Os artistas da Festa do «Avante!» 2003
Conferência de Imprensa sobre a 27ª
Festa do «Avante!»
23 de Julho 2003
Ary dos Santos – Homenagem
(Programa a anunciar)
Banda Bassotti (Itália)
A Banda Bassotti nasce em 1981 num bairro da periferia de Roma, quando um grupo de amigos inicia a organização de iniciativas de solidariedade com os povos da Palestina, País Basco, Nicarágua. O apoio à Frente Sandinista de Libertação Nacional nicaraguense traduzir-se-ia na criação de brigadas de trabalho: entre 1984 e 1987, com a ajuda de companheiros da «Cooperativa XXV de Aprile» e de outros amigos, participam em brigadas de trabalho de três meses, construindo alojamentos para estudantes e, posteriormente, uma escola.
De 1987 a 1989, o grupo cria uma banda de rock que dá os seus primeiros passos em espectáculos de rua nas manifestações de massas.
A banda, juntamente com outros companheiros de Roma, lança o projecto «Gridalo Forte, No al fascismo! No al razzismo!», que ainda hoje se mantém, e que logo de início empreendeu a formação de um centro documental e de acção contra a discriminação racial e contra o fascismo.
Em 1990/91 apoiam activamente a preparação de um festival antiracista, no qual viriam a participar grupos provenientes de toda a Europa. O desenvolvimento deste núcleo de solidariedade acaba por dar origem, em 91, à editora «Gridalo Forte Records».
E é sob a nova etiqueta – que hoje acolhe já uma vintena de grupos independentes - que em 1992 é lançado o primeiro disco da Banda Bassotti, «Figli Della Stessa Rabia».
O disco é muito bem acolhido pelo público e pela crítica especializada, ganhando o grupo notoriedade a nível nacional.
Durante a gravação do posterior mini-cd «Bella Ciao» nasce a ideia de fazer um concerto em Salvador a favor do FMLN. A oportunidade de concretização da ideia surge em março de 1994 com as primeiras eleições gerais em Salvador depois de 11 anos de guerra civil. A Banda Bassotti, juntamente com o grupo de Negu Gorriak (País Basco), participa num concerto memorável no encerramento da campanha eleitoral, ao qual assistem 50.000 pessoas.
Em Junho de 1995 a banda inicia a gravação do disco «Avanzo de Cantiere» .Segue-se uma tournée por toda Itália e Espanha, terminando em Bilbao com a presença de cerca de 10.000 pessoas. Sempre na linha do seu empenhamento político activo, a Banda Bassotti participa, com mais 15 bandas, na manifestação Hitz Egin, a favor da liberdade de expressão, que terminará com um mega concerto com o objectivo de recolher fundos para o processo Negu Gorriak contra o General da Guarda Civil Galindo. É angariado um total de 200.000.000 de liras que servirão para garantir a sua defesa em tribunal.
Em meados de 1996 a banda decide separar-se devido a uma série de dificuldades. Mas o seu empenhamento na luta em prol da liberdade voltará a uni-los. Em Fevereiro de 2001 são convidados para tocar com Negu Gorriak, aquando do terminus do processo judicial Ustelkerria em que Negu Gorriak é considerado inocente. Mais de 30.000 pessoas assistem ao concerto.
Logo depois, a banda organiza dois concertos em Roma, a 15 e a 17 de Março de 2001. O lema é a manifestação contra a chegada a Roma do nazi Haider.
O concerto decorre no Centro Sociale «Villaggio Globale» e conta com uma assistência de 9.000 pessoas. Da sua gravação ao vivo surgirá o álbum « Un Altro Giorno d´amore».
No ano de 2002 a banda faz uma tournée por Itália e Espanha, finalizando em Setembro no «Independent Day Festival», juntamente com Manu Chao.
Em Outubro do mesmo ano a banda organiza um concerto na cidade de Roma em homenagem ao camarada Walter dall´Ommo e a toda a sua família e, em Março de 2002 é lançado o disco «L´Altra faccia dell´Impero» seguido de uma série de concertos por toda a Europa e Japão.
Neste ano de 2003, além do novo disco, «Asi es mi Vida», saído em Fevereiro, assinale-se o regresso ao Japão, numa tournée que decorreu em Maio.
Discografia:
«Figli Della Stessa Rabia», 1992;
«Avanzo de Cantiere», 1995;
«Un Altro Giorno d´amore», 2001;
«L´Altra faccia dell´Impero», 2002;
«Asi es mi Vida», 2003.
Site: http://www.bandabassotti.org
Brigada Victor Jara
Numa pausa do trabalho de abertura de uma estrada para os lados da Lousã, o acaso de uma «viola» e um coro de meia dúzia de vozes terá feito nascer a Brigada Víctor Jara. Brigada porque o era de facto, de trabalho e de cantigas. Víctor Jara pelo combate, acarinhado num camião do MFA a caminho de uma aldeia beirã.
No início o canto era «de intervenção», em versões de cantigas de José Afonso, Sérgio Godinho, Víctor Jara, Quilapayum. O primeiro contacto com a Música Tradicional (ou Regional?, ou Popular?) tiveram-no no GEFAC (Grupo de Etnografia e Folclore da Academia de Coimbra), num ou noutro dos discos-de-capa-de-sarapilheira editados pelo Michel Giacometti, num ou noutro encontro com músicos ou cantadores populares.
Escrevia a Brigada na capa de «Eito Fora» (1977) não ignorar que «o folclore que sai do seu lugar próprio, que são os cantos e as aldeias, e esquece o homem na relação diária com o trabalho campestre, corre o risco de não passar de um produto banal, uma mercadoria que faz as delícias dos turistas, avinhados ao ritmo dos ferrinhos e da concertina». Ao mesmo tempo esclarecia não ser o seu trabalho de natureza etnomusicológica e homenageava «Michel Giacometti e alguns mais (poucos) que realizaram e realizam com saber e persistência esse labor tão apaixonante como ingrato».
A Brigada Víctor Jara nunca pretendeu desempenhar o papel de «preservador» da memória musical do seu povo, nem iniciou o seu trabalho com o fito de atender a modas (de resto já ia longa a sua vida quando o mercado da «world music» inaugurou a primeira prateleira de CêDês). Antes se foi ocupando a recontar as melodias apreendidas, misturando-as com os sons das suas próprias vivências. Desigual, a sua discografia é o resultado de um longo processo em que diversos músicos, atravessando o grupo na sua trajectória, vão dizendo de sua justiça, com uma preocupação central (e essencial na arte popular) – a de contar um conto, acrescentando-lhe um ponto.
Integrado no seu espectáculo na Festa do Avante 2003 estará um momento especial dedicado à memória histórica dos 30 anos que passam sobre o golpe de Pinochet contra o governo democrático de Salvador Allende, no Chile.
Apresentam-se na Festa do Avante! com os seus convidados:
Metais de Tomás Pimentel
Gaiteiros de Melide (Galiza)
António Pinto – Guitarra
André Sousa Machado – Bateria
Discografia:
«Eito Fora» - 1977;
«Tamborileiro» – 1979;
«Quem sai aos seus» – 1981;
«Marcha dos Foliões» – 1982;
«Contraluz» – 1984;
«Monte Fermoso» – 1989;
«Danças e Folias» – 1995;
«Por sendas, Montes e Vales» (CD duplo comemorativo dos 25 anos
de carreira) – 2000.
Site: http://www.brigadavictorjara.pt
Cabeças no Ar
Os anos da adolescência - segundo se diz - são «os melhores anos da nossa vida». Talvez por isso Carlos Tê tenha regressado a esse período para contar a história dos Cabeças no Ar – um grupo de alunos de uma qualquer escola secundária de Portugal.
Cabeças no Ar não é, contudo, uma história do «Portugal dos pequeninos»: as emoções que Tê conta – e que todos nós, ou alguém que conhecemos, viveu na adolescência – são aquelas que nos marcam para toda a vida, que contribuem para a nossa formação enquanto indivíduos, que transportamos connosco para sempre. Terreno de eleição para um dos letristas mais aclamados da música portuguesa, graças a mais de vinte anos de trabalho conjunto com Rui Veloso e à sua adopção por nomes de outras gerações, como os Clã.
«Cabeças no Ar», a história que Carlos Tê quis contar de um grupo de alunos de um qualquer liceu português, é uma peça de teatro com canções. «Cabeças no Ar», o disco, são algumas das canções que ilustram essa peça; catorze, mais precisamente, escolhidas por serem aquelas que, retiradas da estrutura narrativa da peça, conseguiam sobreviver sozinhas, ganhavam vida própria.
«Cabeças no Ar», não é por isso um álbum conceptual. Apesar da origem comum, estas catorze canções com letras de Carlos Tê não formam necessariamente um todo narrativo, mas os instantâneos que desenham de momentos marcantes nas nossas vidas ganham outra dimensão, mais universal, fora da peça para que foram escritas. São canções, apenas; e são canções demasiado boas para se limitarem ao palco para que foram criadas.
Aliás, elas vêm com o «selo de qualidade» de dois dos melhores compositores portugueses.
João Gil, cujo currículo, dos Trovante à Ala dos Namorados, fala por si (e foi até celebrado no ano passado com um álbum e um concerto que evocativo do seu talento de compositor), assina a maior parte das melodias. Entre elas estão «A Seita Tem um Radar», escolhida como primeiro single do CD, e várias outras provas da versatilidade e eclectismo da sua inspiração, como os toques rurais de «O Nó da Gravata», a sofisticação elegante de «O Deserto da Sara» ou a experiência gospel de «Jesus no Secundário».
Rui Veloso compôs as outras quatro – e a beleza cristalina de «Primeiro Beijo» ou «Pequena Dor» apenas confirma que os tempos do «ar de rock» já vão muito lá para trás e que não faz sentido falar de gavetas com criadores como estes.
O que fazia mesmo sentido era cantar estes temas com os amigos. E se outro mérito não tivessem, estas catorze canções conseguiram o quase-milagre de reunirem à sua volta uma confraria de amigos que se julgava irrepetível. Quem, senão Jorge Palma, conseguiria dar a «Orlando de Vez em Quando» ou «O Nó da Gravata» o tom de resignada e dolorosa melancolia que as melodias evocam? Quem, a não ser Tim, conseguiria emprestar a energia e a inocência necessária à «Corrente do Jogo»?
As peças encaixaram todas no sítio, uma canção puxou outra. A Palma e Tim juntou-se a voz de Rui Veloso, com os três a cantar a solo ou trocando frases e versos, a duo ou em trio. E não resistiram sequer a chamar um outro amigo, Vitorino, para dar uma ajudinha a enfeitar o «Baile da Biblioteca».
O elenco de apoio também é invejável, reunindo Manuel Paulo Felgueiras (Ala dos Namorados), Alexandre Frazão (Resistência), João Nuno Represas, Ricardo Dias, André Rocha, Nelson Canoa e Luís Cunha, para além do piano de Palma, do baixo de Tim e das guitarras de Gil e Veloso.
O que saíu desta reunião de amigos só podia ser «Cabeças no Ar». Um título que é razoavelmente enganador; porque, lá por ser um disco de amigos, não é um disco feito com a cabeça no ar (muito pelo contrário). E porque só os amigos conseguem fazer justiça às canções dos amigos, aí está o disco para passarmos, também nós, a fazer parte da «seita».
Até porque – já o sabíamos – «no meio dos amigos aprende-se muito mais do que em todos os manuais».
Discografia
Cabeças no ar - 2002
Sites:
Rui Veloso – http://www.ruiveloso.net
Jorge Palma - http://jorgepalma.web.pt
Xutos & Pontapés – http://www.xutos.pt
Cantautores
A d’Orfeu mantém em cena desde 2001 este espectáculo único de título genérico «Os CantAutores», na sequência lógica dos três espectáculos temáticos do Ciclo, cujo formato final congrega e sintetiza conteúdos da totalidade da criação musical, homenageando conjuntamente José Afonso, Sérgio Godinho e Fausto.
O espectáculo cumpriu um roteiro de largas dezenas de concertos em Portugal, desde a sua estreia. No ano passado, em 2002, deu-se a edição do CD «Os CantAutores» que carrega, tal como o espectáculo, uma grande força documental sobre a diversidade das obras de José Afonso, Sérgio Godinho e Fausto.
Este é, pois, um concerto de homenagem às grandes figuras da música de intervenção em Portugal: os cantautores que, com as suas geniais obras, primeiro lutaram a cantar e, depois, marcaram musicalmente as primeiras três décadas de democracia em Portugal. Esta evocação criativa comprova uma música genial e madura, mas que reserva caminhos até aqui inexplorados de recriação, magnificamente comprovados no concerto ao vivo Os CantAutores, bem como no CD do espectáculo.
Os arranjos para este colectivo inédito da d’Orfeu, que conjuga instrumentos tradicionais portugueses (viola braguesa, cavaquinho, concertina) com a força dos sopros (fagote, clarinete e trombone) e com a base instrumental do jazz (piano, contrabaixo e bateria), ganham força em palco e concretizam uma linguagem musical universal portuguesa.
O concerto ao vivo tem, para além da componente documental sobre a obra dos cantautores, uma energia musical transbordante de criatividade e comunicação com o público.
