3º Congresso da Oposição Democrática
Aveiro - 4 a 8 de Abril de 1973
Comentários ao Congresso
na imprensa afecta ao fascismo
Seis navalhas, dizia a «ÉPOCA» ( de 9.4.73)
"Em resumo, e acima das fantasias exultantes em que os papagaios da propaganda marxista vão gritar agora : para os democratas, o congresso foi uma desilusão; para os comunistas foi uma tentativa que resultou contra os democratas, mas no resto se desfez em malogro; para o país foi a prova do que eles são efectivamente; para os jornalistas, foi uma lição dura e grosseira.
O verdadeiro símbolo do congresso, demagógico, violento e falhado está nas seis navalhas abandonadas pelas manifestantes na precipitação da fuga".
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"Sabe-se que é hábito dos esquerdistas em todo o mundo colocarem mulheres e crianças à testa das manifestações, no deliberado propósito de fabricarem «mártires» ".
Estilo panfletário, quando não subversivo
- opinava o artigo de fundo do «Diário de Notícias» ( de 10.4.73)
"Tal como o tempo, a última semana política registou temperaturas acima do normal. O Congresso de Aveiro, o contraponto dos atentados dinamitistas do Porto, a agitação estudantil mormente nas capitais do Norte e do Centro do país, trouxeram à amenidade do nosso clima perturbações não desejadas.
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" Que a «guerra colonial» e a «ausência das liberdades cívicas» tenham sido invocadas, com frequência, não surpreende os observadores familiarizados com este tipo de torneios políticos."
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" As conclusões das teses, redigidas aliás, em estilo panfletário. Quando não subversivo, espelharam a evidência de uma oposição de sinal fortemente negativo."
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"As girândolas finais do Congresso, pese a todos quantos nele participaram com objectivos sérios, não conseguiram furtar-se, desta vez ainda, e tão somente, à crítica facciosa e destrutiva".
Casa de má nota,
sentenciava o «Correio do Minho» (propriedade da ANP)
" Houve quem já chamasse ao Forum e ao Coliseu de Roma, casa de má nota. Acerto ? Contumélia ? Há-de o dizer a história também sobre o Teatro Aveirense - onde, a estas horas, decorre o 3º Congresso da Oposição Democrática".
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" E quer-nos parecer que o tal Congresso, desde as persianas e flores e motivos de adorno, ou coisa quejanda, é mais oriundo de matriz comunista de que democrática. Veja-se até o «simbolismo» que lhe empresta o dr. Rui Luís Gomes. Houvera a mínima dúvida, e esta diluir-se-ia com a facilidade de tinta de água que certos pintores usam em aguarelas".
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"Lemos algures que um dos aspectos novos deste Congresso está no recrutamento da juventude estudantil e operária. Ora que novidade ! - Foi para esses meios que os órgãos destiladores de venenos, fizeram convergir os veios da droga moderna. A luta contra o poder constituído e, de modo especial, contra a nossa defesa do Ultramar. E eis que, neste reduto, o elixir ou panaceia volta a ser propagandeado, com clamores de certos personagens - ora julgados elementos preponderantes no ideário do Congresso a que nos vimos referindo".
O País precisa é de tranquilidade nas ruas e nos espíritos -
sentenciava Manuel José Homem de Mello
em editorial de «A Capital» (de 9.4.73)
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" A pretexto de uma romagem ao cemitério local pretendeu-se transformar o Congresso em manifestação de rua, com a consequente tentativa de mobilização de massas, na sua grande maioria ignorantes da figura daquele cuja memória se pretendia homenagear".
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A serenidade que foi possível manter nas ruas perdeu-se, todavia, no recinto em que decorreram as sessões, onde os agitadores lograram dar livre corpo aos seus propósitos de irresponsável e insensata demagogia.
Acresce que a escolha, para presidente, de um individuo internacionalmente conhecido pela sua constante solidariedade com os inimigos do país, não poderá deixar de ser considerado como autêntico desafio à compreensão e abertura manifestadas pelas autoridades.
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"A «experiência» agora concluída saldou-se, assim, negativamente para os opositores ao regime (...) porque não souberam manter a serenidade própria a todo e qualquer responsável político (...), porque se deixaram manobrar e dominar pelas correntes marxistas (...) e porque, utilizando a fraseologia dos mais encarniçados inimigos do País, ofenderam, com o maior despudor, os que, galharda e heroicamente, se batem pela continuidade da presença lusíada em terras portuguesas de África.
Não. O País, na fase peculiar que atravessa, dispensa bem «experiências»deste género. O que o País deseja é progresso e desenvolvimento. Trabalho e eficácia.
Para tanto carece de tranquilidade. Nas ruas e nos espíritos."