Declarações de Carlos Carvalhas
à saída do encontro com o Primeiro-Ministro
26 de Julho de 2001
- As linhas apontadas para o próximo Orçamento a serem concretizadas
farão deste um muito mau Orçamento.
- Reafirmámos ao Sr. Primeiro-Ministro que Portugal não pode
ficar refém do "Pacto de Estabilidade" e sustentámos
que é impossível o cumprimento da limitação do
aumento de despesa
corrente primária a 4%.
Na verdade este Orçamento é determinado pelo limite do défice,
imposição que advém do Pacto de Estabilidade, saudado
pelo PSD e pelo PS e também apoiado pelo PP.
É determinado ainda pelo tecto de 4% para o aumento da despesa corrente
primária o que significa que mesmo com todas as engenharias contabilísticas
o governo se prepara para diminuir em termos reais os vencimentos dos trabalhadores
da Administração Pública, e também para não
cumprir a lei das finanças locais e regionais.
- Os trabalhadores da Administração Pública e os trabalhadores
em geral, as autarquias e os pequenos e médios empresários não
podem pagar a factura de uma política errada e desastrada.
- Ao insistir nas privatizações, no corte nas despesas sociais,
na diminuição dos salários reais, no não cumprimento
de promessas e numa política que fragiliza o aparelho produtivo nacional,
o PS não só cava a sua própria sepultura, como vai dando
espaço e credibilidade à direita.
- O Orçamento de Estado, que devia ser um instrumento de estabilização
da conjuntura equilibrando as flutuações cíclicas e impulsionando
o desenvolvimento, não o é. Antes pelo contrário, é
um instrumento contraccionista que vai agravar a situação económica
e social. Poderá mesmo vir a ser o pior Orçamento destes últimos
seis anos, designadamente para os trabalhadores da Administração
Pública.
- Acresce a tudo isto o facto de o Orçamento de Estado não
ser um parêntesis na vida política do Governo, de um governo
que se prepara para rever a reforma fiscal, para alterar leis laborais no
sentido negativo, que diz uma coisa hoje e outra amanhã, que continua
com os escândalos das privatizações e com uma política
inaceitável de concentração de riqueza.
- Quem pratica e quem apoia esta política, presta um magnífico
serviço à direita e aos grandes senhores do dinheiro.
- O PCP assumindo as suas responsabilidades e a sua postura de oposição
de esquerda, apresentando propostas e soluções e contribuindo
na Assembleia da República para a aprovação de todas
as propostas positivas, combaterá com determinação a
política de privatizações, a política que procure
passar os custos de uma errada política orçamental para os trabalhadores,
para os reformados e para os pequenos e médios empresários,
isto é, combaterá a direita e a política de direita e
não será a bengala desta política.