Carlos Barretto Trio
A propósito de contrabaixo, falemos de um conceituado contrabaixista do jazz português. Carlos Barreto, nascido em 1957, lidera um trio de músicos com credenciais invulgares. Comecemos pelo próprio Barreto e algumas das frases que a crítica especializada escreveu sobre ele: "Carlos Barreto, contrabaixista que hoje figura entre os actores mais estudiosos e polivalentes do Jazz nacional" (Manuel Jorge Veloso no "Diário de Notícias"); "Magnífico! Dotado de uma musicalidade suprema" (Arnaud Merlin no "Jazz Hot"); "As palavras dizem pouco, tal é a emoção que sentimos ao ouvir a sua música" (Libération, França); "Se alguém domina o contrabaixo dentro do Jazz europeu é o português Carlos Barreto" (Guia del Ocio, Espanha); "Barreto é, sem dúvida, o compositor de temas jazz mais destacado nesta época e um solista com bom tom e som. Um músico com iniciativa e trabalho apresentado. Faz mais do que fala. Parabéns" (José Duarte em "A Capital"); "Barreto, muito mais do que um dos nossos melhores contrabaixistas, aprofunda a sua visão global de jazzman, incluindo uma crescente afirmação como compositor" (António Curvelo no "Público").
Quanto a elogios estamos conversados. O que importará realçar é o seu já longo trabalho, que inclui uma discografia de dez discos. A lista de músicos com que Barreto já tocou é extensa: Horace Parlan, George Cables, Kirk Lightsey, Alain Jean Marie, Mal Wadron, Brad Mehldau, Lee Konitz, Barry Altschul, Geroge Brown, Cindy Blackman, Joe Chambers, Jordy Rossy, Aldo Romano, Don Moye, Richard Galliano, Tony Scott, Glenn Ferris, Steve Grossman, Karl Berger, John Stubblefield, Steve Potts, Steve Lacy, Gary Bartz, Art Farmer, Jack Walrath, Marlon Jordan, John Betsch ou Gerad Presencer. Sim, é verdade, estão aqui algumas das figuras de topo do jazz da actualidade.
Mas se Carlos Barreto tem atrás de si todo aquele trabalho e prestígio, os outros membros do trio que o músico lidera estão, igualmente, nas listas dos mais criativos e importantes músicos portugueses actuais
Mário Delgado nasceu em 1962 e, depois de passar pela escola de jazz do Hot Clube de Portugal, dedicou-se ao estudo da guitarra clássica com José Peixoto e Piñero Nagy na Academia de Amadores de Música de Lisboa. Paralelamente integrou vários projectos e grupos com Carlos Martins, Maria João, Nana Sousa Dias, e foi convidado regularmente para tocar com músicos estrangeiros que se deslocavam ao nosso país.
Participou em vários seminários e workshops, nomeadamente com Atila Zoller, Bill Frisel, John Abercrombie, Barney Kessel, Kenny Burrel, Gary Burton, David Liebman, Jimmy Giuffre, Steve Lacy, Hans Benink, Derek Bailey, José Eduardo, Paul Motian, Red Mitchel, Joe Lovano e Hal Galper.
Em 1992 formou um trio de música instrumental com o guitarrista José Peixoto e o percussionista José Salgueiro (que reencontra neste trio de Carlos Barreto). Com este grupo gravou o CD "Taifa" em 1993. Em 1996 gravou "Ad Lib(itum)" da Orquestra Som do Mundo de Laurent Filipe. Ainda em Setembro e Outubro de 1996 participou na digressão do quarteto Danças de Maria João e Mário Laginha pela Suíça, Áustria e Alemanha, onde actuou em Festivais de Jazz como os de Willisau, Leverkusener e Viersen. Em 1997 começou a sua participação no trio de Barreto. A sua discografia conta cinco gravações.
Não há trio sem três, e o terceiro elemento deste grupo é José Salgueiro, que se iniciou na Academia dos Amadores de Música, no Conservatório Nacional de Lisboa e no Hot Clube de Portugal. Em 1988 foi para Barcelona estudar teoria da improvisação (bateria e trompete) no Tallers de Musics. Estudou com Max Roach, Billy Hart, Ron Maclure, David Liebman, Richard Beirach e Paulo Motian. Nos últimos anos realizou digressões em espectáculos com Maria João, Mário Laginha, Carlos Bica, José Peixoto e Carlos Barreto.
Pelo meio ficaram as participações em projectos e gravações de discos com os Gaiteiros de Lisboa, Bernardo Sassetti, João Paulo e Paulo Ribeiro e, claro, Carlos Barreto. José Salgueiro é um dos co-fundadores do projecto Tim Tim por Tim Tum e produtor de discos de pop, jazz, música tradicional ou, até, infantil. Em 1998 concebeu para a Expo o espectáculo "Adufe".