Falecimento do Embaixador Álvaro Guerra
Intervenção da Deputada Luísa Mesquita
24 de Abril de 2002

 

Homens como Álvaro Guerra que contaminaram vida e texto num processo dialógico, permanente e actuante não desaparecem, ausentam-se na procura de renovados alentos.

Jornalista, Embaixador mas fortemente trabalhador da palavra escrita, Álvaro Guerra obriga-se e obriga à contundência dos confrontos.

A sua narrativa histórica, bélica ou lírica, corrosiva do fascismo não silencia algum desencanto perante o processo democrático.

Se em Os Mastins de 1967 o passado dialoga com o futuro histórico, o final da Trilogia enuncia alguma desilusão.

Em Outubro de 2001, em Vila Franca de Xira, na sua terra de regresso e reconforto, Álvaro Guerra alertava para a importância da diversidade e da afirmação culturais como reforço de identidades próprias perante, dizia, "a ameaça de uniformização da rasoira brutal do dinheiro e da língua franca do progresso que melhora tudo menos o homem e a sua vida em sociedade".

Aguardemos O Jardim das Paixões Perdidas, último legado que nos fará chegar em Maio e textualizemos na memória individual e colectiva, porque em Abril estamos, o seu aviso.