Relatório Bushill-Matthews sobre a Responsabilidade Social das Empresas
Declaração de Voto de Ilda Figueiredo
14 de Maio de 2003

 

Este é o relatório de uma enorme operação de maquilhagem e marketing do patronato, a nível europeu, seja pelas intenções voluntárias de todo o processo, seja pelas orientações económicas e sociais da UE, que visam promover a desregulamentação da economia, nomeadamente no mercado de trabalho, com flexibilidade salarial e precarização do emprego.

Utilizando o caso português, podíamos falar mesmo em irresponsabilidade social das empresas, com as multinacionais a fecharem e a deslocalizarem-se para países com salários mais baixos e normas sociais e ambientais mais flexíveis ao lucro, enviando para o desemprego milhares de trabalhadores, pondo em causa o desenvolvimento de regiões mais desfavorecidas, quebrando contratos com autarquias e Estados que lhes garantiam importantes ajudas públicas e benefícios fiscais.

A realidade demonstra que, em muitas destas empresas que se querem promover internacionalmente, não há qualquer responsabilidade social. Há, sim, o aproveitamento da precarização do trabalho, contratos a prazo, salários em atraso e condições de trabalho precárias, com uma forte intensidade de acidentes de trabalho mortais. Há, sim, utilização abusiva e ilegal do "lay-off", imposição forçada de horários flexíveis, trabalho infantil, desresponsabilidade da poluição. Um clima de impunidade e não cumprimento da legislação em vigor, a que urge pôr cobro.