1º de Maio de 1962 |
Os trabalhadores portugueses, apesar da ausência de liberdades, da feroz repressão da sua luta, souberam sempre encontrar formas de comemorar o 1º de Maio durante a ditadura fascista.Recorrendo a formas diversificadas, que iam dos simples convívios à apresentação de cadernos reivindicativos, greves e manifestações de massas, articulando a luta por melhores salários, pelo direito ao trabalho, contra a repressão, com reivindicações de carácter político, as comemorações do 1º de Maio tornaram-se grandes acções de massas contra a ditadura e pela liberdade.
Um lugar particular tem, neste processo, o 1º de Maio de 1962.
Estendendo-se a várias regiões do país e mobilizando muitas dezenas de milhares de pessoas, com particular destaque para as acções do Porto, da Covilhã, do Ribatejo, da margem sul do Tejo e do Alentejo. Em Lisboa a manifestação mobilizou 100.000 pessoas que, enfrentando com grande determinação a repressão, fizeram desta jornada uma grande jornada de luta pelo pão e pela Liberdade. O 1º de Maio de 1962 constituiu uma das acções mais significativas na longa luta contra o fascismo.
O sucesso desta jornada, apesar da feroz repressão que se abateu sobre os manifestantes, deu um grande impulso a outras lutas, com particular destaque para a luta dos trabalhadores agrícolas do campos do Alentejo e Ribatejo, contra o trabalho de sol a sol e pela reivindicação do horário de 8 horas nos campos.
Esta luta tornou-se um marco histórico na luta dos trabalhadores portugueses e do PCP.
Em plena ditadura fascista, mais de 100.000 trabalhadores, numa luta apoiada e dirigida, desde o princípio ao fim, pelo Partido, impuseram como uma realidade o horário de 8 horas diários nos campos.
A grandeza e a combatividade da Jornada de Maio de 1962 não são separáveis do ascenso da luta de massas dos trabalhadores durante os anos de 60 e 61, das lutas contra a burla eleitoral fascista, da luta dos estudantes e de outras camadas sociais e da reactivação da luta antifascista animada e estimulada pela acção dos trabalhadores.
Como se dizia no apelo do Partido dirigido À classe operária! Aos trabalhadores! Ao Povo!, para fazerem das comemorações do 1º de Maio uma grande jornada de luta contra o fascismo, a classe operária portuguesa constitui o bloco mais firme, mais decidido e mais organizado da grande e ampla luta anti-salazarista.
Os anos que se seguiram até ao 25 de Abril de 1974 foram marcados por importantes momentos de luta, com recurso à greve, que tiveram grande importância na unidade na luta antifascista.
Os três documentos que publicamos, nesta edição de O Militante, para assinalar esta grande jornada de luta contra o fascismo, atestam o determinante papel da classe operária, mas atestam igualmente o papel de vanguarda do Partido como organizador e impulsionador da luta dos trabalhadores e da luta antifascista.
As jornadas históricas de 1962 simbolizam de algum modo a afirmação da hegemonia da classe operária na luta antifascista e a garantia de que, ao contrário do pretendido pela burguesia liberal, a conquista da liberdade seria acompanhada das profundas transformações sócio-económicas antimonopolistas, preconizadas no Programa do PCP, aprovado no VI Congresso em 1965.
«O Militante» - N.º 258 - Maio/Junho de 2002