Voto de pesar pelo falecimento do pintor Fernando Azevedo
Intervenção da Deputada Luísa Mesquita
18 de Setembro de 2002
Senhor Presidente,
Senhores Deputados,
Morreu Fernando de Azevedo, presidente da Sociedade Nacional de Belas Artes desde 1979, vive o pintor das ocultações, da dialéctica que oculta e desvenda na procura de um sentido na vida e na arte.
Estudante de um processo de ensino profissionalizante que se inicia na Escola de Artes Decorativas António Arroio e termina na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa, Fernando Azevedo é um nome incontornável do surrealismo português.
Foi um dos fundadores do projecto surrealista de Lisboa em 1947.
A sua produção liberta a imaginação para uma busca sem fronteiras, ultrapassando circunstancialismos históricos.
A instabilidade e mesmo a efemeridade do movimento surrealista terão determinado, provavelmente, outros importantes percursos artísticos de Fernando de Azevedo no mundo da ilustração, no teatro, na ópera, no bailado.
Mas não menos importante foi a sua intervenção na divulgação
da arte portuguesa e estrangeira e no espaço da crítica artística,
onde a observação e construção dicursiva era inúmeras
vezes a desconstrução acessível do bem simbólico.
Fernando de Azevedo, o artista e o cidadão convergiram na arte e na sociedade.
Foram membros activos do Movimento Democrático dos Artistas Plásticos.
Encontraram-se no colectivo de 48 artistas que em 1974 celebraram pela arte
e com a arte a Revolução de Abril.
O Património Cultural, o Museu Nacional de Arte Moderna do Porto, o primeiro Conselho Nacional da Cultura pós Abril, a Fundação Galouste Gulbenkian foram só alguns dos espaços de manifestação estética do homem e do artista a suscitar sempre caminhos de futuro.
Diz Rui Mário Gonçalves, o amigo
“Homem de cultura integral, (…) assumindo lúcida e corajosamente
responsabilidades associativas. Poucas pessoas sabem o que ele fez por muitas
pessoas, pelo próprio país.
Foi imenso”.