No quadro da política de privatização de sectores básicos e estratégicos, o
Governo anuncia agora a privatização de 20% da TAP, admitindo chegar aos 30%.
Este objectivo foi previamente antecedido de um processo de sub-avaliação da
empresa que, num estudo inicial, foi avaliada em 100 milhões de contos e, inexplicavelmente,
passou agora para 60 milhões.
Simultaneamente e de forma faseada, procedeu-se à transferência para a Swissair
de importantes mecanismos de controlo da TAP, designadamente o sistema de reservas.
A Comissão Política do PCP considera de grande irresponsabilidade e gravidade
todo este processo direccionado para a entrega ao capital estrangeiro da única
companhia aérea pública de bandeira. É inaceitável que o Presidente do Conselho
de Administração da TAP venha a público afirmar que o saneamento financeiro
e os investimentos feitos visaram pôr a empresa a dar lucro para tornar mais
apetecível a privatização.
O conflito que se arrasta há dois anos entre os pilotos e a Administração teve
agora um desenlace com contornos e conteúdos a exigir mais clareza face aos
valores anunciados. Existe, no entanto, uma particular responsabilidade do Governo
e da Administração por não terem recorrido a todos os mecanismos de negociação
directa, sem ponderar as consequências de uma postura de confrontos.
Não é entendível nem justificável que a Administração venha agora lamentar a
decisão da Comissão Arbitral, quando nela participou e esteve de acordo com
a sua composição.
A Comissão Política do PCP sublinha que a defesa dos interesses nacionais não
pode dissociar-se da defesa da empresa e da manutenção dos postos de trabalho
e dos direitos do universo dos trabalhadores da TAP.
Só uma política determinada por uma orientação privatizadora impede soluções
para a existência desta empresa de capital público, designadamente através do
recurso a parcerias com outras companhias ou grupos, de forma a enfrentar o
processo de liberalização e desregulamentação do sector aéreo.