Alinhamento-Base do Espectáculo:
- De Não Saber O Que Me Espera (José Afonso,
Fura Fura, 1979)
- Coça a Barriga (Fausto, O Despertar dos Alquimistas,
1985)
- Os Hinos (Sérgio Godinho, Tinta Permanente, 1993)
- Um Homem Novo Veio da Mata (JA, Enquanto Há Força,
1978)
- Europa Querida Europa (F, Para Além das Cordilheiras,
1987)
- Sul, Norte, Campo, Cidade (SG, De Pequenino se Torce o Destino,
1976)
- O Rei Vai Nu (SG, Canto da Boca, 1981)
- Enquanto Há Força (JA, Enquanto Há Força,
1978)
- Na Catedral de Lisboa (JA, Fura Fura, 1979)
- Porque Me Olhas Assim (F, Para Além das Cordilheiras,
1987)
- De Quem Foi a Traição (JA, Fura Fura, 1979)
- Barnabé (SG, Pré-Histórias, 1972)
- Alerta Pescador (F, Um Beco Com Saída, 1975)
- Achégate A Mim, Maruxa (JA, Fura Fura, 1979)
- Alípio de Freitas (JA, Com as Minhas Tamanquinhas,
1976)
- Organização Popular (SG, De Pequenino se Torce
o Destino, 1976)
- As Sete Mulheres do Minho (JA, Fura Fura, 1979)
- Já o Tempo se Habitua (JA, Contos Velhos Rumos Novos,
1968)
- Notícias Locais (SG, Escritor de Canções,
1990)
- Que Amor Não Me Engana (JA, Venham Mais Cinco, 1973)
- Lusitana (F, Para Além das Cordilheiras, 1987)
- Canto Moço (JA, Traz Outro Amigo Também, 1978)
Músicos:
Luís Fernandes (voz, braguesa, flauta, acordeão,
concertina e direcção artística); Miguel Calhaz
(voz e contrabaixo); Marco Figueiredo (piano); Aníbal
Almeida (rabeca, bandolim e cavaquinho); Bruno Pinho
(guitarra); Xiko Bandinha (trombone); Ricardo Lameiro
(fagote); Tiago Abrantes (clarinete); João André
(bateria).
Cristina Pato (Galiza)
Sem lugar para dúvidas Cristina Pato sai dos parâmetros convencionais e rompe com a rigidez do que se considerou chamar como «o correcto» dentro da música tradicional. Com os seus 18 anos apenas, Cristina Pato, natural de Ourense, Galiza, é a primeira Gaiteira em Espanha a editar um disco a sólo, que conta já com mais de 40.000 unidades vendidas. Uma das razões para a sua fama no país vizinho está nos 200 concertos que realizou com grande êxito nos últimos anos, um pouco por toda a Espanha e também pela Europa. Considerada como a mais importante revelação da folk galega, Cristina colaborou e actuou com artistas como Cherrys the Ladies, Hevia e Chieftains (os dois últimos já participaram na Festa do Avante! em anos recentes).
Cristina Pato iniciou a sua carreira na Banda Mutenrohi, gravando então quatro álbuns e fez parte da Real Banda de Gaitas de Ourense. Enquanto participante nestas duas formações, actuou um pouco por todo o mundo: Itália, Suíça, Portugal, França, Estados Unidos, México e Escócia.
No seu trabalho discográfico «Xilento», partipam como convidados Javier Vargas, Charlie McKerron (Capercaillie) Carlos Beceiro (La Musgaña), José Peixoto (Madredeus) e Marta Dias. O disco recebeu a nomeação para os prémios da Academia de Música como melhor álbum da música galega.
Em palco, Cristina Pato é um verdadeiro furacão de dinamismo. Com ritmos extremamente dançáveis e dialogando com o público de uma forma única, Cristina converte qualquer espectáculo seu numa grande festa, interpretando os temas populares com um cariz muito próprio que surpreende mesmo os mais conhecedores da música popular galega.
O seu começo discográfico com «Tolemia», que significa loucura em galego, já está editado no Japão, em França e na costa oeste dos EUA.
Em suma, a música de Cristina Pato transporta-nos para um universo onde a música tradicional se funde com os ambientes sonoros do contemporâneo, a pop e o sinfónico, e reflecte um coerente e laborioso trabalho de investigação sobre as possibilidades da gaita de foles, os seus timbres, melodias e escalas antigas e modernas. A produção de Juan Carlos Fasero (Mutenrohi) e a colaboração de músicos convidados como Carlos Castro ( Fia na Roca) e Paco Juncal (ex- Berroguetto), constituem uma mais valia nos seus trabalhos.
Discografia
Tolemia – Fonomusic – 1999;
Xilento – Fonomusic –2001;
Com o grupo Mutenrohi:
Mutenrohi – 1998;
Cousas da Lua – 1999;
Recompilações:
Nacionaes Celtas III – Fonomusic – 1999;
Etnika (Los sonidos de Galiza) – Zouma Records- 2001;
Site: http://www.cristinapato.com
Choronas (Brasil)
«...o choro é um ideal de simpatia e este disco não poderia ser mais simpático: quem gosta de choro tem de ouvir as Choronas...»
Arthur Nestrovski
in Folha de São Paulo - 05.04.2000
Choronas é o nome do grupo formado por quatro instrumentistas, que encanta e comove o público tocando ritmos próprios da música brasileira: choro, baião, maxixe e samba.
Gabriela Machado (flauta transversal ), Ana Cláudia César (cavaquinho), Paola Picherzky ( violão) e Roseli Câmara ( percussão ), mesclam obras consagradas e desconhecidas, tradicionais e recentes.
Actuando desde 1994, Choronas tem-se apresentado em diversos espaços culturais da capital e interior de São Paulo e outras cidades brasileiras.
Em 1998, o trabalho «Choronas» foi contemplado com a Lei de Incentivo a Cultura-LINC, obtendo patrocínio do Governo do Estado de São Paulo para o projecto «Música Instrumental Brasileira nas Escolas - Show Pedagógico».
Em 1999 o grupo grava seu primeiro CD para a etiqueta Paulus. O CD «Atraente» é lançado em Março de 2000 no Centro Cultural São Paulo na Cidade de São Paulo, tendo recebido elogios da crítica especializada. No seu repertório apresentam várias composições de Pixinguinha e Benedito Lacerda, Chico Buarque, Francis Hime e Hermeto Pascoal
Em Agosto de 2001, a convite do Teatro São Pedro em São Paulo, o grupo participou da montagem da opereta «A Noiva do Condutor» de Noel Rosa, integrando a Orquestra Feminina de Câmara.
Em Setembro de 2001, a convite da Embaixada do Brasil em Lima, capital do Peru e da DIVA Producciones, membro da Rede de Promotores Culturais da América Latina e Caribe, o grupo realizou shows no Teatro Satchmo, em Lima.
Em 2002 o grupo realizou uma tournée com a opereta «A Noiva do Condutor», com apresentações realizadas no Teatro da Paz em Belém-Pará e Festival de Inverno de Campos de Jordão-SP.
Ainda em 2002, o grupo gravou seu segundo CD - «Choronas, Convida» - cujo lançamento esta previsto para o primeiro semestre de 2003.
Ana Cláudia César (cavaquinho) - Paulista, estudou na Fundação das Artes de São Caetano do Sul e Faculdades de Artes Alcântara Machado, em S. Paulo. Participou de oficinas de aperfeiçoamento com Lucio e Luciana Rabello, e tambem em Festivais de Música de Curitiba com Henrique Cases, Márcio de Almeida e Jaime Vognoli. Fundou a Oficina de Cavaquinho do SESC Pompeia em S. Paulo, e actualmente desenvolve trabalho pedagógico e coordena grupos de prática de choro na Universidade Livre de Música em S. Paulo.
Paola Picherzky (violão) - Nascida em Mendonza, formou-se em Violão Erudito e Regência Coral. Participou de Festivais no Brasil e no exterior, tendo aulas com renomados instrumentistas como Abel Carlevaro e Fábio Zanon. Ao longo da sua carreira, desenvolveu diversos trabalhos como solista e camerista. Sempre ligada à área pedagógica do violão, trabalhou em escolas e universidades com diferentes faixas etárias. Foi regente do coral da Fundação das Artes de S. Caetano do Sul durante 5 anos. Em 2000, gravou o CD «Não tem Choro», com o flautista Ricardo Kanji. Além de actuar como instrumentista, lecciona na Faculdade Santa Marcelina, Universidade Livre de Música de S. Paulo e na Fundação das Artes em S. Caetano do Sul.
Roseli Câmara (percussão) - Paulista, estudou percussão popular na Universidade Livre de Música de S. Paulo e Conservatório Souza Lima em São Paulo. Estudou técnica vocal para canto com a Professora Madalena Paula. Actua como percussionista e cantora em formações de grupos de música popular brasileira desde 1988. Dos trabalhos que realizou, destaca-se a sua participação como percussionista em tournée do grupo português Madredeus, em S. Paulo, e como cantora e percussionista do premiado espectáculo teatral «O livro de Jó», montagem do «Teatro de Vertigem» que se apresentou na Colômbia, Dinamarca e Moscovo.
Gabriela de Melo Machado (flauta transveral) - Natural de Santo André, estudou na Fundação de Artes de S. Caetano do Sul e formou-se bacharel em flauta pela UNESP, sob a orientação do professor Jean Noel Saghaard. Ganhou o Prémio Estímulo para Jovens Solistas da Secretaria de Estado da Cultura de S. Paulo. Participou em diversas orquestras (actualmente na Sinfónica de St. André, onde é solista, e Sinfónica Cultura da Rádio e Televisão Cultura de S. Paulo).
Discografia:
«Atraente», 2000;
«Choronas Convida», 2003;
Site: http://www.choronas.com.br
Contrabando
Contrabando é o nome deste grupo musical que orienta a sua intervenção pela revivência da música popular portuguesa, em temas originais e cuja sonoridade surpreende ao mesmo tempo pela novidade e pelo velho reconhecimento dos sons tradicionais.
É constituído por cinco músicos que pautam pela mesma bitola a sua intervenção musical, por um lado utilizando sempre que possível instrumentos tradicionais como a viola campaniça ou a sarronca, por outro, criando, em temas originais, os sons que fazem reviver a música tradicional. Estes músicos, intimamente ligados ao Alentejo através desta cultura que lhes deu berço, traduzem este facto numa maior incidência das ambiências, sons e instrumentos alentejanos. São, no entanto, constantemente visitados os sons do cavaquinho, do José Afonso, de África e de todos os outros locais onde a música popular portuguesa se reencontre. O seu primeiro trabalho discográfico, «Fresta», resultou dessa fusão, e identifica-se pela sua originalidade e pela recuperação de instrumentos e sons tradicionais.
Contrabando é constituído por cinco músicos com percursos e currículos assinaláveis, nomeadamente no âmbito da música produzida no Alentejo. Nuno Cabrita, vocalista, autor, compositor, e produtor, Henrique Lopes, guitarrista, autor e compositor, Luís Melgueira e Valter Passarinho, percussionistas, Carlos Menezes, contrabaixista, e mais recentemente Celina da Piedade, mostram no seu currículo individual os caminhos que os levaram à criação de trabalhos de qualidade.
O resultado do trabalho destes músicos experientes, unidos no âmbito do grupo Contrabando desde a sua fundação no ano de 1999, tem na edição do seu primeiro álbum, Fresta, em 2000, o corolário desta simbiose musical.
Desde então, partindo deste seu primeiro trabalho discográfico, realizaram inúmeros espectáculos e apresentações, alguns deles com recurso a sistemas de multimédia.
Nuno Cabrita, nasceu em 1966 e é fundador, em 1999, do grupo Contrabando. Iniciou a sua actividade musical em 1983. Passou brevemente pelo teatro «A Comuna» e no palco de «A Barraca», em Lisboa, participou numa peça de teatro, intitulada «Dois Tempos de Teatro, um Tempo de País» (1984/1985), de M. Moura, na qual intervém como actor, compositor e director musical, interpretando poemas de José Gomes Ferreira. Reside em Évora desde 1987. Frequenta o curso de Arquitectura Paisagista e é membro e dirigente do Coro da Universidade de Évora-CORUÉ.
Em 1993, participa na primeira edição do programa «Chuva de Estrelas», através da interpretação do tema «A Morte saiu à Rua» e «Cantigas do Maio», de José Afonso. Participa no 31º. Festival RTP da Canção, em 1994, interpretando um tema de Paco Bandeira, «Conselho». Participa no projecto «Palco de Estrelas», criado por Paco Bandeira, que conta ainda com a presença de Samuel. Este projecto inclui a gravação e edição de um trabalho discográfico, intitulado «Palco de Estrelas» (1994) e a realização de uma digressão, durante os dois anos seguintes, por todo o país. Interpreta o tema «Nasci no campo» de Paco Bandeira, na telenovela «Roseira Brava». Participa no disco «Roseira Brava» e no videoclip com o mesmo nome. Interpreta o tema «Conselho» na telenovela «Primeiro Amor» e o tema «O Sol do Mendigo» na telenovela «Filhos do Vento», ambos da autoria de Paco Bandeira. Participa como cantor residente no programa de televisão da RTP2, da autoria de Paco Bandeira, intitulado «Cantares de Amigo». Participa nos programas de televisão «Marginalidades», «Praça da Alegria», «Bom Dia» e «Parabéns». Em 1999 inclui o tema «Verdade ou Mentira (sussurro)» de que é autor, no disco «Cantar em Liberdade» editado pela Câmara Municipal de Évora, em comemoração dos 25 anos do 25 de Abril.
