Intervenção do Deputado
Lino de Carvalho

Voto de Saudação sobre a marcha do EZLN (Zapatistas)

22 de Março de 2001


A defesa e a promoção dos direitos das Nações e dos povos indígenas está, porventura cada vez mais, na ordem do dia. A tendência dominante tem sido a de menorizar, desrespeitar e mesmo eliminar os direitos dos povos em nome de uma globalização que a tudo sobrepõe os superpoderes e os interesses de um transnacionalismo económico dominador dos territórios e dos seus recursos.

No México como no Brasil, em África como no Sudeste Asiático, os recursos naturais, a cultura, o património e a dignidade dos povos, são apropriados pelo poder global das transnacionais associadas à sua expressão nacional que promovem a liquidação de eco-sistemas, não respeitam os direitos de propriedade intelectual, que promovem a desertificação e o extermínio de nações indígenas, que confinam primeiro e liquidam depois a sua cultura. A sua defesa é, sem dúvida uma causa do progresso social e da esquerda, neste dealbar do Século XXI.

O movimento que, no México, é representado pelo Exército Zapatista de Libertação Nacional e o eco mundial da sua marcha que, partindo de Chiapas, atravessou o México até à capital é a expressão de uma luta mais geral em torno da defesa e do respeito pelos direitos dos povos indígenas, que convoca a nossa atenção e a nossa solidariedade.

O próprio presidente mexicano foi obrigado a reconhecer que "a marcha representava uma esperança para o México". E, para parafrasear um conhecido antropólogo (André Aubry) o que o EZLN reclama é, pura e simplesmente, que os Índios mexicanos - cuja taxa de mortalidade é, por exemplo, 40% superior à dos restantes habitantes - façam parte da Nação mexicana.

Solidarizarmo-nos com uma justa causa de defesa dos direitos e da cultura dos povos indígenas, exortando todos os intervenientes à via de um diálogo que conduza à paz e à aprovação de uma legislação que consagre e defenda a cultura e os direitos dos índios é o sentido do voto que o PCP apresenta.