"Inevitável? Não"
Ruben de Carvalho no "Diário de Notícias"
16 de Março de 2003

 

Os até agora incondicionais defensores da política norte-americana para o Iraque descobriram, por um lado, ser minoritários e, por outro, que têm sido maltratados na escrita pelos que a ela se opõem! José Manuel Fernandes ou Henrique Monteiro, p. e., esquecem-se que alinharam (e assim escreveram) com a argumentação de Washington de que quem não estava com Bush estava com Saddam, quem não estava com a guerra estava com o terrorismo. Foi Bush quem disse que quem não estava com os EUA estava contra eles - e os defensores da guerra subscreveram-no. De que se queixam agora? Talvez pela razão que José António Saraiva apresenta: «A guerra não começa com o primeiro ataque a Bagdad; a guerra começou com o envio do primeiro contingente para a zona.» Saraiva só agora deu por isso. Os defensores dos Rumsfeld e das Condoleezza também. Quando outros o disseram, fizeram a apologia da «pressão militar» e falaram depreciativamente dos «pacifistas». Agora que os povos se manifestam e a ameaça se aproxima, inflectem duplamente: não defenderam o que defenderam e o que defenderam é afinal inevitável. Que fique claro: eles escreveram pela guerra - e escreveram-no. Os que defendem a paz e o direito - continuam a fazê-lo. E jamais cruzarão os braços ou considerarão seja o que for inevitável.