Resposta à pergunta
escrita prioritária
do deputado Joaquim Miranda no PE
Situação de catástrofe em Moçambique
24 de Março de 2000
A Comissão está muito preocupada com a situação
de emergência em Moçambique. As chuvas torrenciais contínuas
que assolaram toda a região de África Austral, agravadas pelo
ciclone Eline, provocaram a deslocação de um grande número
de pessoas, bem como sérios danos nas habitações e infra-estruturas.
Muitas pessoas perderam a vida, desapareceram ou ficaram feridas.
O governo de Moçambique apelou a uma ajuda humanitária dos países
terceiros. A comunidade internacional prestou uma assistência significativa
na fase de busca e salvamento (já concluída), contribuindo igualmente
para a ajuda de emergência ainda em curso. As contribuições
oficiais e os compromissos assumidos até à data estão
estimados em 100 milhões de euros, mais de 60% dos quais provenientes
da Comunidade (Comissão e Estados-membros).
Em 2 e 3 de Março, o Membro da Comissão responsável pelo
desenvolvimento e ajuda humanitária visitou Moçambique juntamente
com o Secretário de Estado português responsável pela
cooperação, a fim de proceder a uma avaliação
da situação.
Perante as inundações provocadas pelas grandes chuvas no início
de Fevereiro, a Comissão aprovou 1 milhão de euros para financiamento
da ajuda de emergência, que deverão ser canalizados pelo Serviço
de Ajuda Humanitária (ECHO) através da Cruz Vermelha e de outras
organizações não-governamentais (ONG), sendo 750 mil
euros destinados a Moçambique e 250 mil euros ao Botsuana. Estas organizações
fizeram face às necessidades mais urgentes, cuidados de saúde
e abrigos de emergência, bem como água e instalações
sanitárias. Além disso, foram disponibilizados ao delegado da
Comissão e ao Governo de Moçambique 1,4 milhões e euros
a partir da rubrica orçamental relativa à segurança alimentar
para melhorar a segurança alimentar das vítimas.
Na sequência dos danos causados pelo ciclone Eline, a Comissão
aprovou uma segunda decisão, correspondente a um montante de 2 milhões
de euros, essencialmente destinados aos socorros de emergência a prestar
nas zonas das bacias dos rios Limpopo e Save (Províncias de Gaza, Inhambane
e Sofala), onde a destruição e o número de pessoas deslocadas
foram mais importantes. Uma terceira decisão de financiamento do ECHO,
mais significativa, preparada em estreita colaboração com os
parceiros em Maputo, foi aprovada em 14 de Março de 2000 por uma Task
Force inter-serviços (ECHO, DG Dev, SCR), constituída com o
objectivo de assegurar a coerência entre a intervenção
da Comissão a curto e a médio/longo prazos. A estratégia
de intervenção desta terceira decisão centrar-se-à
na promoção da reinstalação através de
segurança alimentar de emergência (a estação da
sementeira começa dentro de poucas semanas), fornecimento de água
e instalações sanitárias, cuidados de saúde (incluindo
a reabilitação em pequena escala dos centros de saúde)
e a capacidade de fazer face a um eventual risco de cólera.
Um perito ECHO com grande experiência a nível regional concluiu
recentemente uma missão de 10 dias a Moçambique a fim de avaliar
as necessidades. Foi recrutado um assistente técnico permanente no
Serviço ECHO que será enviado para o local na próxima
semana, onde procederá ao acompanhamento das acções financiadas
pelo ECHO e assegurará a ligação com a estrutura de coordenação
central criada pelo governo de Moçambique com o apoio das Nações
Unidas.
A Comissão está igualmente a preparar uma acção
da Comunidade a médio prazo que associa o co-financiamento de ONG com
as acções do Fundo Europeu de Desenvolvimento (FED) tendo em
vista ajudar Moçambique a recuperar da crise e a restabelecer rapidamente
o ritmo de crescimento para o qual tinha envidado tão árduos
esforços. O Membro da Comissão anunciou uma verba adicional
de 21 milhões de euros durante a visita que efectuou a Moçambique.
Prevê-se que esta contribuição estabeleça a ligação
entre a actual fase de emergência e a fase de reconstrução
que deverá durar três a quatro anos.