Instalação de uma incineradora em Alcochete destinada
a eliminar material de guerra obsoleto
Intervenção do Deputado Joaquim Matias
7 de Janeiro de 2000
Sr. Presidente,
Sr. Ministro
Em primeiro lugar, é lamentável que ainda haja equipamento
desse há tanto tempo armazenado no nosso país e não está,
de forma alguma, em causa a imperiosa necessidade de o destruir urgentemente.
Naturalmente que isso terá de fazer-se pelo processo mais correcto
e, de entre diferentes processos possíveis, os especialistas indicarão
qual o que deve ser utilizado.
Mas a questão que queríamos levantar prende-se com o porquê
daquele local. Naturalmente que esse equipamento terá de ser destruído
no território nacional e escolheu-se, para o efeito, um local encostado
à zona de protecção especial do estuário do Tejo
e encostado a uma zona de protecção especial das aves bravias,
determinada pela Comissão Europeia, com uma população
que, pelo facto de ter nas proximidades uma ponte, foi proibida de ter autonomia
sobre a gestão do seu território, onde não foi possível
instalar um aeroporto por questões ambientais e onde vai agora instalar-se
uma fábrica dessas.
Esta população, legitimamente, tem direito a saber se foram
tomadas as providências necessárias, isto é, se há
estudos de impacte ambiental sobre o que vai acontecer naquela zona e, mais,
além de ter sido impedido o seu acesso à informação,
porque foram os últimos a saber o que se passava e só pela comunicação
social é que tiveram conhecimento, esta população que
tem o direito de participar no acompanhamento de todo o processo, o que me
parece não ser do agrado, pelo menos, da empresa que vai fazer o desmantelamento.