Os dados já conhecidos quanto
à adesão à greve geral, abrangendo praticamente
todos os sectores, público e privado, com níveis de
adesão elevadíssimos, em muitos casos a 100%, permitem
afirmar que a greve geral é um sucesso que constitui uma
resposta notável dos trabalhadores que, em unidade na acção,
condenaram inequivocamente o pacote laboral e a política
do Governo PSD-CDS/PP e exigem políticas sociais mais justas.
A dimensão e o impacto da greve geral tem tanto mais significado
se se considerar as manobras de intimidação do Governo
e do grande patronato: violando o direito à greve ao tentarem
nas vésperas, por despacho, fixar ilegalmente os serviços
mínimos no sector dos transportes; usando as forças
da GNR e da PSP contra grevistas; procedendo à substituição
de grevistas, a pressões e ameaças em muitas empresas,
particularmente sobre trabalhadores com vínculos precários
ou não sindicalizados.
O PCP saúda todos os trabalhadores e trabalhadoras em greve,
todos aqueles e aquelas que participam neste grande movimento cívico
e de cidadania, pela defesa de direitos e por um Portugal de progresso.
Saúda a CGTP-IN, as Uniões de Sindicatos, Federações
Sindicais, Sindicatos e Comissões de Trabalhadores, o generoso
e combativo empenhamento de milhares de activistas sindicais e em
particular as centenas de milhar de trabalhadores que decidiram,
organizaram e participaram na greve geral. Nesta saudação
o PCP envolve igualmente outros sectores sociais, organizações
e associações que assumiram posições
solidárias com esta luta. Queremos também envolver
nesta saudação todos aqueles trabalhadores que, apoiando
a greve geral e os seus objectivos, não tiveram condições
para nela se incorporarem designadamente pelos fortes constrangimentos
causados pelo carácter precário dos seus vínculos
e pelo receio de retaliações patronais. O PCP saúda
ainda todos aqueles e aquelas que com grande compreensão
pelo incómodo que uma greve geral sempre provoca e cuja responsabilidade
pertence ao Governo, se identificaram com os seus objectivos.
O PCP, que no plano da iniciativa política e institucional,
do esclarecimento aos trabalhadores e do empenhamento dos seus militantes,
desde a primeira hora tem dado combate à mais violenta ofensiva
política, social e legislativa desencadeada pelo Governo,
traduzida na Lei de Bases da Segurança Social, no ataque
ao Serviço Nacional de Saúde, na Lei dos Supranumerários
e da alteração do Estatuto das Aposentações
dos Trabalhadores da Administração Pública
e no denominado Código do Trabalho, quer manifestar a sua
solidariedade e admiração a todas as trabalhadoras
e trabalhadores que hoje em greve deram uma magnífica lição
de dignidade, unidade, determinação e luta em legítima
defesa dos seus direitos.
O PCP considera que pela doutrina, pelos conteúdos e objectivos
nucleares desta proposta não há remendo nem retoque
que a possa transformar em base ou ponto de partida negocial.
Sendo o pacote laboral a questão central desta poderosa
manifestação de protesto e luta, para o seu êxito
também convergiu o profundo descontentamento que hoje perpassa
por diversos sectores de trabalhadores e outras camadas sociais
duramente atingidos pela política de direita do Governo PSD-CDS/PP.
O Governo traiu as justas expectativas de milhares de reformados
com pensões mínimas que nele confiaram, incluindo
pelo seu voto, nas abundantes promessas de Paulo Portas e da direita
e anunciou um mísero aumento do salário mínimo
nacional. Mantêm-se em aberto as questões cruciais
que afectam os trabalhadores da Administração Pública.
Em nome do défice das contas públicas aumentam os
impostos e os preços de bens e serviços essenciais
com duros reflexos no poder de compra dos trabalhadores e das famílias
com menores recursos, em contraste com os interesses das actividades
especulativas e financeiras, que continuam intocáveis e privilegiadas.
Constituindo uma clara condenação da política
retrógrada do Governo, a greve geral, pelo sua relevância,
deixa a mensagem que nenhum progresso nacional é possível
na base de uma guerra declarada aos trabalhadores e aos seus direitos
e coloca a redobrada exigência de um outro rumo político
e, consequentemente, a responsabilidade das forças políticas
democráticas de extraírem as ilações
desta condenação e das mais fundas aspirações
dos trabalhadores.
Com a consciência de que o Governo quer continuar a persistir
nos seus objectivos, comprometido que está com os grandes
interesses do grande capital nacional e internacional, mas também
com o entendimento que o Governo, por mais autista que queira ser,
não vai ficar imune a esta significativa manifestação
de vontade, de esperança e de determinação
por esta grande causa social que é o direito do trabalho
e o futuro do país, o PCP sublinha que é o prosseguimento
da luta que determinará o resultado final e o destino deste
pacote laboral e das políticas injustas que lhe estão
associadas. As trabalhadoras e os trabalhadores podem, como sempre,
contar com o PCP.
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