Constituição de uma comissão eventual
para a análise e a fiscalização dos recursos públicos
envolvidos na organização do EURO 2004
Intervenção do Deputado Bruno Dias
7 de Maio de 2002
Senhor Presidente,
Senhoras e Senhores Deputados,
Como temos vindo a afirmar, desde o início de todo este processo, o
PCP concorda e apoia a realização em Portugal do EURO 2004.
Nunca escamoteámos este facto, assim como nunca deixámos de denunciar,
primeiro, a tentação e o perigo; depois, a opção
política concreta (e a nosso ver, profundamente errada) de levar por
diante um investimento nos projectos do EURO 2004 que fossem à custa
- e em detrimento - de toda a restante prática desportiva em Portugal.
Assim o confirma a história recente das opções orçamentais
na área do desporto.
Por outro lado, e indo ao encontro da matéria versada no Projecto de
Resolução em causa, também recordamos, mais uma vez, que
sempre defendemos que a Assembleia da República acompanhasse de perto
os processos de investimento, de execução das obras e gestão
das verbas envolvidas neste projecto.
Há cerca de dois anos atrás, o PCP chamou a atenção
para o erro da opção por uma Comissão Eventual para acompanhar
esta matéria, criada que estava naquele momento a Comissão de
Juventude e Desporto, com toda a capacidade e dignidade institucional para assumir
estas funções.
Se nesse momento estava em causa (também) o esvaziamento de uma parte
importante do conteúdo de uma Comissão, já hoje estamos
confrontados com as consequências desse esvaziamento, e esse apagamento.
A decisão tomada por maioria nesta Assembleia, no sentido da diminuição
do número de Comissões Permanentes, apontou para a inexistência
de uma Comissão de Juventude e Desporto. O seu resultado é a necessidade
de criar a Comissão Eventual actualmente proposta.
Daremos o nosso voto favorável ao projecto apresentado. Mas não consideramos positivo que esta solução seja um sintoma, e uma resposta contingente, à visível impraticabilidade do acompanhamento necessário por "mega-comissões" parlamen-tares.
A exigência do conhecimento responsável e rigoroso dos montantes
financeiros envolvidos no EURO 2004 é, também desde a primeira
hora, uma exigência nossa.
Perante um quadro que se prefigura pouco optimista, com o facto consumado de
o Estado Português ter ido mais longe do que os compromissos inicialmente
estabelecidos, e de entretanto, por mais que uma vez, ter sido utilizado o EURO
2004 como arma de arremesso político, continuaremos a recusar os manobrismos
tácticos de alguns.
Continuaremos atentos e na defesa do rigor e da transparência na gestão
dos recursos públicos na concretização deste projecto.
Disse.