Artista militante e militante revolucionário,
chegou a um momento da sua vida em que aceitou conscientemente sacrificar
a sua carreira artística como escultor, que se apresentava
promissora, para continuar, no quadro de funcionários do
Partido Comunista Português, o combate pelo derrubamento do
fascismo e por um Portugal socialista. Foi um grande sacrifício.
Mas nunca o ouvi pronunciar a palavra sacrifício. Quando
podia, e era muito raro poder, fazia pequenas esculturas, desenhos
e gravuras, muitas das quais foram publicadas na imprensa clandestina
do Partido. A sua última gravura, feita para o Avante! em
Novembro de 1961, representava o camarada Cândido Martins
assassinado na frente da manifestação de Almada contra
a burla eleitoral.
De todas as sementes deitadas à terra, é o sangue
derramado pelos mártires que faz levantar as mais copiosas
searas – esta foi a legenda que escreveu para essa gravura.
Um mês depois, em 19 de Dezembro de 1961, José Dias
Coelho foi assassinado a tiro pela PIDE numa rua de Lisboa.
(Do Prefácio de Margarida Tengarrinha)
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