Debate mensal do Primeiro-Ministro com a Assembleia da República
Intervenção de Carlos Carvalhas
25 de Março de 2004
Senhor Primeiro-ministro
Nós estamos de acordo que é necessário combater o terrorismo sem equívocos. Todas as formas de terrorismo, tanto o da Alquaeda como o terrorismo de Estado. Terrorismo de Estado, quando um governo faz guerras preventivas, quando um governo premeditadamente decide que as suas Forças Armadas e serviços secretos assassinem tal ou tal dirigente ou bombardeiem campos de refugiados e populações e que depois chamam eufemisticamente danos colaterais, matando milhares de civis, homens, mulheres e crianças inocentes e impulsionando novas espirais de violência.
É por isso que combater o terrorismo é também condenar sem equívocos a política criminosa praticado por Sharon. E o Governo português já o devia ter feito há muito. Não pode ser dois pesos e duas medidas.
Combater o terrorismo é também combater os factores que o alimentam: entre eles a frustração e a humilhação dos povos, o seu desespero, a sua dominação, a miséria, a complacência para com os off shores, as lavagens de dinheiro e os negócios sórdidos das armas, a substituição do direito internacional pelo direito do Governo americano bombardiar um País numa guerra ilegal e ilegítima na base da mentira das armas de destruição maciça que até hoje nem o Senhor Primeiro Ministro, nem o Senhor Blair, nem o senhor Bush, nem o Senhor Aznar, Primeiro Ministro de triste memória nos disseram onde estão. E como o Senhor Primeiro-Ministro esteve ontem com Tony Blair não aproveitou para lhe dizer que ele e Bush o tinham enganado ou teve receio que ele lhe dissesse, que o senhor é que deliberadamente é que se deixou enganar pois todos sabiam que as armas de destruição maciça era apenas um pretexto para deitarem as mãos às riquezas petrolíferas do Iraque.
No plano interno é necessário ter forças de segurança motivadas o que passa também por honrar os compromissos eleitorais de Paulo Portas e olhar para outro terrorismo, o terrorismo social, aquele que hoje trouxesse para este debate.
O terrorismo da Bombardier – Sorefame e as centenas de famílias que ficam sem emprego, com o governo a acordar tarde e a más horas, o terrorismo das políticas neo liberais, das baixas reformas, dos baixos salários que alimentam a pobreza.
O terrorismo de políticas que condenam no século XXI em Portugal um milhão de cidadãos à extrema pobreza e à fome 200 mil cidadãos. 200 mil cidadãos passam fome em Portugal sem um sobressalto do Governo que se reclama de modernidade, dos telemóveis, do Euro, dos estádios, das auto estradas que anuncia TVG’s.
O terrorismo social que se expressa nas políticas que
conduzem à polarização de riqueza e da pobreza.