto das Estradas de Portugal
(IEP), o Instituto para a Construção Rodoviária (ICOR) e o Instituto para a
Conservação e Exploração da Rede Rodoviária (ICERR)— num modelo que tende
a acentuar a linha de privatização de funções do Estado com sérios prejuízos
para o interesse público e potencia os factores de corrupção e subordinação
do interesse nacional aos interesses do negócio dos grandes grupos económicos.
3. O Governo ameaça os direitos dos
trabalhadores da JAE, visa empurrá-los para as reforma antecipada ou para o
estabelecimento de contratos individuais de trabalho que poriam em causa o vínculo
à função pública.
È inaceitável que os trabalhadores que desejem manter o vínculo à função pública
não tenham direito de acesso para trabalhar no IEP e no ICOR ( uma vez que está
dependente da aceitação dos respectivos conselhos de administração). É escandaloso
que no caso do ICERR, o único em que os trabalhadores têm formalmente acesso
livre, no âmbito de um quadro de disponíveis (apelidado de quadro especial transitório),
a decisão de instalar a sua sede em Coimbra quando os trabalhadores têm a sua
vida organizada com base do local de trabalho actual, em Almada, seja usada
na prática para vedar a muitos a manutenção do actual vínculo laboral.
È reprovável que, de um dia para o outro, trabalhadores que exerciam funções
e responsabilidades com competência, empenho e honestidade, as vejam postas
em causa e dependentes da discricionaridade dos novos Conselhos de Administração
nomeados pelo Governo.
O PCP chama ainda à atenção, considerando práticas anteriores, para o facto
de a instalação de raiz destes novos institutos, abrir caminho a um processo
infindável de favorecimentos e nomeações discriminatórias.
4. Considerando a necessidade de defender
o interesse nacional, de uma gestão eficaz e transparente que contribua para
o desenvolvimento da rede rodoviária nacional e a salvaguarda dos interesses
e direitos dos trabalhadores da JAE, o PCP vai chamar à apreciação parlamentar
esta decisão do Governo, apelando aos trabalhadores e ás suas organizações para
que prossigam o seu protesto e a sua luta no sentido de impedir que tal decisão
seja de facto consumada.