Votode congratulação pela realização das primeiras eleições livres no Afeganistão
Intervenção de António Filipe
 14 de Outubro de 2004

 

 

Sr. Presidente, Srs. Deputados: Quanto ao voto relativo à realização

de eleições no Afeganistão, não nos vamos opor, mas queremos marcar algumas distâncias relativamente

à forma como o mesmo foi apresentado.

Passo a explicitar.

Congratulamo-nos quando as eleições são livres e democráticas, em qualquer sítio do mundo onde

elas se realizem.

Também nos congratulamos com o facto de não existir no Afeganistão o odioso regime talibã. Sempre

considerámos o regime talibã odioso e execrável e sempre o dissemos, mesmo quando os talibãs eram

fortemente apoiados pelos Estados Unidos da América, e, nessa altura, não ouvíamos tantas críticas por

parte das bancadas da direita.

Vozes do PCP : — Bem lembrado!

O Orador : — Mas, relativamente a estas eleições, convinha não «embandeirarmos em arco», para

usar uma expressão do Sr. Deputado Almeida Henriques, por razões óbvias: desde logo, porque a democracia

não se implanta à bomba, como aconteceu com esta democracia, entre aspas, e ainda estamos para

ver qual irá ser a evolução do Afeganistão; porque estamos perante um «narco-Estado», o que é reconhecido

em todo o lado, e, tratando-se de um «narco-Estado», temos sempre muitas reservas quanto à liberdade

e à democracia que possam existir nesse Estado; e, depois, porque é reconhecida a contestação surgida,

quer no próprio Afeganistão, quer por parte de observadores internacionais, relativamente à democraticidade

e à liberdade existente, quanto à regularidade do processo eleitoral no Afeganistão.

Portanto, é importante apurar isto e que as comissões independentes a criar funcionem mesmo e só

depois, se fosse caso disso, congratularmo-nos quanto a este resultado.

Até lá, obviamente, não o podemos fazer.

Aplausos do PCP.