Henrique José Leocádio Nunes, nasceu em Montemor-o-Novo em 1963. Guitarrista e compositor, fez estudos de música clássica na Academia de Música Eborense, onde concluiu as disciplinas de Formação Musical, Análise e Técnicas de Composição, Acústica, História da Música, e Prática de Teclado e Coro. Frequentou ainda a disciplina de Guitarra Clássica. Iniciou os seus estudos musicais na «Banda Filarmónica da Sociedade Carlista», onde veio a tocar trombone. Frequentou e concluiu o Curso de Actor da Escola de Formação Teatral do Centro Cultural de Évora (actual Cendrev) em 1988 e 1989, aí trabalhando com Filipe Crawford, Artur Ramos, Valentim Lemos, Luís Varela, entre outros. Em 1992 participa como músico na peça «Lorca, Lorca» da mesma companhia, com encenação de Gil Nave. Trabalhou com Mafalda Veiga e fez parte do Coral São Domingos de Montemor-o-Novo. Foi sócio-fundador do jornal local «Folha de Montemor», escrevendo inúmeros artigos sobre cinema, música, teatro e televisão. Em 1990 e 1991 foi professor de guitarra clássica e iniciação musical na Escola de Música da Sociedade Carlista (polo da Academia de Música Eborense). É desde 1993, Professor de Educação Musical do Ensino Básico. Frequenta desde 1995 os cursos de pedagogia musical do professor e pedagogo belga Jos Wuytack.
É um dos fundadores do grupo de música popular «Porta Aberta», em 1983, com o qual gravaria dois trabalhos discográficos: «Atalhos e Trabalhos» (1989) e «Ecologia» (1991). Com este grupo efectuou diversas actuações por todo o país e pelo estrangeiro, participou em vários programas televisivos, em intercâmbios com a companhia de teatro «A Barraca» e em primeiras partes de espectáculos de Trovante, Vitorino, Maria João, Paulo de Carvalho, Paco Bandeira, Brigada Victor Jara. Em 1992 fundou com outros músicos o grupo de música popular, «Canto Chão». Com este grupo gravou um CD, «Ventos do Sul» (1996) e o teledisco intitulado «Senhora Maria». Com este projecto participou em inúmeras actuações em Portugal e Espanha, nos programas televisivos «Viva a Manhã», «Praça da Alegria», «Big Show Sic» e «Made in Portugal» e na banda sonora da telenovela «Vidas de Sal». Em 1997 foi director musical, produtor executivo e compositor de 12 temas originais incluídos no trabalho discográfico «Sem Tempo... Sem Margens», realizado por alunos, funcionários e professores da Escola Básica Integrada Bernardim Ribeiro do Torrão. Neste trabalho contou com a colaboração da escritora Maria Rosa Colaço.
No trabalho com o Contrabando introduz outros instrumentos de corda, como a viola campaniça, viola braguesa, viola beiroa, bandolim e cavaquinho.
Luís Filipe Pelaio Melgueira nasceu em Montemor-o-Novo em 1956. Percussionista, estudou no Conservatório de Évora durante cinco anos. Participou na gravação de dois trabalhos discográficos do grupo «Porta Aberta», intitulados «Atalhos e Trabalhos» (1989) e «Ecologia» (1991). Foi produtor e percussionista do grupo. É membro e fundador e produtor do grupo de música popular portuguesa «Canto Chão», com o qual gravou o trabalho discográfico «Ventos do Sul» (1996). Participou no âmbito destes trabalhos, em variados programas de televisão e em espectáculos por vários países como Espanha, França, Alemanha, Holanda, Suíça e Inglaterra. No domínio da divulgação da música do Alentejo, faz recolhas musicais, que recria nos trabalhos em que participa, nomeadamente, a partir da recuperação e utilização de instrumentos de percussão tradicionais.
No projecto Contrabando destaca a introdução de instrumentos tradicionais, como sejam as bilhas e a sarronca. Participou recentemente nos espectáculos de promoção e divulgação deste trabalho, já referidos.
Carlos Menezes nasceu em 1976. Contrabaixista, com o Curso de Instrumento de Nível III, na Escola Profissional de Musica de Évora e o 4° ano da Licenciatura em Música, na Universidade de Évora. Começou o seu estudo no contrabaixo em 1992 com o professor Pedro Wallentein, no ano seguinte com o professor Manuel Rego e em 1994 com o professor Ioury Axenov com quem estuda até hoje. Enquanto aluno da Escola Profissional de Música de Évora, foi primeiro contrabaixo da orquestra clássica desta escola. Terminou a prova de aptidão profissional no Contrabaixo com 18 valores e participou em 1995 e 1997 no estágio da Orquestra das Escolas Particulares. Em 1998 foi convidado para leccionar contrabaixo na Academia de Música Eborense e no ano seguinte na Escola Profissional de Música de Évora juntamente com o professor Ioury Axenov. É primeiro contrabaixo na Orquestra Juvenil «Cidade de Évora». Desde 1998 é convidado regularmente por duas das principais orquestras portuguesas, a Orquestra Metropolitana de Lisboa e a Orquestra Gulbenkian. Neste âmbito, teve o privilégio de trabalhar com alguns dos mais conceituados maestros a nível internacional, tais como, Graça Moura, Ivo Cruz, Lawrence Foster, Michael Zilm, Claudio Scimone, Muhai Tang, Gunther Herbig, Philippe Auguin, Junichi Hirokami, Luca Pfaff, entre outros. Leccionou Contrabaixo no ano de 2001/02 no Conservatório Regional do Algarve «Maria Campina». Paralelamente à vertente clássica passou por vários projectos de diversos estilos e géneros musicais, nomeadamente nas áreas do jazz e da música tradicional portuguesa, explorando novas formas de interpretação da música e do contrabaixo. É membro do grupo Contrabando desde 2000.
Valter Passarinho, nasceu a 21 de Março de 1979 em Reguengos de Monsaraz. Percussionista, ingressou em 1991 na Escola Profissional de Música de Évora, onde frequentou os cursos Básico de Instrumento e Instrumentista, tendo como professores de percussão Carlos Girão, José Carinhas, Eduardo Lopes, entre outros. Concluídos estes cursos, em 1998 entrou para a Universidade de Évora onde prosseguiu os seus estudos de instrumento com o professor Eduardo Lopes. Participou em estágios de orquestras para jovens, nomeadamente, na Orquestra das Escolas de Música Portuguesas (1994, 1996, 1997, 1998), Orquestra de Sopros de Jovens Músicos (1994) e na Orquestra de Sopros dos Templários (2000). A sua carreira profissional engloba várias actividades musicais, desde recitais a solo, gravações, colaboração com algumas orquestras, como são exemplo a Orquestra Gulbenkian, a Orquestra Sinfónica Portuguesa, a Orquestra Sinfónica da Universidade de Yale (USA) e a Orquestra Sinfónica Juvenil e participação em grupos de variados géneros e estilos musicais, como são exemplo o Grupo de Percussão de Évora e o Grupo de Metais do Seixal. Por diversas vezes foi convidado a representar Portugal em actuações no estrangeiro, nomeadamente Polónia, Bulgária, Espanha, França, Moçambique e Macau. Em Março 2001, após prestar provas públicas, ingressou na Banda da Armada, onde se encontra actualmente a desempenhar a sua profissão. Paralelamente à sua actividade profissional, lecciona em algumas escolas de música. Desde 2001 integra o grupo Contrabando.
Celina da Piedade, nasceu em 1978, em Lisboa. Iniciou a sua formação musical e o acordeão aos 5 anos, com a Prof. Helena Mendes. Ingressou no Conservatório Regional de Setúbal aos 10 anos, onde realizou o 8º. Grau de Formação Musical (Curso Geral e Complementar completo), Coro e Classe de Conjunto completo (8 anos), Curso de História da Música (3 anos), frequência do 5º Grau de Piano e 7º Grau de Acordeão. Na Universidade de Évora frequenta o curso de História, ramo Património Cultural na Universidade de Évora. Principalmente como acordeonista mas também como vocalista participa desde 1994 em diversos projectos musicais, donde se destaca a sua colaboração com Rodrigo Leão e Né Ladeiras, no projecto At-tambur e em Évora, no grupo de música popular Modas à Margem do Tempo e mais recentemente com o grupo Contrabando.
Tem no seu currículo uma actividade extensa e variada em diversas áreas de intervenção artística. Participou como instrumentista de acordeão na realização de diversas oficinas de dança tradicional - danças tradicionais Portuguesas, Saias (danças tradicionais Alentejanas), danças tradicionais Europeias, danças tradicionais para crianças, danças Bascas, danças do Poitou., em colaboração com diversas instituições. Participou em projectos de animação cultural como o teatro de marionetas do Mamulengo, na Bienal Internacional de Marionetas de Évora; no desfile «o Foral de Évora» a 1 de Junho de 2001 como animadora de danças e em oficinas ligadas à expressão dramática, como a «Improvisação Teatral», com André Gago; «Histórias em movimento», com Marta Coutinho e «Big game», com Gregg Moore. Participou em Festivais de diversos âmbitos, em variadas formações musicais, dos quais se destacam:
«Andanças», festival Internacional de Danças Populares em S. Pedro do Sul, em 1999, 2000, 2001 e 2002, «Entrudanças», e «II Entrudanças», festival de danças populares em Évora, em 2000 e 2001, «Grand Bal d’Europe- Gennetinnes», França, Julho de 2000, «Viv’á Rua»-Programa OFF, com o grupo Chocalhos, «Festival de Artesanato de Suzdal», Rússia, Agosto de 2001 e o «Festival de Música Tradicional de Tribulhadouro», em Junho de 2001).
Actualmente participa em projectos musicais como é o caso do grupo Contrabando e trabalha como professora de Acordeão no Conservatório de Setúbal e na Escola de Artes da Associação Pé-de-Xumbo.
Cruce de Caminos (Espanha)
Gerado Nuñez e Perico Sambeat com os convidados
Juan José Amador e Carmen Cortés
O projecto Cruce de Caminos teve o seu início num espectáculo apresentado na Bienal do Flamenco em Sevilha no ano de 2000, num programa musical do Teatro Central, sob o lema: «El Flamenco viene Del Sur», numa produção da responsabilidade da «Consejaría» de Cultura da Junta da Andaluzia.
Cruce de Caminos é, antes de mais, uma experiência compartilhada pelos seus proponentes iniciais Gerardo Núñez e Perico Sambeat com Rafael de Utrera, George Colligan, Marc Miralta, Javier Colina e Arto Tuncboyaciyan, mestres de diversas geografias e latitudes musicais que se combinaram num projecto que oscila entre os cânones herdados da tradição e as surpresas inerentes ao exercício da experimentação.
A Guitarra de Gerardo Núñez nasce do tronco de influência do flamenco do Jerez, mas conhece bem os códigos de comunicação com outras fontes musicais. A sua tendência a desfazer os limites e as convenções é a mesma que se encontra presente na carreira do saxofonitsa Perico Sambeat, que desde o seu trabalho «Ademuz» (1995), tem manifestado um interesse especial na busca de um ponto de encontro entre o Jazz e a música flamenca, sempre conseguindo resultados brilhantes e inovadores.
O apego às origens, em combinação com uma atitude inquieta e aberta, é característica igualmente do Cantor Juan José Amador e da bailarina Carmen Córtes. O baterista Marc Miralta e o contrabaixista Pablo Martin são músicos de reconhecida trajectória internacional e a eles se junta habitualmente o pianista Bernardo Sassetti. Estes três músicos de Jazz aprenderam a amar conjuntamente o flamenco – e de que maneira.
Cruce de Caminos é um projecto de flamenco que, desde uma atitude de renovação de repertório (em letras e composições, arranjos e apresentação), alimenta-se de outras influências e fontes musicais, em especial o jazz da tradição mediterrânea. No seu repertório combinam-se novas composições instrumentais, adaptações flamencas de clássicos de Jazz e novas incorporações ao elenco do «cante» flamenco a partir da obra poética de autores andaluzes contemporâneos.
Gerardo Núñez – guitarra;
Perico Sambeat – sax alto e soprano;
Bernardo Sassetti – piano;
Pablo Martín – contrabaixo;
Marc Miralta – bateria;
Angel Sánchez, «El Cepilho» – cájon;
Juan José Amador – cantador;
Carmen Cortés – baile
Perico Sambeat (Sax alto e soprano) - Começa aos seis anos de idade a estudar piano e solfejo. Em 1980 inicia a aprendizagem do Sax de modo autodidacta. Desloca-se para Barcelona em 1982, onde conclui os seus estudos clássicos de flauta e integra-se no «Taller de Músics», estudando harmonia e arranjos com José Eduardo Conceição e Silva. Tocou com o seu grupo em Festivais e clubes por toda a Espanha e no resto da Europa. Em 1991 muda-se para a New School em Nova Iorque, onde tem a oportunidade de tocar com nomes como Lee Konitz, Jimmy Cobb e Joe Chambers, entre outros. Trabalhou profissionalmente com Steve Lacy, Daniel Humair, Fred Hersch, Bob Moses, Louis Bellson, Brad Mehldau. Para além dos seus doze trabalhos editados como líder ( Perico Sambeat, Punto de Partida, Uptwn Dance, Dual Force, Ademuz, Jindungo, NY Barcelona Croossing, Vol I-II, Discantus, Some Other Spring, Perico, Cruce de Caminos e a iminente publicação de um novo CD com a discografia alemã), há que acrescentar mais de trinta discos como colaborador e uma interminável lista de concertos. Perico foi galardoado com mais de uma dezena de prémios importantes entre os quais se destacam: o melhor solista 1990 «Jazz entre amigos»; primeiro prémio de composição para jovens compositores SGAE 1993, melhor sax espanhol por votação popular na Revista Satchmo em 1996 e melhor saxofonista na 1ª edição dos prêmios de Jazz de Valência (2001).
