Sobre a cedência da Base das Lajes aos EUA para um ataque ao Iraque
Nota do Gabinete de Imprensa do PCP
2 de Janeiro de 2003

 

Paremos com a Guerra

Na sua edição de hoje, o «Diário de Notícias» afirma ter apurado junto de «fonte oficial» que, correspondendo prontamente a um pedido «recebido em Lisboa há poucos dias», «o Governo português já deu luz verde à Administração de George W. Bush para utilizar a Base das Lajes, no caso de os EUA decidirem lançar uma operação militar contra o Iraque».

O PCP sublinha que uma tal notícia, a ser verdadeira, se reveste de um gravíssimo significado.

Com efeito, uma tal decisão do Governo, tomada neste momento, confirmaria as anteriores indicações de que o Governo PSD-CDS/PP, ao contrário de outros governos de influentes países da União Europeia, subscreveria a tese absurda e sem qualquer suporte de que a Resolução 1441 do Conselho de Segurança permitiria qualquer decisão unilateral dos EUA de desencadearem um ataque armado ao Iraque, sem necessidade de o Conselho de Segurança voltar a examinar o problema e adoptar novas e concretas decisões.

A confirmar-se essa decisão do Governo português de cedência da Base das Lajes, ela significaria ainda que, de forma absolutamente desprestigiante porque serventuária, o Governo presidido por Durão Barroso seria comparsa de uma intolerável atitude em curso e que corresponde a encarar o processo de inspecções em curso no Iraque e o papel da ONU como puras inutilidades que não devem contrariar os planos e as decisões antecipadamente tomadas pela Administração Bush.

O PCP entende assim que é uma elementar exigência de transparência e de responsabilidade política que o Governo esclareça o país sobre se, de facto, já correspondeu positivamente a um pedido norte-americano de utilização da Base das Lajes para uma agressão ao Iraque e sobre o significado político de uma tal decisão numa altura em que a Administração Bush adianta todos os preparativos militares e de propaganda com vista ao próximo desencadeamento de uma nova guerra no Médio Oriente.