Relatório Purvis - futuro dos “fundos hedge” e dos instrumentos financeiros derivados
Declaração de Voto de Ilda Figueiredo
15 de Janeiro de 2004

 

Os fundos Hedge e os instrumentos financeiros derivados são dois bons exemplos do grau de “financeirização” da economia actual, onde, cada vez, mais os fluxos financeiros predominam sobre a economia real. Servem sobretudo para especulação financeira e, ao contrário do seu dito objectivo de cobertura dos riscos, aumentam os riscos sistémicos do sector financeiro, pois, devido aos elevados volumes financeiros (estimam-se que só os fundos Hedge representem cerca de 500 mil milhões de dólares!), aumentam o grau de volatilidade dos mercados de capitais. Os fundos Hedge estiveram por detrás da crise do sistema financeiro europeu de 1992 e da crise asiática de 1997-1998. Estudos recentes do FMI mostram o impacto das crises financeiras na redução do produto mundial. Muitos destes fundos localizam-se em paraísos fiscais, contribuindo também para o branqueamento de capitais.

Este relatório, que merece a nossa rejeição, enquadra-se na defesa do plano de acção dos serviços financeiros e visa estimular e apoiar estes instrumentos, chamando aos fundos “hedge” “veículos de investimento alternativo sofisticados”. O apoio passa por redução de regulamentações excessivas, aumentando assim o grau de liberalização do quadro regulamentar destes fundos, quando o que se impunha era exactamente o contrário, nomeadamente a criação de uma taxa sobre os movimentos de capitais, que geraria não só receitas para outras actividades, como ajudaria a combater movimentos puramente especulativos e controlar melhor estes instrumentos.