Gerardo Nuñez (Guitarra) - Professor nos seminários de Sanlucar (Cádiz), no Teatro Central de Sevilha, Berkeley (Boston) Flamencos em Nova Iorque (Nova Iorque), São Paulo (Brasil), Gerardo inicia a sua carreira musical acompanhando o «cante» e o baile de Jerez com Tio Gregório «El Borrico», La Paquera de Jerez e Agujetas e mais tarde integra a companhia de Mario Maya. Acompanha Enrique Morente no Teatro Real de Madrid e realiza uma tournée pelas principais cidades dos EUA com um quarteto de Guitarras «International Guitar night» que se forma na cidade de São Francisco, Califórnia, junto a Alex de Grassi, Paulo Bellinati e Briam Gare. Lidera a direcção musical do espectáculo «Así pasen cien años» da companhia de dança flamenca de Carmen Cortés. Desdobra-se em concertos na Alemanha e em Itália com o quarteto formado por Gerardo Nuñez, Eberhad Weber, Richard Galliano e Enrico Rava. Grava nos EUA o seu último disco «Calima». Compõe a «Sinfonia para um nuevo Teatro» para a abertura do Teatro Principal de Barcelona. Colabora em muitos trabalhos discográficos com: Plácido Domingo, Tereza Berganza, Índio Gitano, Andréas Wollenweider, Enrique Morente, José António Galicia, Jorge Pardo, Ana Belén, Danilo Pérez, Mecano, entre outros. Na sua discografia salientam-se: «El gallo azul», «Juncal», «Salomé» e «Calimo».
Carmén Cortés (Baile) - Carmen Cortés nasceu em Barcelona, filha de pais andaluzes. Bailarina e coreógrafa, fundou a sua própria companhia de baile flamenco em 1989. Durante todos os seus anos de carreira contou com colaboradores habituais nos seus espectáculos, como é o caso do guitarrista e compositor Gerardo Nuñez, e as colaborações especiais do bailador António Canales «El amor brujo» e a actriz Núria Espert «Yerma». Em 1990 estreia o espectáculo «Los cantes de ida y vuelta», designados assim pela sua origem hispano americana e incluídos no mais tradicional e puro flamenco. Entretanto estréia uma obra de teatro dança, «Memória Del Cobre», escrita para ela por Francisco Suarez. Em 1993 e 1994 representa «El amor brujo», numa versão inédita a quatro guitarras flamencas, e «Los Gabrieles», homenagem aos café cantates dos primeiros anos do século. No ano de 1995 cria «A Frederico», um ballet em homenagem a Federico Garcia Lorca que tanto amou o flamenco. No ano seguinte entra em tournée com o espectáculo «Yerma» de Federico Garcia Lorca, que leva até aos palcos de Nova Iorque. Este mesmo espectáculo será seleccionado pela Fundação Federico Garcia Lorca para integrar o programa oficial das comemorações do centenário do poeta que se comemorou em 1998. Em 1997 aceita novo desafio e põe em cena «Salomé, na versão de Óscar Wilde. Para isso conta com a música do guitarrista Gerardo Núñez e a direcção cénica e dramática de Gerardo Vera. O resultado desta singular montagem fez com que o Teatro Clássico de Mérida iniciasse pela primeira vez o seu ciclo de espectáculos com dança. Em Novembro de 1998 estreia a peça «Así pasen cien años», no Festival de Teatro de Valladolid. Nesse mesmo ano é finalista como «Mejor bairalina de lãs Artes Escénicas» pela sua obra «Yerma».
Carmen Cortes é respeitada pelo seu exigente critério e compromisso profissional de que faz gala no seu quotidiano de trabalho, entregando todas as suas energias à criação e divulgação do flamenco. Nesta típica dança andaluz move-se com o espartilho e conhecimento dos passes clássicos aliados ao vanguardismo da sua inovação e experimentalismo. Por isso mesmo foi a primeira bailarina a coreografar e dançar uma «Granaína» em ritmo de flamenco livre.
Danças Ocultas
Um quarteto de concertinas poderia ser, à partida, formação sobre a qual não se manifestariam particulares entusiasmos. Sucede que este grupo, o Danças Ocultas, fez estrada com um repertório de música erudita, arranjos de temas tradicionais e de música brasileira. Os bons resultados motivaram o início da elaboração de composições originais e a experiência de levar os instrumentos ao afinador, de forma a aproximar a afinação das três palhetas que compõem cada nota. Contrariou-se a tradição, mas obteve-se um som novo que está na base dos seus álbuns.
Os seus espectáculos têm dado origem a largas páginas de jornais com artigos entusiásticos de críticos assombrados com o que apenas quatro concertinas podem fazer.
De destacar inúmeras participações em concertos e festivais internacionais com destaque para França, Inglaterra, Holanda, Bélgica e Espanha.
Discografia:
Danças Ocultas – 1996;
Ar – 1998;
Travessa da Espera - 2002
Site: http://www.melomusic.nl
Dilli All Stars (Austrália/ Timor)
Banda formada em 1996, composta por músicos timorenses e australianos. Os seus fundadores foram Paul Stewart e Gil Santos.
A história da banda está intimamente ligada à luta de libertação do povo timorense. Paul Stewart é irmão de Tony Stewart, um dos cinco jornalistas australianos assassinados em Timor Leste e Gil Santos é filho de uma jornalista também assassinado pelos Indonésios. O projecto iniciou-se com a gravação de uma versão de um tema dos Rose Tatto, «We can’t be beaten», cantada em Timor Leste no dia em que Xanana Gusmão foi capturado pelas forças indonésias. A receita da venda dos seus álbuns «Love from a short distance» e «All in the family» foi integralmente entregues aos órfãos de Timor Leste, sendo o projecto coordenado pelo Bispo Ximenes Belo.
Actuaram com bandas como os U2, Midnight Oil, Yothu Yindi, Garbage, Archie Roach e Billy Bragg, entre outros. Integraram os programas de vários Festivais: Apolo Bay, Richmond, Collingwood, Malacoota, St. Kilda. São considerados a banda oficial de apoio aos norte americanos Spearhead. Numa cruzada sempre empenhada contra o invasor indonésio, a banda reagiu contra a proeminência das bandas pop indonésias nas Rádios timorenses e gravou 500 cassetes com bandas timorenses a cantar em Teto que foram entregues a todas as Rádios no período antes da realização do Referendo sobre a independência.
Já no período pós-independência compilaram o álbum «Liberdade» cujas receitas, mais uma vez foram entregues ao povo de Timor. Realizaram vários concertos para as tropas australianas que se encontravam em território timorense como forças de manutenção da paz, tendo nessa altura tocado com Kylie Minogue e John Farnham. Participaram também nas celebrações da independência de Timor Leste em Maio de 2002.
Formação da banda:
Paul Stewart, Gil Santos, Zeca Mesquita,
Nelito Ribeiro, Paulo Almeida, Sonya Parkinson e Colin Buckler.
Discografia:
Liberdade – 1999;
Hanoin- 2001;
Site:
Filipa Pais
Filipa Pais iniciou estudos em dança em 1976 com Margarida de Abreu, tendo ingressado nos cursos de formação profissional do Ballet Gulbenkian em 1981 e aí se mantendo até 1984. Nos três anos seguintes freqüenta um estágio em Nova Iorque, trabalhando técnicas de Dança Moderna Cunningam, danças étnicas e ballet clássico.
De regresso a Lisboa, participou como bailarina em diversos espectáculos com alguns coreógrafos portugueses, designadamente Paula Massano, Margarida Bettencourt, Paulo Ribeiro, Joana Providência, Francisco Camacho e Rui Horta.
Desde 1983, Filipa Pais desenvolve a sua actividade como cantora, tanto em disco como em espectáculos, trabalhando com nomes como Vitorino, Sérgio Godinho, João Paulo Esteves da Silva, Janita Salomé, Bernardo Sassetti, Titto Paris ou Chico César, cruzando a sua experiência com todas as áreas da música popular e tradicional portuguesa nas suas colaborações com o projecto «Lua extravagante» (com Vitorino e Janita Salomé), tomando contacto com o Jazz e música de fusão através da colaboração com a orquestra «Sons da Lusofonia».
L’Amar é o seu primeiro disco de originais, que inclui composições de alguns dos mais importantes músicos da cena musical portuguesa como Sérgio Godinho e Pedro Ayres de Magalhães. Neste disco, com arranjos e direcção musical de João Paulo Esteves da Silva, Filipa Pais demonstra que é uma interprete que atingiu a maturidade e se tem afirmado como uma das melhores vozes femininas da actualidade.
Paralelamente ao seu trabalho a solo nesta área, tem desenvolvido, desde 1997, uma experiência na área do fado com o mestre de guitarra portuguesa António Chainho. Neste âmbito assinalam-se as apresentações no Bochrnheimer Depôt de Frankfurt, 1997, «Memphis in May»-International Festival (Tenesse, EUA), Progetto Cultural Trentino Portogallo em Trento, Itália, na Expo 98 e no Pão Music 2000 com Maria Bethânia.
Participa no CD «Red hot + Lisbon» onde, paralelamente com artistas de expressão portuguesa, participaram nomes como KD Lang e David Byrne. Ainda em 98, Filipa Pais cria o espectáculo «Afinidades» baseado em recolhas de Michel Giacometti, tendo como convidada a cantora Galega Uxia – e participará na ópera de Michael Nyman «Ciclo de canções sobre Fernando Pessoa» no encerramento do Festival dos 100 dias.
Após a edição de «A Guitarra e outras Mulheres» de António Chainho, participou em algumas apresentações desde trabalho em Portugal e no estrangeiro.
No início do ano de 2000, é formado o grupo que passará a acompanhar Filipa Pais: João Paulo Esteves da Silva (direcção musical e piano), Ricardo Dias (acordeão), Manuel Rocha (Violino), Joaquim Teles (percussões) e Yuri Daniel (contrabaixo e baixo) - um grupo «de eleição» que actua com a cantora nas apresentações realizadas nesse ano em Portugal e Espanha.
O final do ano foi passado em estúdio na gravação daquele que viria a ser o seu segundo trabalho discográfico.
Ainda em 2001 participa num espectáculo de Úxia nas comemorações do 25 de Abril no Porto: «Um grande Porto do sul» - espectáculo com direcção de Carlos Martins, especialmente concebido para o «Porto capital da Cultura 2001» e apresentado no Coliseu do Porto e no CCB de Lisboa; «Músicos do Sul e Lua» – num colectivo composto por Janita Salomá, Rao Kiao, Sérgio Godinho e Vitorino, e «Vozes do Sul» espectáculo dedicado ao cante alentejano, baseado no disco de Janita Salomé.
A par dos seus concertos em Portugal e no estrangeiro, participa a convite de João Brites no espectáculo de O Bando «Alma Grande», segundo um conto de Miguel Torga.
Em 2003 edita o seu novo CD - «À Porta do Mundo» com produção de João Paulo Esteves da Silva e Ricardo Dias.
No tempo que nos separa de «L’Amar», o seu primeiro trabalho editado em 94, muitas foram as experiências apreendidas quer em projectos com outros nomes da nossa música, quer ao lado de cantores galegos, brasileiros, africanos, entre outros; projectos dentro das mais diversas áreas musicais nos quais foi encontrando registos que lhe conferem hoje a maturidade e versatilidade interpretativa presentes neste disco.
Com o novo CD «À Porta do Mundo», Filipa Pias volta a enriquecer o nosso universo musical, com um trabalho em que a sonoridade geral, embora partindo de uma matriz tradicional, nos transporta para um ambiente sonoro contemporâneo caracterizado por uma simplicidade instrumental rara ( piano, acordeão, bandolim, violino e percusssões).
No âmbito poético-literário, as palavras reportam-nos a uma fantasia enriquecedora, a um non sense comum a um cosmos em constante mutação e evolução que por vezes nos confunde mas que também nos faz sorrir... Como nos diz o tema que dá nome ao álbum:«Este mundo não tem porta, nem uma chave escondida, por trás de tudo o que importa, vem um sentido prá vida...». Esta é uma espécie de aventura onde as palavras e as imagens ganham formas nítidas através da beleza e riqueza tímbrica de Filipa Pais.
Neste disco é também de salientar a estréia de Filipa Pais enquanto compositora no tema «Em todas as ruas te encontro» para um poema de Mário Cesariny, e em trabalhos de outros poetas/letristas: Hélia Correia, Reinaldo Ferreira, Vitorino ou João Afonso. Aos produtores deste trabalho juntaram-se ainda alguns dos melhores músicos do panorama musical nacional – Manuel Rocha no violino, Eduardo Miranda no bandolim, Yuri Saniel no contrabaixo, Quiné nas percussões e ainda o guitarrista Mário Delgado – formando uma banda coesa que originou o som que se pode escutar nos 14 temas incluídos em «À Porta do Mundo».
Discografia :
«L’Amar», 1996;
«À Porta do Mundo», 2003.
Site : http://www.vaschier-producao.pt
Galandum Galandaina
Em 1996 nasce o grupo de Música Tradicional Mirandesa Galandum Galandaina, e a Associação Cultural com o mesmo nome, com o objectivo de recolher, investigar e divulgar o património musical, as danças e a língua das terras de Miranda. Este grupo faz a ligação entre a antiga geração de músicos e a geração mais jovem, assegurando a continuidade da rica tradição musical desta terra que durante anos correu o risco de se perder.
