1. Constantemente solidário com a luta
do povo timorense pela sua libertação, o PCP tem acompanhado com crescente preocupação
os mais recentes desenvolvimentos da situação em torno de Timor Leste, que se
tem traduzido em sucessivos massacres e na instauração de um clima de terror
por parte das "milícias integracionistas" cobertas pelos militares indonésios.
2. As perspectivas anunciadas meses atrás,
quando a conjugação da tenaz luta do povo timorense, da crescente solidariedade
internacional que suscitou e da profunda crise da ditadura indonésia colocaram
na ordem do dia um salto qualitativo no processo visando a autodeterminação
e independência do povo maubere, estão hoje seriamente postas em causa com a
conivência da chamada "comunidade internacional".
É real o perigo de que o regime de Jacarta, combinando a brutal intensificação
da repressão do movimento de libertação timorense com cínicas manobras no plano
político e diplomático, e com a passividade das potências imperialistas, consiga
impor os seus planos de continuação da ocupação de Timor Leste.
É aliás evidente a pretensão por parte da Indonésia de que um tal desenlace
possa mesmo vir a ser legitimado no seguimento do processo em curso com vista
à realização de uma "consulta ao povo timorense", num quadro de intimidação
da população e de uma postura de desembaraço de um problema de quem tem responsabilidades
sobre toda a condução do processo.
3. Neste quadro o "Acordo", cujo conteúdo
concreto se desconhece e que o Governo português se propõe assinar com a Indonésia
no próximo dia 5 de Maio deve, como condição prévia, assegurar a tranquilidade
e a segurança das populações, sem as quais não há nenhuma consulta verdadeira.
4. O PCP exige que o regime indonésio
ponha imediatamente fim à onda de repressão e de terror que desencadeou em Timor
Leste, com o assassinato de centenas de timorenses, ameaças e perseguições a
quantos se opõem à ocupação indonésia, populações deslocadas, dirigentes da
Resistência perseguidos e tornados reféns dos "integracionistas".
O PCP considera que a permanência das forças de ocupação indonésias em Timor
põe em causa a auscultação livre e democrática do povo timorense; e considera
condições mínimas e indispensáveis o desarmamento e a dissolução imediata das
" milícias integracionistas"; a libertação de todos os presos políticos; o direito
de regresso dos timorenses exilados.
O PCP considera que é necessário confrontar o regime da Indonésia com as suas
responsabilidades e impor-lhe firmes sanções, nomeadamente no plano político
e militar, por parte da ONU.
5. O PCP reafirma ao povo e à Resistência
Timorense a activa solidariedade dos comunistas portugueses. O PCP fará o que
estiver ao seu alcance no plano institucional e pela sua intervenção junto dos
trabalhadores, da juventude, do povo português para que prossigam e se intensifiquem
as acções de apoio e solidariedade à luta pela autodeterminação e independência
do povo de Timor Leste.