Voto de pesar pela tragédia no sudoeste asiático
Intervenção de António Filipe
6 de Janeiro de 2005
Sr. Presidente,
Srs. Deputados:
O Grupo Parlamentar do PCP associa-se inteiramente a este voto de pesar relativo à enorme tragédia ocorrida no continente asiático.
Como é óbvio, estamos chocados com a enorme dimensão das tragédias humana, social, económica e ambiental que têm assolado o nosso mundo. Esta será, porventura, a maior catástrofe natural de que nesta geração nos lembramos, dado o número imenso de vítimas verificadas. Aliás, continuamos a ser confron-tados com o aparecimento de mais cadáveres, não se sabendo ainda hoje qual será, na totalidade, a dimensão imensa desta tragédia humana.
O que aconteceu no sudeste asiático confronta-nos com enormes perplexidades e fragilidades, desde logo com a fragilidade com que todos nós, que habitamos este planeta, nos encontramos perante catástro-fes naturais desta magnitude, que, obviamente, podem acontecer em qualquer local deste planeta, sendo que ninguém pode dizer que está seguro relativamente a ocorrências desta natureza. Ora, isto, obviamen-te, não pode deixar de ser motivo de reflexão e de choque.
Por outro lado, confrontamo-nos também com a contradição entre a capacidade tecnológica que já existe, o progresso científico e tecnológico que a Humanidade tem tido, entre o facto de existirem já potencialmente possibilidades de minimizar, de haver formas de alerta ou de previsão quanto a catástro-fes destas, e o facto de esses meios ainda não estarem disponíveis para toda a Humanidade. Choca-nos que não tenha sido possível encontrar uma forma de alertar atempadamente aquelas populações para o perigo que corriam, por forma a que se pudessem evitar muitas das vítimas desta calamidade.
No meio de toda esta tragédia somos confrontados com o pior e com o melhor da Humanidade. Importa enaltecer a reacção que, designadamente, as organizações não-governamentais e as organizações humanitárias tiveram perante esta catástrofe, a forma pronta como procuraram por todos os meios ao seu alcance mobilizar vontades, recursos financeiros e meios logísticos para procurar acorrer à tragédia que se abateu sobre aquelas populações, superando muito largamente os apoios estaduais prometidos e até obrigando — é esse o termo — autoridades de muitos países a aumentar a sua disponibilidade para o apoio às vítimas da catástrofe.
Portanto, há que saudar o enorme esforço e o enorme trabalho que muitas organizações não-governamentais de carácter humanitário têm prestado nestes últimos dias e a grande mobilização das opiniões públicas, que creio ter ocorrido praticamente por todo o mundo, uma vez que este problema nos diz respeito a todos; diz respeito a toda a Humanidade, e todos temos de nos unir para prestar todo o apoio possível àquelas populações.Assim, o Grupo Parlamentar do PCP solidariza-se com este voto, que, obviamente, também subscre-ve, e endereça o seu pesar aos povos de todos os países afectados por esta catástrofe.