Os elementos do grupo nasceram e cresceram nas terras de Miranda (Fonte de Aldeia e Sendim), onde adquiriram conhecimento directo da música que interpretam através do ambiente familiar e do convívio com os velhos gaiteiros. A par desta vivência tradicional, todos os elementos têm formação académica na área da música, obtida no Conservatório de Música do Porto, Escola de Jazz do Porto, Escola Superior de Educação e em Bragança, variante de Educação Musical. O Grupo é constituído por Alexandre Meirinhos, Paulo Preto, Paulo Meirinhos e Manuel Meirinhos.
Os Galandum Galandaina acompanham também um grupo de Pauliteiros de Miranda constituído por alguns dos melhores jovens Pauliteiros das terras de Miranda. Os instrumentos usados são réplicas de outros muito antigos, mantendo o aspecto e a sonoridade dos mesmos: são gaitas de foles mirandesas, flauta pastoril, caixa de guerra, bombo, conchas de Santiago (tcharrascas), castanholas, pandeireta, tamboril... Além da música instrumental, o grupo inclui no seu repertório temas tradicionais para vozes que antes eram interpretadas nas mais diversas ocasiões do quotidiano mirandês. Os trajes com o que grupo se apresenta são de confecção manual tradicional à imagem das roupas usadas pelos velhos gaiteiros.
O grupo tem dado concertos nos mais variados ambientes: concertos na Expo 98, animações tradicionais por todo o país, participações em vários festivais intercélticos, programas de televisão a nível nacional e no estrangeiro, vários concertos em Festivais de música tradicional em Portugal, Espanha, França e Cuba.
Discografia:
Lpormeiro – 1999;
Modas de dúes eigreijes – 1997;
L’alma -
Site: http://www.galandum.co.pt
Inadaptats (Catalunha)
As origens dos Inadaptats remontam a 12 anos atrás, em Vila-Franca de Penedès, nos Países Catalães. Como muitos outros grupos de adolescentes, a sua paixão pela música levou-os a formar uma banda. Mas estes cinco jovens eram ainda mais inquietos - queriam mudar a sociedade á sua volta, uma sociedade capitalista, que marginaliza por raça e por classe social. E vão encontrar na música um bom instrumento para tentar transmitir a sua mensagem.
«Crítica Social» é o primeiro LP da banda, um vinil editado pela Illa Records no ano de 1993. Nestes 13 temas a banda começa a definir as suas características próprias: letras políticas combinadas com vários estilos musicais e ritmos contundentes. Temas com «Inadaptats», «Qui avisa no és traidor», etc vão tornando a banda numa das mais reconhecidas dos Países Catalães.
Em 96 sai o album «Per tots els mijtans» (com o selo da Capità Swing), album este que definitivamente os consagraria. O grupo aparece mais maduro e já a delinear um estilo próprio, ora com ska, rap e funk, mas com uma base hardcore. É este disco que transporta a banda para fora de território catalão, levando-os entre muitos outros sítios á Galiza, França, Itália, Suíça, País Basco ou Madrid.
O seu terceiro disco, «Motí Avalot» (editora Gora Herria), está muito influenciado por Rage Against the Machine e Negu Gorriak, sem abandonar o seu estilo próprio muito particular.
No segundo trabalho para a editora Gora Herria - «X» - mantêm-se os mesmos estilos do disco anterior, mas desta vez com aproximações a diversos tipos de fusão, cada canção desmembra-se em diversas tendências. Neste trabalho o grupo aposta também em ritmos e melodias rapers dando muitas vezes uso a novas tecnologias.
No mês que comemoravam 10 anos de banda lançam o álbum «INDP». É o quinto álbum da banda de Vilafranca de Penedès. Neste trabalho voltam ao hardcore de origem musicais: o Hardcore. Inadaptats oferecem-nos neste álbum 13 temas carregados de adrenalina, melodia e velocidade com letras que convidam á reflexão, á acção directa e á transgressão pessoal. Desde o hardcore melódico de «Catalunya»(letra do poeta Pere Quart) ou da versão «Perquè Vull» de Ovidi Montllor a «Bullangues», mais rock. O disco é rico em colaborações, desde Tony Ventura a Fermin Muguruza, passando pelo ex vocalista de «El Corazon del Sapo».Tudo isto faz deste disco o mais completo de Inadaptats.
Discografia:
«Crítica Social», 1992;
«Per tots els mitjans», 1996;
«Motí! Avalot...», 1998;
«X», 1999;
« INDP»,
Site:
Julián del Valle e o Grupo Origens (Chile)
Julián del Valle celebra no seu canto a solidariedade internacional com o povo chileno. O seu espectáculo pretende ser uma homenagem a Salvador Allende, 30 anos passados sobre o seu brutal assassinato em resultado do golpe perpetuado por Pinochet. Mas outros lutadores serão também objecto desta homenagem: Víctor Jara, Neruda e (nas suas palavras) «tantos miles de trabajadores de mi patria». Julian Del Valle é um músico chileno que se encontra exilado em Portugal desde o golpe de 74. No seu incansável combate em prol da divulgação da música chilena de raízes populares Julian tem recebido prémios que o incentivam a prosseguir na sua senda. Tanto assim é que apresentará na Festa dois temas de sua autoria que participaram e venceram nos IX e X Festivais de «Todas as Artes Victor Jara», em 2000 e 2001, respectivamente.
O grupo Origens é composto por: Julián del Valle (Voz e Viola), Rui Meira (Voz, Viola e Flautas), Pedro Santos (Acordeão), Alfonso Bravo e Ágata Baldouim (Danças Chilenas).
Discografia
Site:
http://www.cantolindo.com
http://www.cantolindo.com/julian.htm
http://www.cantolindo.com/origens.htm
Maria Alice
Maria Alice nasceu em 1961, na ilha do Sal em Cabo Verde. Aos 14 anos começa a cantar em família nas noites cabo-verdianas tendo participado depois em vários concursos de novos cantores nos quais obteve algum êxito, tendo chamado a atenção de alguns músicos que visitavam a ilha pela sua voz doce que faz lembrar as entoações das cantoras indianas.
Em 1981, instala-se em Lisboa e desde a sua chegada colabora em actuações com músicos cabo-verdianos. O seu talento para cantar mornas e coladeras e a particularidade da sua voz – cristalina, sensual e intensa - levou a que fosse apontada por muitos como uma possível sucessora de Cesária Évora, de quem é admiradora, ainda que mantenha um estilo e uma personalidade própria.
No mesmo ano a imprensa portuguesa faz eco da sua excelente prestação no Festival internacional de Música Africana do Algarve; em seguida, mais precisamente em 94, grava o seu primeiro CD, «Ilha d’Sal», muito apreciado pelo público e pela imprensa especializada.
O CD intitulado «D’Zemcontre», editado em Abril de 96, obteve logo uma boa aceitação por parte da crítica. Maria Alice teve oportunidade de gravar com alguns dos melhores músicos cabo-verdianos tais como Armando Tito, Vaiss, Dalú, Manuel Paris, Toy Vieira (também director musical do CD). Entre os autores que compuseram para Maria Alice estão Ramiro Mendes, Jorge Humberto e Luís Lima. É o disco em que Maria Alice estabelece as linhas estéticas pelas quais orientará o seu futuro artístico, optando por um modelo acústico que a favorece, apostando em jovens músicos e autores cabo-verdianos.
Entretanto participa em festivais na Holanda, Grécia, Itália, EUA, Expo 94 (Sevilha), Expo 98 (Lisboa), no Festival de Jazz de Montreal, no Festival de Santa Maria, na digressão «Cesária Évora and friends» (Inglaterra, Suíça, Suécia, Alemanha e França) que originou um CD, gravado ao vivo em Paris.
Em 2002 foi editado «Lágrima e Súplica», o seu mais recente CD, com produção de Humberto Ramos e que esteve na base de uma tournée pelo nosso país: Porto (Sá da Bandeira), Lisboa (Maria Matos), Crato, Évora, Guarda, Lagos, entre outros.
Discografia
«Ilha d’Sal», 1994;
«Dzemcontre»,1996;
«Lágrima e Súplica», 2002.
Site: http://www.vaschier-producao.com
Maria João e Mário Laginha
«Undercovers é o álbum das nossas canções mais amadas.
A ideia perseguia-nos há já algum tempo. Fazer versões, não do repertório habitual de standards, mas sim de grupos e músicos nossos contemporâneos. Escolhemos Beatles, U2, Tom Waits, Björk, Sting, Caetano Veloso, Joni Mitchell, Beach Boys, entre outros. Tratámo-los com amor e muito respeito, mas sem qualquer tipo de preconceito, medo ou pudor.Tentámos vestir a música dos outros sem tapar a nossa cara. Ou de outra forma, pintámos a nossa cara.Tivemos um enorme prazer a gravá-lo. Esperamos que dê um enorme prazer ouvi-lo.»
Maria João e Mário Laginha
Surpreendente, a carreira de Maria João, que tem sido pautada pela participação nos mais conceituados festivais de jazz da Europa e do mundo. Um percurso iniciado na Escola de Jazz do Hot Clube de Portugal e que, em poucos anos, extrapolou fronteiras, fazendo de Maria João uma das poucas cantoras portuguesas aclamadas no estrangeiro. Possuidora de um estilo muito pessoal, tornou-se num ponto de referência no difícil e competitivo campo da música improvisada. Uma capacidade vocal notável e uma intensidade interpretativa singular, valeram-lhe não só o reconhecimento internacional como a figuração, na galeria das melhores cantoras da actualidade. Unânimes no aplauso, crítica e público nomearam-na «uma voz levada às últimas consequências», declarando-a «uma cantora que não pára de evoluir».
Mário Laginha é considerado um dos mais talentosos e inovadores valores da música portuguesa. Pianista e compositor de reconhecidos méritos, foi distinguido com vários prémios e convidado a participar em inúmeros festivais de reconhecida reputação. Tem ainda partilhado a sua música com nomes como Maria João, Pedro Burmester e Bernardo Sassetti,. Em termos internacionais já tocou com Trilok Gurtu, Christof Lauer, Howard Johnson, Julien e Steve Arguëlles, Lou Donalson, Al Grey e Laureen Newton, entre muitos outros.
Maria João & Mário Laginha mantêm há já alguns anos um duo de invulgar cumplicidade. A sua capacidade inovadora faz de cada concerto um momento de criatividade e emoção. A música que interpretam não se pode rotular, pois é sobretudo a música que gostam de fazer. Nela se encontra a originalidade e as influências sonoras dos países por onde passam para apresentar os seus espectáculos. Em parceria, contam já com seis trabalhos discográficos editados de excelente qualidade: «Danças», «Côr», «Lobos, Raposas e Coiotes», «Chorinho Feliz», «Mumadji» e «Undercovers». Este último trabalho, editado pela Universal Music em Novembro de 2002, foi considerado álbum de prioridade internacional por parte da editora, o que significa a sua edição à escala mundial, para além de ter sido aclamado pela critica da especialidade.
Maria João – voz
Mário Laginha – piano
Mário Delgado – guitarra
Miguel Ferreira – teclados
Yuri Daniel – contrabaixo
Alexandre Frazão – bateria
Discografia:
Danças – 1994;
Cor – 1998;
Lobos, raposas e coiotes – 1999;
Chorinho Feliz – 2000;
Mumadi – 2001;
Undercovers – 2002;
Site: http://www.mariajoao.oninet.pt
Moçoilas
Partindo da recuperação de músicas tradicionais do Algarve, este grupo vocal de Faro interpreta velhas e novas canções da Serra do Caldeirão, com algumas incursões ao Alentejo e à raia de Espanha, sempre de modo original. O seu repertório integra, na maior parte, cantigas populares tradicionais da região, férteis no praguejar algarvio e nas saudáveis malandrices que dão o picante às histórias simples dos amores e às críticas sociais.
As Moçoilas actuaram pela primeira vez em 1994, na primeira «Manifesta», em Santarém, para uma audiência com gente de todo o país. Ouvia-se dizer: «Finalmente estamos a ouvir cantar o Algarve».
«Já cá vai roubando» é um disco que anda por aí, atento a tudo o que é feito com a voz em riste e que resulta inicialmente na interpretação a quatro vozes de vários temas recolhidos na Torre, Alte, Monte Ruivo e na Serra do Caldeirão. É assim este disco a quatro vozes: a voz de vários temas da tradição do Algarve ( e não só), muitos deles repletos de segundos e terceiros sentidos, boa disposição, provocação e beleza. São ao todo 28 temas gravados ao vivo, muitos deles com pouco mais de dois minutos. Um trabalho a escutar e acompanhar com muita atenção.
Discografia:
Já cá vai roubando – 2000;
Site: http://www.ocarina-music.pt
Primitive Reason
«The Firescroll» é o primeiro registo da nova formação dos Primitive Reason.
Em tempos remotos todos os assuntos referentes a vitórias e derrotas em época de combate foram concebidos como um «pergaminho de fogo» e assim se descreve o percurso dos Primitive Reason através dos temas incluídos neste novo trabalho.
«The Firescroll» demonstra a evolução contínua desta banda que sempre manteve uma identidade muito própria ao longo da sua carreira. As músicas deste álbum vivem duma fusão de ambientes e estados de espirito através da mistura de vários estilos como o Hardcore, Reggae/Ska,Urban Grooves e Tribal/Étnico com a adição cada vez maior de instrumentos étnicos (Guitarra portuguesa, Tabla, Sitar, Saz, bouzouki, etc.) todos tocados por elementos da banda.
