Deputados do PCP rejeitam propostas da Comissão relativas ao
Orçamento para 2001
Nota do Gabinete de Imprensa dos Deputados do PCP no Parlamento
Europeu
16 de Maio de 2000
O Anteprojecto de orçamento da União Europeia para 2001 apresentado hoje pela Comissão Europeia representa 1,07% do PNB comunitário, tornando-se, assim, o orçamento de menor expressão relativa da última década e mesmo inferior, em termos reais, ao do corrente ano.
Longe ficam, desta forma, os objectivos máximos de despesas de 1,27% decididos na Cimeira de Edimburgo e confirmados na Cimeira na Berlim; para além de que se fica mesmo aquém dos 1,11% decididos para perspectivas financeiras de 2000-2006.
Sublinha-se, a este propósito, que a diminuição permanente do peso relativo dos sucessivos orçamentos, se deve a uma inaceitável política de restrição decorrente da aplicação do Pacto de Estabilidade e, bem assim, à intenção de criar uma margem de poupança com vista a financiar o futuro alargamento da UE.
Os deputados do PCP afirmam-se claramente contra esta estratégia, que põe em causa a função redistributivas do orçamento e o princípio da coesão económica e social e que atenta contra prioridades indiscutíveis nos domínios social e ambiental, da promoção do emprego e da cooperação.
Refere-se, entretanto, que o orçamento preconizado pela Comissão
é claramente marcado pela decisão de revisão das perspectivas
financeiras, pela mesma anunciada.
Salientam-se o corte de 600 milhões de euros na agricultura, em 2001
e 2002 e o corte de 1,4 mil milhões na política de cooperação
e desenvolvimento, entre 2001 e 2006.
Neste contexto, considera-se particularmente preocupante que, em 2001, e para
financiar o programa do Kosovo, se preconize um corte de 230 milhões
de euros na política de cooperação com os países
pobres e que, para garantir o financiamento do 5º programa-quadro de investigação,
se prevejam cortes noutras políticas, num igual montante de 230 milhões
de euros, incluindo as iniciativas de emprego (cerca de 150 milhões de
euros) e a política ambiental (cerca de 45 milhões de euros).
Os deputados do PCP rejeitam uma revisão das perspectivas financeiras
que vise financiar novas prioridades à custa de prioridades já
existentes.
Entretanto, e tendo em conta a experiência do passado e as regras mais restritivas que passarão a reger os fundos estruturais, os deputados do PCP afirmam a sua preocupação pelo perigo de estrangulamentos que poderão ocorrer face ao afastamento - que começa a desenhar-se - entre as autorizações de despesas e os pagamentos respectivos, ao nível desses fundos.
Finalmente, os deputados do PCP consideram que o Governo Português
deverá tomar mais atenção quanto a uma desejável
e possível maior transferência de verbas para Portugal decorrentes
de categorias orçamentais a que o país normalmente não
tem recorrido (as quais representam cerca de 20% dos montantes totais incluídos
no orçamento comunitário) e que incluem, nomeadamente, o programa-quadro
de investigação, as questões sociais, o apoio às
PME, o ambiente, a energia ou a cooperação com países
de menor desenvolvimento.