1 - O PCP manifesta a sua profunda preocupação face à escalada de conflito que EUA, União Europeia e várias potências da NATO desenvolvem contra o Irão. Assume, neste quadro, particular gravidade a deslocação de vultuosos meios militares para o Golfo Pérsico e estreito de Ormuz, as reiteradas violações do espaço aéreo iraniano e outras acções provocatórias atribuídas pelas autoridades iranianas a países como Israel e EUA.
O PCP chama a atenção para as terríveis consequências que qualquer provocação militar contra o Irão teria na região do Médio Oriente e Ásia Central, especialmente num quadro em que a instabilidade e insegurança decorrentes do aprofundamento da crise internacional do capitalismo marcam de forma crescente a situação internacional.
2 - O PCP condena a recente decisão da União Europeia de aplicação de novas sanções unilaterais contra o Irão, aprovada no Conselho de Ministros dos Negócios Estrangeiros.
Uma decisão elucidativa da posição de seguidismo da União Europeia face à agenda militarista dos EUA na região do Médio Oriente e Ásia Central, demonstrativa da já indisfarçável natureza imperialista da União Europeia e que terá consequências económicas extremamente negativas para vários países europeus já mergulhados numa profunda crise económica, incluindo Portugal.
Uma decisão que, contrariamente aos discursos dos responsáveis europeus e do Ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, não visa abrir campo algum à solução política do conflito e que, pelo contrário, é demonstrativa da opção de não dar espaço ao diálogo e à negociação diplomática. Opção, aliás, já sobejamente demonstrada pelos EUA e pela União Europeia em Maio de 2010 quando estes países boicotaram o acordo sobre troca de combustível nuclear alcançado entre o Irão, Brasil e Turquia.
3 - O PCP denuncia a profunda hipocrisia da União Europeia ao justificar a sua decisão com o alegado perigo de desenvolvimento da arma nuclear pelo Irão. Uma hipocrisia bem demonstrada pelo facto de as sanções unilaterais serem impostas pelas maiores potências nucleares mundiais, como os EUA - maior potência nuclear do Mundo - e como a França e a Grã Bretanha – países cujo arsenal nuclear ronda as 500 ogivas nucleares.
Hipocrisia e cinismo bem patente ainda no facto de a União Europeia desenvolver relações de estreita cooperação económica e militar com Israel, país não signatário do Tratado de Não Proliferação, única potência nuclear na região, que ocupa ilegalmente territórios da Palestina, do Líbano e Síria e que reiteradamente age à margem e contra os mais elementares princípios do Direito Internacional.
4 – O PCP relembra a sua posição de sempre de defesa da criação no Médio Oriente de uma zona livre de armas nucleares. Decisão cuja implementação passa obrigatoriamente, e em primeiro lugar, pelo desmantelamento do ilegal arsenal nuclear israelita.
O PCP reitera a sua posição de princípio de defesa da autodeterminação e soberania dos povos, e em particular do direito à garantia da soberania energética.