Foi ao virar do século que os Primitive Reason se deram a conhecer ao mundo com o seu 1º álbum editado a nível internacional. No seguimento dessa internacionalização entraram os novos elementos Abel & James Beja (Luso-Americanos) e pouco depois a banda conquistou terreno no Nordeste Americano (começando por algumas salas de culto nova iorquinas). Seguiram-se várias tournées pelo país com grupos já conhecidos a nível mundial, quer seja pela sua longevidade quer por sucessos mais recentes e mediáticos - casos de The Misfits, Fishbone, Murphy’s Law, The Urge, The Impotent Sea Snakes, entre outros. De todas estes momentos resultou uma cumplicidade e uma maturidade dos novos elementos, contribuindo para uma maior coesão no colectivo Primitive Reason.
Em 2001, depois de cerca de dois anos lá fora, os Primitive Reason regressaram pela primeira vez a Portugal para dois concertos (Lisboa e Porto) esgotados, deixando o seu público à espera que voltassem. Nas suas várias visitas desde então, já deram mais de 50 concertos e participaram nos festivais mais importantes do nosso pais ao lado de grupos tão diversos como Soulfly, Manu Chao, Ramstein, Lamb,Guano Apes, Slipknot , K´s Choice, Suicidal Tendencies, Paradise Lost, Bush, entre outros, mostrando que as suas canções podem encontrar público imediato nos mais diversos contextos.
Destas caminhadas de norte a sul pelas terras lusas brotou a inspiração de que necessitavam para a composição do novíssimo trabalho que nos apresentam – uma edição da etiqueta Kaminari Records, licenciada para Edel em Portugal. Eis que surgem «as novas criações pragmáticas / radicais / inconformadas / dicotómicas / eclécticas» de uma das bandas com mais fieis seguidores em Portugal, e agora também noutros cantos do mundo...
Guillermo de Llera – Voz, Didjiridu e Percussões
Abel Beja – Guitarras e Voz
James Beja – Baixo e Voz
Jorge Felizardo – Bateria e Samples
Discografia:
Alternative Prison – 1996;
Tips & shortcuts – 1998;
Some of us... – 2000;
Firescroll – 2002;
Site: http://www.primitivereason.com
Quadrilha
O objectivo de Sebastião Antunes, mentor do que em tempos foram os «Peace Makers» e que desde 1991 deu origem ao grupo Quadrilha, é fazer a fusão entre formas próprias da tradição portuguesa e uma certa sonoridade celta. Por outro lado, tem uma preocupação – fazer chegar a música popular às classes etárias mais novas. Segundo o próprio é muito importante que os jovens se identifiquem com a sua música e, acima de tudo, que sintam que algo lhes pertence.
A música da Quadrilha tem base em formas muito simples, tão simples quanto os motivos das suas canções. No entanto, a maneira como o traduzem revela um apego à alma e está repleta de sentimentos: os homens do mar e as suas crenças, as gentes da terra e as suas lendas, as histórias contadas à lareira, as moças brejeiras, as sortes da lua, os encantos da noite.
Estas são algumas das razões que levam estes amantes da música popular portuguesa a fazer a Festa onde quer que sejam chamados. A Quadrilha vai fazendo histórias que reforçam a crença numa terra que tem tudo para nos dar. Umas vezes em tom de grande folia, outras na ternura e na calma de uma balada, mas sempre com o som único da banda.
Ao vivo, o espectáculo da Quadrilha transpira alegria e emoção. Quando a Quadrilha entra em Palco é para pôr todos a dançar e a beber, a ouvir, pular e cantar...
Misto de sonoridades inebriantes onde se destacam a voz, o violino, a concertina e as flautas, sobre uma base rítmica forte, a Quadrilha consegue aliar às melodias tradicionais à modernidade e sonoridade derivadas da «pop».
No início de 2000, surgiu um novo disco, «Quarto Crescente», com produção de Guilherme Inês. A grande diferença em relação aos discos anteriores está na sonoridade, que para além da introdução de instrumentos como a sanfona, a gaita de foles e a harpa celta, parte, também, de uma nova formação: dos cincos elementos do grupo, três deles são novos e de áreas diferentes como o jazz, a música clássica a dance music.
É um trabalho coeso e apaixonante que evidencia a maturidade alcançada pela banda após nove anos de palcos e estúdios.
Para 2003 está prevista a edição do 5º álbum do grupo.
Discografia:
«Contos de Fragas e Pragas», 1992;
«Até o diabo se ria», 1995;
«Entre luas», 1997;
«Quarto Crescente», 2000;
Site: http://www.vaschier-producao.pt
Quinteto Rodrigo Gonçalves
Rodrigo Gonçalves (piano) - Nascido em Lisboa em 1972, Rodrigo Gonçalves iniciou os estudos de piano aos 6 anos de idade com a professora do Conservatório Nacional, Ana Domingues. Posteriormente, estudou música no Instituto Gregoriano de Lisboa de 1984 até 1990, altura em que começou o estudo do Jazz. Freqüentou o «I Seminário Internacional ProJazz» no Estoril, dirigido por Rufus Reid, Kenny Burrell e Clark Terry. Desde 1994 que integra a Big Band do Hot Clube de Portugal. Em Dezembro de 1994, no Coliseu dos Recreios, tocou com a Orquestra Metropolitana de Lisboa a peça «Three Pieces for Blues Band and Orchestra» de W. Russo, no âmbito de «Lisboa Capital da Cultura». Fez parte, de 1995 a 1996, do Quarteto de Carlos Barretto, tendo colaborado com músicos como Perico Sambeat e Bob Sands. Em 21 de Setembro de 1996 toca com o seu trio no Concerto de Homenagem a Luís Villas-Boas, na Aula Magna. Participou em vários Festivais de Jazz, entre os quais se destacam os Festivais internacionais de Loulé, Funchal, Angra, Matosinhos, Porto e ainda no «Jazz em Agosto» na Gulbenkian. Em Março de 1998 tocou nas comemorações dos 50 anos do Hot Clube de Portugal com o Moreiras Quinteto e o Quarteto de Ana Paula Oliveira, com o qual realizou concertos em Madrid, Roma, Berlim e Copenhaga, no famoso Tivoli. Já trabalhou com músicos como Carlos Martins, Laurent Filipe, Zé Eduardo, Jesus Santandreu, Avishai Cohen, Dave O’Higgins, Marcello di Leonardo, Stefano D’Anna, François Theberge, Mike Zwerin, John Ellis, Antonio Sanchez, Mark Turner e os lendários Von Freeman e Benny Golson. Em 2001 participou na gravação dos CDs «Ciclope» (Tone of a Pitch) do quinteto de Nelson Cascais e «A tribute to Bessie Smith» (EMI/Blue Note) de Laurent Filipe/Jacinta. Actualmente é professor da disciplina de combo na Escola de Jazz do Hot Clube de Portugal. Além de liderar um trio e um quinteto, toca regularmente com o Quarteto de Ana Paula Oliveira, Big Band do Hot Clube de Portugal e várias outras formações nacionais.
Perico Sambeat (Sax Alto) - Começa a estudar piano e solfejo aos seis anos de idade. Em 1980 inicia o estudo do saxofone como autodidacta. Muda-se para Barcelona em 1982, onde conclui os estudos clássicos de flauta ao mesmo tempo que se inscreve no Taller de Mùsics, estudando harmonia e arranjos com Zé Eduardo. Em 1991 muda-se para Nova Iorque e inscreve-se na New School, tendo tido a oportunidade de tocar com Lee Konitz, Jimmy Cobb, Joe Chambers, etc. Já trabalhou com Steve Lacy, Daniel Humair, Fred Hersch, Bob Moses e Louis Bellson, entre outros. Já tocou em festivais e clubes por todo o mundo. Possui mais de 10 discos gravados como líder, tendo já participado em mais de 40 gravações. Entre os numerosos prémios que ganhou merecem especial destaque os seguintes: 1º lugar na Muestra Nacional de Jóvenes Intérpretes de 1990, quatro prémios «Jazz entre amigos» (melhor grupo em 1987, 1998 e 1990 e melhor solista em 1990), melhor saxofonista alto espanhol pela revista Satchmo Jazz 1996 (votação dos leitores), melhor saxofonista de 1994 e 2000 (Associação de músicos da Catalunha) e 2001 (Associação de músicos de Jazz de Valência).
Mário Delgado (Guitarra) - Mário Delgado começou os seus estudos na Escola de Jazz do Hot Clube, ainda quando José Eduardo e David Gausden leccionavam na cave da Praça da Alegria. Prosseguiu os seus estudos na Academia dos Amadores de Música e prolongou a sua formação envolvendo-se em ateliers com alguns dos mais importantes guitarristas de Jazz contemporâneos como Barney Kessel, John Abercrombie, Bill Frisell e Atilla Zoller, ou com mestres como Jimmy Giuffre, David Liebman, Steve Lacy, Han Bennink, Paul Motian e Joe Lovano, entre outros. Em 1992 junta-se ao guitarrista José Peixoto e ao percussionista José Salgueiro para desenvolver um projecto que culminará na gravação do álbum «Taifas», cruzando um espaço musical que se abria ao universo das sonoridades árabes e mediterrânicas também presentes na música do cantor Janita Salomé, com o qual Delgado também gravou. Divide-se actualmente entre vários projectos, nomeadamente o seu próprio grupo «Filactera» (uma aventura pela Banda Desenhada!) e o Trio de Carlos Barretto. Quase todos estes projectos têm já discos editados: «Filactera», «Suite da Terra», «Silêncios» e «Radio Song». Com Maria João e Mário Laginha, participou na digressão europeia de «Danças» e na gravação do mais recente disco «Undercovers».
Alexandre Frazão (Bateria) - Natural do Rio de Janeiro, vive em Portugal desde 1987. Estudou com Alan Dawson, Kenny Washington e Max Roach, com quem participou num Workshop-concerto (Jazz em Agosto 95) na Fundação Calouste Gulbenkian. A sua actividade musical caracteriza-se pela multiplicidade de estilos, embora a principal referência seja o jazz e a música improvisada. Entre as gravações que efectuou destacam-se os discos «Tempo» de Pedro Abrunhosa, «Hoje» de Mário Laginha e «Navegantes» de Rão Kyao, representando assim a sua versatilidade em vários estilos. É co-fundador do grupo Ficções (CD`s «Aqua» e «Zambra») e Tim Tim por Tim Tum (CD «Diálogos de Bateria»). É membro da Orquestra «Sons da Lusofonia» (CD «Caminho Longe»).
Rádio Tarifa (Espanha)
Os Rádio Tarifa são uma das glórias da cena mundial da world music cujo som atravessa culturas e continentes, das profundas paixões do flamenco espanhol até ao mistério dos antigos ritmos das mouras Kasbashs.
Nomeados em 2001 como a melhor banda Europeia nos BBC World Music Awards, a sua música é uma irresistível mistura de sons mediterrâneos, modelos de flamenco e elementos árabes com uma instintiva raiz medieval. O seu vocabulário musical mistura elementos de canto medieval, polifonias da Renascença, danças árabes, ritmos de flamenco, tons de folclore, rock, jazz e blues. Os instrumentos utilizados incluem Derbuka (tambor árabe em cerâmica), Ney (flauta egípcia), guitarra espanhola e baixo eléctrico. O sucesso dos seus concertos é fácil de explicar, pois é em palco que Radio Tarifa nos fazem entender porque são um grande suporte do panorama musical em Espanha. Vamos ver e ouvir oito excelentes músicos, autênticos virtuosos com os seus instrumentos.
Discografia:
Rumba argelina – 1993;
Temporal – 1996;
Cruzando el rio – 2000;
Fiebre – 2003;
Site: http://www.radiotarifa.com
Realejo
Criado em 1990, o Realejo surgiu como consequência natural do esforço de investigação e recuperação de instrumentos tradicionais portugueses realizado por Fernando Meireles. Entre estes destaca-se a sanfona, instrumento em evidência no repertório executado pelo grupo. Sendo assim, o Realejo tem percorrido todos os estilos musicais da música para sanfona, desde a Idade Média aos românticos do séc. XVIII, passando pelos compositores franceses e pela herança do folclore tradicional. O Realejo dedica-se, pois, à interpretação das tradições musicais europeias, com ênfase especial para a sanfona, instrumento que havia desaparecido do universo musical português durante o séc. XIX e que foi recuperado por Fernando Meireles, baseando-se em imagens de presépios dos séc. XVII e XVIII.
A música executada pelo Realejo, sugere uma viagem pelas harmonias celtas, com ecos britânicos e galegos em conjunto com a música de herança tradicional portuguesa. É objectivo do grupo revelar raízes tradicionais da música com as suas diversas formas de expressão, sempre com o compromisso de um projecto que se pretende cuidado e rigoroso.
Em 1995 o Realejo lança o seu primeiro CD, «Sanfonia» editado pela Movieplay. Em Julho de 1997 actuou nos «Rencontres Internacionales des Luthiers et Maîtres Sonneurs de Saint Chartier» (França), sendo a primeira vez que um grupo português se apresentou naquele santuário da música tradicional mundial. Em 1998, o grupo lançou o seu segundo CD «Cenários», editado pela Movieplay.
