Abertura da Festa do Avante!2005
Intervenção de Jerónimo de Sousa, Secretário-geral do PCP
Atalaia, Amora, Seixal, 02 de Setembro de 2005

 

Camaradas,
Estimados convidados e participantes:

Bem vindos à XXIX Festa do Avante!

Permitam-me que a nossa primeira, mais calorosa e justa saudação seja dirigida aos cerca de 6500 construtores da Festa que aqui no terreno fizeram mais de 45 mil horas de trabalho militante sem esquecer tantos outros camaradas que deram o seu melhor e muitas horas de trabalho e criação nos aspectos de concepção e planificação desta obra ímpar no plano político, cultural, artístico e popular.

São muitas as vezes em que delegações de partidos amigos que visitam a nossa Festa nos perguntam como fazemos, como é possível uma realização com esta dimensão e diversidade, esta disponibilidade e empenhamento desinteressados de tantos jovens homens e mulheres, este misto de orgulho e gratidão que devemos uns aos outros como algo de muito nosso mas oferecido a todos os que connosco querem partilhar a Festa do Avante! E não é fácil explicar a quem não nos conhece que esta obra fascinante só é possível pelo Partido que temos e pelo Partido que somos, que não sendo obra perfeita ele reflecte a forma como os comunistas se posicionam na vida e na política, expressam as suas responsabilidades, convicções e compromissos perante os trabalhadores, o povo e o país, a sua compreensão e abertura aos problemas e desafios que hoje atravessam a sociedade.

E esta Festa, construída a pulso, com criatividade, com arte, tem tanto mais valor e significado quando avaliamos o intenso trabalho e as exigentes tarefas em que o nosso colectivo partidário esteve e está envolvido. Desde logo na preparação e realização do nosso XVII Congresso que, contrariando análises e profecias desgraçadas, constituiu uma grande e exaltante afirmação deste Partido comunista, do seu projecto transformador e revolucionário, da sua luta, causas e valores, da sua ligação inquebrantável aos trabalhadores e ao povo português; iniciando imediatamente a batalha das legislativas cujos resultados nos animaram a prosseguir e a concretizar com mais força as orientações no sentido do reforço da intervenção e organização do Partido; preparando quase em simultâneo a batalha das eleições autárquicas e a nossa intervenção nas eleições presidenciais.

Ao contrário do que fariam supor os resultados das legislativas, em particular a pesada derrota da direita, tivemos de travar a luta política e social contra as medidas e as políticas do Governo do PS que, deitando borda fora todo o capital de esperança que o povo português manifestou e expressou nas eleições gerais de Fevereiro, não só não resolveu como agravou os problemas económicos e sociais do povo e do país, optando sem rasgo nem coragem por repetir e seguir os erros e o rumo dos governos anteriores.

Fomos confrontados com a perda dolorosa do nosso querido camarada Álvaro Cunhal, um destacado construtor desta Festa e do seu Partido de sempre — o Partido Comunista Português, perda dolorosa pela sua morte física, ficando no entanto nos nossos corações, na nossa memória colectiva, a enorme e tocante homenagem prestada pelo povo português e acima de tudo a sua obra, o seu exemplo heróico e corajoso que nos anima ao libertar o grito e concretizar o lema tantas vezes aqui por ele pronunciado na nossa Festa: A luta, tal como a vida, continua!

Sim camaradas, com tantas e diversificadas e exigentes tarefas, ainda tivemos forças para construir a nossa Festa.

Permitam-me aqui uma observação: A direita e o PS, após a aprovação duma lei de ingerência na vida dos partidos, numa falsa e hipócrita postura de moralização dos financiamentos aos Partidos, aprovaram também uma lei onde, para além de distribuírem entre si a parte de leão das verbas que saem do Orçamento do Estado, incluíram normas que directa ou indirectamente visam condicionar as receitas da Festa do Avante!. Este acto, aparentemente mesquinho e invejoso e de quem é incapaz de fazer uma festa como esta, comporta acima de tudo uma opção política contra o nosso Partido. Se pensam que por aí nos quebram e nos limitam a nossa independência face ao capital e aos senhores do dinheiro, ou condicionam a nossa acção e intervenção política desiludam-se! Mas nós dizemo-lhes: Venham à Festa do Avante!, libertem-se de preconceitos, vejam, perguntem aos seus construtores e participantes, comunistas ou não comunistas, das razões e sentimentos que os levam a estar aqui. Decerto, se tivessem um rebate de consciência democrática, corrigiriam as malfeitorias dessa lei.

Duvidamos que o façam!

Mas então que saibam: Enquanto este Partido e esta Festa mantiverem a sua maior riqueza, traduzida sempre em cada ano na participação generosa e na militância dedicada de operários, intelectuais, mulheres, jovens e mais idosos, nesta forma de estar e construir que não tem preço nem se sujeita a nenhuma chantagem política disfarçada de operação contabilistica, que surpreende e crispa quem não tem convicções, causas e projecto de transformação social, não há nenhuma lei que possa subjugar ou impedir esta força, esta vontade, esta obra do nosso grande colectivo partidário.

Aqui chegados, que todos nós saibamos contribuir para que, de hoje a domingo, seja um tempo de fraternidade, convívio, alegria, debate e solidariedade, reganhando energias para os difíceis mas exaltantes combates que aí estão colocados na ordem do dia.

Viva a Festa do Avante! !
Viva a JCP !
Viva o PCP !