Intervenção da deputada
Ilda Figueiredo no PE
Relatório Lienemann - Política da água
6 de Setembro de 2000
O compromisso obtido em torno do texto da nova directiva - quadro no domínio
da política da água é globalmente positivo, embora contenha
aspectos específicos polémicos e críticos que, no entanto,
podem ainda ser atenuados quando da elaboração dos vários
estudos, planos de acção e projectos de regulamentação
previstos no texto agora aprovado pelo Parlamento Europeu. Como sabemos, a
proposta inicial da Comissão remonta a 1997 e foi alvo de importantes
debates e numerosas alterações até ser possível
o compromisso três anos depois.
É positivo que os requisitos de gestão da água estejam
integrados num sistema único: a gestão da bacia hidrográfica,
que se baseia mais em áreas geográficas e hidrológicas
do que em fronteiras administrativas e nacionais, questão particularmente
importante para Portugal onde os principais rios são partilhados com
a vizinha Espanha.
Igualmente positiva é a afirmação de que a água
não é um bem passível de comercialização
como os outros, o que, naturalmente, exige medidas especiais para proteger
e defender um bem que é público, mas salvaguardando sempre os
interesses da população, em especial o abastecimento doméstico
e a actividade agrícola, sobretudo das pequenas explorações
e da agricultura familiar. É certo que o texto final refere que os
Estados - membros poderão atender aos efeitos sociais e económicos,
bem como às condições geográficas e climatéricas
da região ou regiões afectadas, o que permite uma adaptação
às diferentes situações dos Estados - membros, através
de algumas derrogações previstas, que, no entanto, se poderão
revelar insuficientes para os casos da agricultura do sul, designadamente
para Portugal. Estaremos atentos à sua aplicação prática
nos próximos anos.