Fernando Meireles (Sanfona, bandolim e cavaquinho);
Amadeu Magalhães (Gaita de foles, flautas, viola braguesa,
concertina, bandolim e cavaquinho);
Fernando Araújo (Baixo acústico);
Jorge Queijo (Percussões);
Miguel Veras (Viola Clássica);
Catarina Moura (Voz);
Catarina Trota (Voz).
Ronda dos Quatro Caminhos
com grupos vocais alentejanos e orquestra clássica
de cordas
A Ronda dos Quatro Caminhos comemora este ano os seus vinte anos de existência na divulgação e recuperação da música Tradicional Portuguesa com o novo disco «Terra de Abrigo», tendo a ideia original surgido na gravação do último disco da Ronda em 2000, gravado ao vivo em Évora.
Este disco foi baseado em temas do cancioneiro alentejano. O Alentejo foi, entre os séculos VII e XV, a parte ocidental do Al-Andaluz , nome dado às regiões hoje conhecidas como Alentejo, Algarve e Andaluzia durante a presença muçulmana. Apesar de esta presença no território hoje português só se ter verificado até ao séc. XIII, são notórias as influências deixadas pelos muçulmanos na nossa cultura: na comida, na arquitectura, nos costumes e mesmo na língua. Será lógico pensar que em cinco séculos alguma coisa tinha de ficar de herança. Alguns dizem que os camponeses que ouvimos neste disco são disso exemplo, mas isto não está contudo provado, nem sabemos se algum dia estará. No entanto, no Alentejo há a tradição dos coros polifónicos como em outras partes da bacia mediterrânica. Para além de todas as influências, ligações e raízes que podemos ouvir nesta bonita maneira de cantar, a música existe por si só, fortemente enraizada nesta parte de Portugal.
Este álbum, Terra de Abrigo», não pretende ser um tratado etnomusicológico, mas uma recriação e uma tentativa de unir a música clássica com a música popular e unir pessoas que vivem na mesma área de influência musical.
Do disco podemos reter e saborear as palavras de José Saramago:
«O que mais há na terra, é a paisagem. Por muito que do resto lhe falte, a paisagem sempre sobrou, abundância que só por milagre infatigável se explica, porquanto a paisagem é sem dúvida anterior ao homem e, apesar disso, de tanto existir, não se cabaou ainda. Será porque constantemente muda: tem épocas no ano em que o chão é verde, outras amarelo, e depois castanho ou negro. E também vermelho, em lugares, que é de cor de barro ou sangue sangrado. Mas isso depende do que no chão se plantou ou cultiva, ou ainda não já, ou do que por simples natureza nasceu, sem mão de gente, e só vem a morrer porque chegou o seu último fim. Não é tal o caso do trigo, que ainda com alguma vida é cortado. Nem do sobreiro, que vivíssimo, embora por sua gravidade o não pareça, se lhe arranca a pele. Aos gritos.»
Os Ronda :
Pedro Fragoso, Pedro Pitta Groz, Mário Peniche, António
Prata, Carlos Barata e João Oliveira
Músicos convidados para o espectáculo na Festa do Avante!:
Rancho de Cantadores de Vila Nova de S. Bento, Grupo
de Cantares de Évora e ainda uma orquestra clássica.
Discografia:
Site: http://www.rondadosquatrocaminhos.com
Renderfly (Portugal)
Não parece o primeiro, tal é a sua maturidade ... mas acreditem que é.
Os Renderfly oferecem-nos «Beyond Because...», o álbum de estreia que apresenta 11 canções em refinado estado de pureza, carregado de melodia e intensidade. Canções objectivas, intencionais, dirigidas aos que, nos tempos que correm, exigem mais do que somente um álbum de estreia de uma banda nova.
Quando entramos em «Beyond Because...» descobrimos um fio condutor que nos guia numa viagem através de grandes momentos do Pop/Rock, versão 2003. E na escolha final não descortinamos qual a nossa canção eleita, tal é a amplitude proposta. Relembramos o hit-single que é «Fallen Star». Descobrimos as guitarras em «The Exploding Ticket». Viajamos no balanço de «The Invisible Man». Repetimos obrigatóriamente a melodia fabulosa do novo single «Theme #4». Paramos para sentir «Moonshine». Agitamo-nos com «Collide». Questionamos a simplicidade acutilante de «Why?». Disparamos rumo ao desconhecido que nos aguça a curiosidade quando ouvimos sem parar as melodias que nos enleiam - «Making It», «Shine», «Beyond because...», «Karmavore».
Naturalmente sentimos em «Beyond Because...» a força motriz da produção de Clive Goddard & Andrew Torrence.
E quando avançamos na busca do som perfeito descobrimos a importância da masterização de John Cuniberti no Record Plant Studio em San Francisco.
Nas canções de « Beyond Because...» os Renderfly traçam um caminho de entrega total, acreditando que a música é definitivamente um veículo transmissor de emoções. Desta forma encontram uma fórmula simples, para uma banda genuinamente verdadeira.
Uma conversa de café...talento...trabalho...paixão.
Esta foi a formula para o nascimento dos Renderfly, que tomou forma no final do ano de 2001, na cidade do Porto.
A sua música tem como factor impulsionador a capacidade de conceber canções em que a melodia e o conhecimento da técnica se aliam para formar um conceito musical que nos leva a sentir várias paisagens sonoras, ora tranquilas ora com explosões de puro rock.
Com este conceito os Renderfly lançaram-se à estrada e durante 2002 percorreram vários pontos do país, levando-os a tomar de assalto palcos em Vilar de Mouros, Festival do Tejo, Noites Ritual Rock, entre outros. A boa recepção do público foi um enorme estímulo.
O convite para integrar a compilação de novas bandas portuguesas, «Pop Up Songs 2002» e a consequente tour de espectáculos de divulgação, foi aceite com entusiasmo. Os Renderfly foram escolhidos como responsáveis pelo single de apresentação da referida compilação, «Fallen Star», com a qual lideraram o Air-play da Antena 3 e outras estações de rádio, durante várias semanas.
Em 2003 «Beyond Because...» dá a conhecer canções a que ninguém pode ficar indiferente. A banda sente o mundo a crescer à sua volta. E sabem que estão preparados para o tomar.
Andrew Torrence (Voz e Guitarra);
David Humberto (Baixo);
Hugo Barnabé (Guitarra);
Pedro Bessa (Bateria)
Discografia:
Beyond because – 2003;
Site: http://renderfly.clix.pt
Segue-me à Capela
- «vozes e rituais no tempo»
A história
Em Março de 1999, o dono do Bar Botirão, de Aveiro, desafiou Cristina Martins para realizar um espectáculo de música tradicional portuguesa no seu estabelecimento. Esta antiga cantora do GEFAC (Grupo de Etnografia e Folclore da Academia de Coimbra) convidou cinco amigas, com quem tinha trabalhado no GEFAC, para organizarem um reportório de música tradicional portuguesa cantado a capella para uma apresentação ao vivo que teve lugar no dia 1 de Abril desse ano.
A experiência foi tão bem sucedida que o grupo, organizado ocasionalmente para aquele evento, continuou a existir, mantendo uma actividade regular de apresentações ao vivo, nomeadamente em Festivais de Música Tradicional tanto em Portugal (Intercéltico do Porto, Cantigas do Maio no Seixal, etc.) como em Espanha (Folk Segóvia, Etnosur, Huesca Folk, etc.).
As cantoras
Actualmente com sete cantoras, as Segue-me à Capela são:
Cristina Martins, assistente social, frequentou aulas de canto e de educação musical no Conservatório de Música de Aveiro. Fez parte do grupo Raíz de Aveiro, do GEFAC e do grupo Vera Lenda, tendo colaborado com a Brigada Victor Jara, com quem se apresentou numa das edições da Festa do Avante.
Mila Bom, magistrada, integrou o GEFAC, cantou no Grupo Coral do CEJ (Centro de Estudos Judiciários) e teve participações em teatro.
Margarida Pinheiro, professora de Biologia, estudou piano nos Conservatórios de Música da Covilhã e de Coimbra e integrou o GEFAC.
Graça Rigueiro, farmacêutica; além do GEFAC, fez parte do grupo de música tradicional As Mondeguinas, uma tuna feminina criada no âmbito da Academia de Coimbra, com a qual gravou um disco. Participou no espectáculo realizado pela Brigada Victor Jara na Expo’98.
Catarina Moura, licenciada em Ciências da Educação, passou igualmente pelo GEFAC e, actualmente, faz parte do grupo de música popular da Tuna Académica de Coimbra, Realejo e Brigada Victor Jara, com quem gravou o álbum «Por Sendas Montes e Vales». Já participara com o mesmo grupo num espectáculo na Expo’98 e na gravação do disco «Novas Vos Trago» (coros).
Maria João, médica, fez o curso geral de piano no Conservatório de Música da Covilhã e integrou o Coro Misto e Orfeão Académico de Coimbra.
Cristina Rosa, licenciada em Ciências Musicais; estudou piano e canto nos Conservatórios de Música de Aveiro e de Vila Nova de Gaia. Fez parte do grupo de música popular Raíz de Aveiro, Coro da Gulbenkian e Camerata Vocal de Lisboa.
A música
Apesar dos instrumentos de percussão que utiliza ocasionalmente, o grupo Segue-me à Capela é uma perspectiva da música tradicional portuguesa traçada apenas pela voz. E a voz desdobra-se para lá do canto, para recriar ambientes de trabalho, romaria e alguma folia.
Do seu reportório fazem parte cantares tradicionais recolhidos por Michel Giacometti, José Alberto Sardinha e pelo GEFAC.
Embora procure reproduzir os arranjos vocais registados nas recolhas que aborda, Segue-me à Capela recria-os, acrescentando-lhes novas linhas que conferem aos temas uma imagem diferente e «modernizada», sem perder o sabor ancestral das versões originais.
Os instrumentos
Os instrumentos do grupo são as vozes. Foi precisamente o fascínio do mais antigo instrumento musical humano que fez mover este projecto de revitalização da música tradicional portuguesa. Os instrumentos de percussão ou certos elementos cénicos que integram nos seus espectáculos amplificam o papel da voz, reforçando os climas ora de drama, ora de festa, recriados pelo canto.
Todos os elementos de percussão que usam reportam-se à cultura popular portuguesa, com especial destaque para o adufe.
Cristina Martins – voz (soprano) e percussão;
Mila Bom – voz (contralto) e percussão;
Margarida Pinheiro – voz (contralto), flauta e percussão;
Graça Rigueiro – voz (contralto) e percussão;
Catarina Moura – voz (soprano) e percussão;
Maria João Pinheiro – voz (contralto);
Cristina Rosa – voz (mezzosoprano);
Músico convidado – (percussão).
Schalmeienkapelle (Alemanha)
Trata-se de uma banda que voltará de novo este ano à Festa dado o assinalável êxito que obteve o ano passado nas diversas animações de rua e em vários dos pequenos recintos e palcos da nossa Festa. Deixaram por cá diversos fãs.
A banda, dirigida por uma mulher, é alemã e inclui no seu repertório músicas do movimento operário germânico e internacional como a «Bandiera Rosa», «Venceremos», «We shall Not be Moved» e a «Internacional». Os instrumentos que tocam foram desenvolvidos no início do séc. XX, com o objectivo de serem fáceis de tocar por qualquer membro do movimento sindical, inclusive por quem não tivesse qualquer tipo de educação musical. Foi ao som destes instrumentos que tiveram lugar muitas lutas políticas e culturais nas décadas de 20 e 30. Durante o nazismo estas bandas foram proibidas e muitos músicos foram presos. Actualmente restam poucos grupos a praticar esta tradição e também por isso o projecto deve ser acarinhado e divulgado.
Por tudo isto, pela qualidade, bem como pelo seu empenhamento revolucionário os SchalmeienKapelle são de novo bem vindos à nossa Festa do Avante!
Sloppy Joe
A diferença, aquilo que tantos de nós procuramos, podemos encontrá-la na música e atitude dos Sloppy Joe. Formaram-se ao som do Ska e do Reggae, com tonalidades dub, mas rapidamente ampliaram o seu universo de influências. Este é tão variado que acabam por se perder, no emaranhado do conjunto, as referências originais, disseminadas que estão num todo multicultural, característica principal da banda. A música dos Sloppy Joe é pop e popular; descomprometida e prometedora. É universal, de versos vários; mediterrânica, do fim da terra, característica principal da banda; portuguesa, de todo o mundo. As suas prestações ao vivo, em tempos descritas como um «misto de casamento de ciganos e backsatage dum espectáculo de circo», demonstram hoje, volvidos alguns anos de estrada, uma outra serenidade e consistência, sem que se perca o melhor da exuberância de outrora.
Marta Ren (Voz);
Sérgio Pires (Baixo);
Mariana Ribeiro (Guitarra);
Marco Oliveira (Guitarra);
Tito Santos (Sax Alto);
Nuno Martino (Trompete);
Manu Idhra (Percussões);
Filipe Deniz (Bateria, percussões).
Discografia:
Flic Flac circus – 2003;
Site: http://www.sloppyjoe.com.pt
Terrakota
Dos Terrakota germina uma música vegetal enraizada na África negra que bebe sonoridades do Sahara, das Caraíbas, das Índias, do Ocidente e cresce sob o sol Jamaicano.
