O anúncio por parte do Governo da actualização do Salário Mínimo Nacional
para o próximo ano, bem como das pensões e de outras prestações sociais, defrauda
as legítimas expectativas criadas na opinião pública e não está em conformidade
com as possibilidades existentes de elevar de forma mais significativa os
baixos mínimos sociais existentes no nosso país.
Quando seria de esperar que na determinação do novo Salário Mínimo Nacional
o Governo tivesse no mínimo em conta o aumento da inflação previsto no presente
ano (2.3%) e o também previsto crescimento da produtividade (3%), o que se
observa é que a decisão do Conselho de Ministros fica claramente abaixo dessa
fasquia.
Idêntica situação se verifica, por arrastamento, em relação à actualização
em apenas 4.1% das pensões de velhice e de invalidez do regime contributivo
para beneficiários com 15 ou mais anos de contribuições.
As pensões do regime contributivo para beneficiários com menos de 15 anos
e as pensões do regime não contributivo e equiparados (pensão social) e do
regime dos trabalhadores agrícolas que, como se sabe, não foram contemplados
pelo governo anterior com qualquer aumento extraordinário, ao registarem uma
actualização apenas de 4.5% foram mantidas, também, claramente abaixo de um
nível de evolução perfeitamente suportável pela economia do país e pelo orçamento
da Segurança Social. Acresce a injustiça relativa do Governo tratar de forma
menos favorável os beneficiários que procederam a descontos para a Segurança
Social até 15 anos do que os beneficiários dos regimes não contributivos ou
fracamente contributivos.
O PCP já apresentou na Assembleia da República, na presente legislatura, projectos
de lei estabelecendo que o aumento do Salário Mínimo Nacional não seja
inferior a 3% acima do valor da inflação (acima de 5.3%, portanto), o
mesmo vigorando para a generalidade das pensões mínimas (quer do regime geral,
quer dos regimes não contributivos), a que propõe que seja somado um aumento
extraordinário situado entre os 2.000$00 e os 2.300$00 para as pensões que
anteriormente não beneficiaram de tal medida.
Absolutamente insatisfeito com os valores agora anunciados pelo Governo, o
PCP torna público que irá prosseguir a sua intervenção e a sua luta em torno
das propostas que apresentou na Assembleia da República e que correspondem
a mínimos sociais perfeitamente comportáveis quer pela realidade económica
portuguesa quer pelo orçamento da Segurança Social.