Intervenção da Deputada
Luísa Mesquita
Sobre os esforços do Governo português
para acompanhar e resolver as situações de discriminação
geradas pela colocação de crianças portuguesas
em escolas e classes especiais do sistema de ensino da Suíça
16 de Março de 2001
Sr. Presidente,
Sr.ª Secretária de Estado da Educação,
Estamos a falar de uma situação pontual, que é a do ensino
do português e da expansão da cultura portuguesa na Suíça,
mas era bom que a Sr.ª Secretária de Estado dissesse a esta Câmara
que os problemas do ensino do português e da difusão da cultura
portuguesa no estrangeiro não são um problema da Suíça,
são um problema do mundo, são um problema de toda a Europa. E
foi exactamente isto que concluíram os Deputados que integraram o grupo
constituído nesta Assembleia para avaliar o ensino do português
na Europa, nas visitas que fizeram. E tiraram estas conclusões, porque,
agora, se deslocaram lá, mas são problemas que o Partido Socialista
conhece muito bem. Há relatórios desde o fim da década
passada até ao início desta década feitos pelos conselheiros
das comunidades, pelas autoridades portuguesas, pelas autoridades estrangeiras,
e, portanto, o Ministério conhece exactamente todos estes problemas.
Sr.ª Secretária de Estado, não chega estar de acordo connosco,
como fez o Sr. Secretário de Estado das Comunidades perante as questões
que lhe colocámos, há que tomar medidas urgentemente. O Sr. Secretário
de Estado das Comunidades Portuguesas disse que a falta de dinheiro era efectivamente
uma realidade, que os problemas financeiros eram graves, não só
na Suíça como em outros países, que a falta de articulação
entre o Ministério da Educação e o Ministério dos
Negócios Estrangeiros era outra realidade, e não teve dificuldades
em afirmar que os problemas na Suíça eram graves no que tem que
ver com a situação de exclusão e de marginalização
dos alunos portugueses no sistema educativo da Suíça.
Entendo que a Sr.ª Secretária de Estado, face a esta terceira questão,
tenha uma leitura não tão preocupada, porque, tendo o Partido
Socialista optado também por esquemas de marginalização
e de exclusão de crianças, como, por exemplo, os currículos
alternativos, é natural que, para o Governo do Partido Socialista, esta
questão não seja muito prioritária.
Na nossa opinião, não é efectivamente pelo caminho da marginalização
e da exclusão dos alunos por dificuldades no processo de ensino e aprendizagem
que se resolve o problema, porque estamos a falar de crianças que não
têm problemas de deficiência mental; são crianças
que estão integradas em escolas de deficientes mentais, mas que têm
tão-só um problema linguístico, ou seja, ainda não
estão em condições de falar a língua suíça.
Portanto, Sr.ª Secretária de Estado, o que peço é
que apresente à Assembleia as respostas necessárias e urgentes
que estas questões preocupantes merecem.