Na maioria dos casos, a música africana é simplesmente a expressão da vida através de sons, na qual o músico além de imitar a natureza, usando instrumentos musicais «naturais», reverte também o processo, ao pegar em sons naturais para incorpora-los na sua música. Este é o ponto de partida dos Terrakota que, baseando grande parte da sua música em harmonias e ritmos tradicionais populares africanos e usando uma série de instrumentos de vários pontos do globo, para além de instrumentos dos grupos ocidentais (baixo, guitarra e bateria), executam uma fusão cuidada em que cada novo som ocupa o seu espaço na trama rítmica sob a qual os temas se vão desenrolando.
Numa época em que a maioria das vertentes da música moderna ocidental parece avançar vertiginosamente para um beco sem saída, muitos músicos do ocidente estão a virar-se para novas referências dos quatro cantos do mundo. Procuram assim criar sonoridades frescas e dar à sua música a alma que ela tarda em encontrar no Mundo Ocidental em que quase tudo é produzido por um cérebro humano sozinho em frente ao seu mega computador. É como se, tal como o planeta Terra, em avançado estado de degradação, a música ocidental também precisasse de um processo de desintoxicação, um regresso à natureza para voltar a respirar...
Em 1999, três dos músicos do grupo, depois de alguns anos de estudo aprofundado da percussão madinga, fazem uma viagem à África Ocidental (Senegal, Mali, Burkina Faso e Costa do marfim), onde entram em contacto com uma variedade de novas harmonias e rítmicas com uma pureza e simplicidade desconcertantes. O grupo é criado logo ali e inicia as suas primeiras experiências em solo africano, bebendo ensinamentos tanto de músicos de renome como de simples cidadãos africanos. Antes do regresso, adquirem uma série de instrumentos tradicionais, construídos com matérias primas provenientes da natureza, e aprendem os rudimentos das técnicas usadas para tocá-los e construí-los. Já em Lisboa, continuam o trabalho iniciado em África e, acompanhando o crescimento do grupo, juntam-se-lhes numa primeira fase mais três elementos de proveniência musical diversa e, no ano seguinte, o último dos sete músicos actuais. Ao longo destes dois anos de trabalho o grupo vai dando passos seguros e planeados na criação de um som próprio quente e exótico e na realização de espectáculos contagiantes nos quais o público é levado numa viagem transafricana a terminar em grande Festa.
Hoje a música dos Terrakota pode ser descrita como uma efervescente fusão de sonoridades africanas provenientes tanto do continente-mãe de todos os destinos migratórios do povo africano espalhados pelo planeta, sendo todas as influências catalisadas numa reacção de energias vibrantes e explosivas. O grupo também partilha com os africanos uma forte paixão pelo reggae que duma forma geral tem em África a dimensão que o pop –rock tem no Ocidente, dando-lhe grande destaque no desenvolvimento do seu trabalho.
Os Terrakota são:
Alex, Humberto, Júnior, Francesco, Natan Rami, David.
Discografia:
Site: http://terrakota.home.sapo.pt
Tucanas
O grupo Tucanas, criado em 2001, apresenta um trabalho com sonoridades acústicas através de percussão e voz. São cinco mulheres que apostaram os seus argumentos criativos na construção de instrumentos e composição de temas inspirados nas tradições portuguesas, africanas e brasileiras.
Influenciadas pelas suas actividades em áreas tão diversas como Teatro, Dança, Música Tradicional Portuguesa ou o Rock, as Tucanas são compositoras e autoras dos seus próprios temas interpretados com bidons, cabaças, baterias, surdos, djenbés, dumbas, entre outros.
O espectáculo das Tucanas tem uma uma forte componente cénica: brincam e jogam com o ritmo e a harmonia dentro de um visual muito próprio - entre a sensibilidade feminina e a força rude de tocar percussão.
As Tucanas são:
Sara Jónatas; Joana Neves; Mónica Rocha; Tânia Lopes;
Xana Abreu.
Site: http://tucanas.no.sapo.pt
Telectu
Telectu é um projecto activista junto aos mais significativos performers portugueses (e.g. Centro Pompidou,1984) e videastas, cenógrafos, realizadores; devir mágico, pacífico, e maravilhado por uma estirpe de músicos convidados Elliott Sharp, Evan Parker, Chris Cutler, Eddie Prévost, Carlos Zíngaro, Jac Berrocal, Daniel Kientzy, Paul Lytton, Louis Sclavis, Sunny Murray, Tom Chant, John Edwards, Gerry Hemingway, Ikue Mori,Paul Rutherford, Barry Altschul, Giancarlo Schiaffini, Herb Robertson.
Telectu passou por alguns dos mais importantes palcos da música clássica contemporânea e/ou experimental (e.g. Moscovo 85, Havana, Beijing, New York, Bucareste, Paris, Salle Olivier Messiaen da GRM, CCB, Positive, Nova Iorque, Spit e Ocean em Londres, Madrid, Barcelona, Sevilha, Granada, Vigo, Perpignan, Moulouse, WULK em Viena, Macau, Hong Kong ); centenas de participações em festivais, Festas (e.g. Avante! - presença permanente desde 1983, junto a virtuosos da improvisação). Muitas das actuações foram editadas em disco (e.g. os primeiros a gravar e a ser editados pela URSS, «Telefone»; pela Republica da China, «Biombos»; na Knitting Factory em Nova Iorque - o que demonstrou Telectu como empreendimento cultural isento, sem conluios políticos e capitalistas; foi sempre uma prova de resistência – e visitou lugares nacionais os mais honráveis, que deram verdadeiramente o alento à criatividade - 26 discos (LP, CD, reedição em CD); grande parte das editoras independentes se iniciaram com um disco de Telectu (com relevância histórica Smil edições Circa de projectos Live e multimediáticos Smúsica, concerto e instalação) e pelos inumeráveis contactos com alguns dos mais importantes criadores.
Jorge Lima Barreto - Anteriormente, nos anos 1970 no Porto, Jorge Lima Barreto realizou as primeiros experiências de música /video art e performarte; executou o primeiro solo para piano e banda magnética no Cascais Jazz 1974; a solo ou com a Anar Band gravou «Anar Band» e «Encounters» com Saheb Sarbib (resp. 1976 e 1977); «Kits» ,em sintetizador, piano preparado e rádio, e Carlos Zíngaro em violino acústico e electroacústico (que foi verdadeiramente o primeiro disco de música improvisada em Portugal, assumida como tal em 1987) prodigalizou a música contemporânea em todos os seus quadrantes, como concertista, crítico e musicólogo. Após 30 anos dum conspícuo polinstrumentismo (e.g. banda magnética, cassete, bateria, piano eléctrico, sintetizador, cravo electrónico, controladores de ritmo, rádio, tecla, sopro e percussão, sampler) e em representações musicais e multimediáticas vicariais, reactualizou um estilo próprio de piano desde a Expo 98, que até hoje explora.
Vítor Rua (guitarras & electrónica) - Em 1978 o Vitor Rua inventara o GNR, que ainda hoje existe, com um êxito sem precedentes no pop-rock nacional, inovador e irreverente. Numa viagem a Nova Iorque em 1981, Vitor Rua e Jorge Lima Barreto decidiram concretizar o projecto Telectu. Fundaram o duo TELECTU, primeiramente ligado ao poliartista António Palolo e apostado na tipologia da música minimal repetitiva e interarte com instalações, vídeos, diaporama, plantas numa definição de «video garden»; performarte; capas de discos e caixas de Lp´s e CD´s de especial design, booklets, posters, bupis; instalações video e multimedia,congeminadas por TELECTU.
Desde há 20 anos que existe entre os dois artistas um encantamento musical. Vitor Rua a experimentar diversos contextos hi-tec da aparelhagem e da panóplia instrumental analógica e digital, e sobretudo na engenharia do som e de produção editorial audiovisual, para disco, performdance, filme, video, teatro. Grande criador artístico, videasta, poliartista, compositor e improvisador, Vítor Rua é um marco vivo na História da Música Portuguesa de Hoje.
Revelou-se um compositor inusitado ao propor peças solísticas, para Ensemble, a alguns dos expoentes mundiais da especialidade instrumental; o seu trabalho tem sido interpretado em alguns dos mais importantes proscénios nacionais e internacionais.
Principalmente, e considerando a sua acção de instrumentista no Telectu, cujo vigésimo aniversário se comemora, Rua tem levado a cada situação as mais avançadas técnicas, surdinas analógicas e digitais, mesas de mistura, DAT, realização magistral de video, tape, sintetizações, sampladélia.
Convidados:Eddie Prevost (bateria, percussão & electrónica) - Prévost, percussionista, compositor e musicólogo, foi co-fundador do lendário AMM, trabalhou junto a Cornelius Gardew e o seu estilo mantém-se ainda hoje na vanguarda.
Quatro músicos em palco, vídeos e plantas numa instalação multimédia, para executarem uma música para lá dos julgamentos habituais, transportando o assistente para longe ou para dentro de si; onde o tempo se suspende, expande e a invenção inesgotável, jogo que reformula um discurso sofisticado e o mais livre, oferecendo ao auditor uma experiência única.
O músico americano Morton Feldman disse um dia que o objectivo mais caro a um compositor seria que a música se compusesse e organizasse por ela própria; este pensamento poderá ser um ponto de partida para compreender e fruir a arte musical que Lima Barreto e Prévost nos oferecerão nesta memorável reunião experimentalista.
John Edwards - É um dotado contrabaixista que desenvolveu um conceito instrumental que unifica de maneira diversificada várias componentes musicais. Provavelmente mais conhecido pelos seus trabalhos de improvisação, Edwards sempre se envolveu em projectos musicais de diversas influências e estilos musicais, nomeadamente nos campos da composição com computador, dança contemporânea, jazz, folk e teatro. Formou em 1987 os «Pointy Birds» e tocou ao longo da sua carreira com inúmeros músicos entre os quais se destacam Roger Turner, Lol Coxhill, Maggie Nicols e Phil Minton. No âmbito dos trabalhos discográficos participou nos projectos de Harry Beckett, Charles Hayward, Pat Thomas, Shock Exchange, Caroline Kraabel, Alan Tomlinson Trio, Steve Noble Quartet, Spaceheads, Andy Diagram, Richard Harrison, John Butcher, Paul Dunmall e Éddie Prévost.
John Butcher - Vive actualmente em Londres e toca saxofone há já 25 anos, tendo iniciado os seus estudos musicais ao mesmo tempo que frequentava a universidade de Surrey na área da física. Tocou com diversos grupos de jazz com o pianista Chris Burn e fez algumas incursões nos domínios da improvisação. Durante o tempo que passou em Londres para fazer o doutoramento continuou a desenvolver intensa actividade musical. Quando deixou a universiddae em 1982, concentrou o seu interesse na improvisação, campo que tem vindo a desenvolver nas suas variadas vertentes. Tem participado em diversos projectos com Burn, mas também com John Russel e Phil Durrant, Paul Lovens e Radu Malfatti, entre muitos outros. Desde que em 1992 lançou o CD «Thirtheen friendly numbers», que os concertos a solo se tornaram num dos seus projectos especiais.
A música electrónica foi uma das primeiras influências na sua aproximação ao saxofone e tornou-se notória no duo electromanipulação com Phil Durrant. O trio de sopros com Axel Doerner e Xavier Charles foi descrito como executando música electrónica com instrumentos acústicos. Desde as primeiras visitas ao Canadá e aos EUA que Butcher estabeleceu inúmeras ligações com músicos norte americanos, tendo trabalhado com Michael Zerang, Gino Robair ou Mathew Sperry. Em 1997 integrou o grupo austríaco Polwechel e participou em algumas gravações deste agrupamento.
Discografia:
Site:
Tocá Rufar
Presença já habitual nas últimas edições da Festa do Avante!, os Tocá Rufar têm toda a legitimidade para serem considerados como um projecto inovador e arrojado, integrador de várias camadas juvenis através da música, em particular da percussão. Dos Tocá Rufar têm nascido uma série de outras experiências musicais que ali cresceram e sedimentaram e agora começam a voar pelos próprios meios, como é, por exemplo, o caso das Tucanas, que também estarão este ano na Festa. O apito organizado, compreensivo, mas disciplinador de Rui Júnior, percussionista com largo curriculum na história da música portuguesa tem sido o dinamizador empenhado de todo o projecto. Os jovens descobrem com ele o prazer dos ritmos e das batidas e expressam a sua liberdade de participação cívica neste Centro de Artes e Idéias Sonoras que bem merece o carinho, apoio e incentivo das instituições portuguesas. Na Festa os Tocá Rufar estarão também presentes nos ateliers e workshops de percussão abertos à participação de todos.
Discografia:
Site: http://www.tocarufar.com
Xutos & Pontapés
– A banda de culto
O que se pode dizer de novo dos Xutos & Pontapés? Que se há rock em Portugal ele é representado nesta banda? Que se há canções que atravessam gerações no nosso país, são as deste grupo? Que se há exemplo de associação entre a música popular e capacidade de intervir, é dado pelo comportamento dos elementos desta formação? Um anúncio de jornal juntou-os em 1979 e daí para cá aconteceu uma história exemplar para o rock português – um percurso que se inicia a tocar em ensaios de uma garagem, até ao estrelato e à institucionalização. O que não é nada vulgar é esta permanência constante ao longo do tempo, este saber viver e sobreviver num meio onde tudo, por norma, é curto e efémero. Ainda por cima marcando posição, muitas vezes marginal, sobre a indústria em que trabalham, ajudando à formação de novas correntes, de novos grupos, apadrinhando a afirmação dos novos. O seu espectáculo demonstrará, seguramente, mais uma vez, um rock enérgico que explica como o rock deve ser. Que mais se pode dizer para além de serem já considerados em Portugal como a Banda de Culto?