Esclarecimento do Gabinete de Imprensa do PCP
5 de Junho de 2003
Relativamente à notícia inserta na edição de 5/6 do «DN» sob o título “PCP «acabou» com o consenso do Fórum» e cuja publicação não foi antecedida de qualquer tentativa de conhecer a versão do PCP, importa esclarecer:
1. A «ordenação» da manifestação proposta por algumas organizações ou estruturas, sendo de facto exemplarmente burocrática e dirigista, longe de se ficar a dever, como se afirma na notícia do «DN», a «razões meramente burocráticas» visava claramente consagrar na iniciativa final do Fórum a tese que sempre foi derrotada anteriormente de que os partidos deveriam ter no Fórum um estatuto diferenciado e de segundo plano em relação a outras entidades promotoras.
2. O PCP participou, interessada e lealmente, desde a primeira hora na preparação do Fórum Social Português, jamais reclamou qualquer estatuto superior ao de outras entidades ou organizações mas também não aceitou nem aceita estatutos de menoridade impostos por quem, declarando-se à esquerda, despeja sobre os partidos um conjunto de desconfianças, hostilidades e suspeições cujo fundo ideológico se compreenderia melhor em quadrantes de direita.
3. A referida proposta de «ordenação» da manifestação (que também foi rejeitada por importantes organizações sociais) não era apenas ofensiva para os partidos. Antes pretendia dar a frente da manifestação a algumas associações ou movimentos, cuja contribuição não se desvaloriza mas que estão longe de ser das mais representativas, activas e influentes no plano social nacional, ao mesmo tempo que colocava atrás delas organizações sociais fundamentais como, por exemplo, o movimento sindical unitário.
4. Por fim, acresce que os autores de uma tão regulamentadora proposta, ensopados em obsessões instrumentalizadoras que sempre atribuem a outros, parecem não se dar conta de que, sem prejuízo das representações de organizações ou movimentos, todas as manifestações são sempre manifestações de cidadãos a quem, como acontece com os militantes e apoiantes do PCP e até pelo seu número, não é possível nem legítimo exigir que desfilem exclusivamente num preciso e pré-determinado lugar.