A Naifa A ilusão criada pela Naifa no início do seu primeiro álbum termina exactamente ao fim do minuto e quarenta e seis segundos da introdução. Começa então outra realidade – a bem dizer paralela – imagina por Luís Varatojo (Peste & Sida, Despe e Siga, Linha da Frente) e João Aguardela (Siiados, Megafone, Linha da Frente), criada com Maria Antónia Mendes e Vasco Vaz, que não é doutrinal nem revisionista, mas que usa códigos comuns para explorar outras formas de inspiração a partir da raiz que é a canção popular de Lisboa e as palavras de uma nova e activa geração de poetas. Como em anteriores trabalhos, Luís Varatojo e João Aguardela exploram em «Canções Subterrâneas» o território da poesia portuguesa, temperando-a com a estética musical urbana e contemporânea característica do seu labor. Os caminhos desta procura levam A Naifa ao encontro, por um lado, de uma nova geração de poetas, entre os quais se contam valores estimados e conhecidos como é o caso de Adília Lopes, José Luís Peixoto ou José Mário Silva e Tiago Gomes, mas também outros poetas que por ora despontam nas palavras de Rui Pires Cabral, José Miguel Silva, Rui Lage, Eduardo Pitta, Ana Paula Inácio, Carlos Luís Bessa e Nuno Moura e, por outro, a recorrer aos cânones do Fado e do experimentalismo electrónico como matéria prima de uma visão de cultura portuguesa que não se conforma com a colonização de modelos estrangeiros como forma de vida, e menos ainda com a cristalização a que muitos querem forçar as chamadas músicas tradicionais.
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