O
caminho para a Moeda Única
Alguns
dados cronológicos
1957
O Tratado de Roma criando a Comunidade
Europeia instala um Comité monetário (artigo 105) encarregue de
coordenar as políticas monetárias dos Estados membros.
1964
O Comité monetário é substituído
pelo Comité dos governadores dos bancos centrais dos Estados da
CEE.
1969
Os chefes de Estado Europeus prevêem,
pela realização da Conferência de Haia, «tudo pôr à prova
para realizar a integração económica e monetária».
(Assinalemos que o Sistema monetário internacional, que é ainda
um sistema de câmbios fixos dá sinais de fraqueza).
1971
Para
preparar esta integração económica e monetária, a CEE adopta
o Relatório do primeiro-ministro luxemburguês, Pierre Werner,
que considera a liberalização dos movimentos de capitais na
Europa, uma integração dos mercados, a fixação irrevogável
das taxas de câmbio, uma moeda comum e um banco central
comunitário.
1971
Abandono das taxas de câmbio fixas
(seguido da dissolução do Sistema monetário internacional).
1972
Criação da Serpente monetária
Europeia: cada Estado deve limitar as flutuações da sua moeda
de ±2,25% relativamente a uma paridade negociada com os seus
parceiros.
1973
Criação do Fundo Europeu de
cooperação monetária (FECOM), cujas reservas monetárias são
destinadas a ajudar os bancos centrais nacionais a manter a
paridade da sua moeda na Serpente monetária.
1975
Criação do Ecu (European currency
unit), que não é senão uma simples unidade de conta entre
bancos centrais.
1978
Instauração do Sistema monetário
Europeu (SME), que entra em vigor em 1979, para atenuar a
incapacidade da Serpente monetária de manter uma estabilidade
monetária na Europa. O SME é um sistema de câmbios fixos, mas
ajustáveis, onde a taxa de câmbio de uma moeda nacional é
definida em relação ao Ecu (que se torna num cabaz das
diferentes moedas nacionais). Contudo, cada moeda pode flutuar
dentro dos limites de ±2,25% à volta do seu valor. A Espanha
beneficia de margens de flutuação maiores, enquanto a
Inglaterra fica fora do SME.
1985
Adopção do Acto único, que fixa a
perspectiva do mercado único, abertura total das fronteiras
entre Estados membros para a circulação de bens, de capitais e
de pessoas.
1988
O relatório Delors propõe a
realização de uma União económica e financeira na Comunidade
Europeia: criação de um Banco central comum, fixação
irrevogável das paridades depois da passagem a uma moeda
comunitária única e tomada da tarefa da política monetária (e
orçamental, em parte) pelas instâncias comunitárias. Três
fases estão previstas: 1) reforço da coordenação das
políticas nacionais; 2) rodagem das novas instituições; 3)
pôr em prática efectiva a UEM.
1990
Liberalização total dos movimentos de
capitais no seio da Comunidade Europeia.
Entrada da libra
britânica no SME.
1992
Assinatura do Tratado de Maastricht,
que integra o projecto da UEM, definindo as condições de
entrada (critérios de Maastricht). A fase 1 está já em curso.
Crise monetária que provoca a saída
da Itália e do Reino Unido do SME.
1993
Nova crise monetária conduzindo a um
alargamento de ±15% das margens de flutuação das moedas do
SME.
1994
Arranque da fase 2 com a criação do
Instituto monetário Europeu (IME) concebido para prefigurar o
futuro Banco central Europeu.
1995
Adopção do nome da futura moeda: o
Euro.
1996
Os governos pronunciam-se sobre a data
de entrada na fase 3, fixada a 1 de Janeiro de 1999, e
estabelecem o calendário futuro da UEM.
1996
Regresso da Itália ao SME.
Calendário futuro:
1998
Exame pelo Conselho Europeu da
situação dos Estados membros à luz dos critérios de
convergência instituídos em Maastricht, e selecção dos
Estados participantes no Euro.
1 de Janeiro de 1999
Fixação
irrevogável das taxas de câmbio.
A partir desta data, emissão de títulos de dívidas públicas e operações interbancárias em Euros. O Euro valor legal obrigatório em cada país ao mesmo tempo que a moeda nacional.
Mais tarde, a 1 de Janeiro
de 2002
Entrada em
circulação de notas e moedas em Euros, recolha das moedas e
notas nacionais.
«A realidade é que há uma continuidade absoluta desde o Tratado de Roma (que fixava já o objectivo de generalizar a concorrência e o fim dos monopólios públicos, até à moeda única), passando pelo Acto Único, as três liberdades fundamentais de circulação (dos homens, das mercadorias e dos capitais) e os critérios de Maastricht, para construir um vasto mercado capitalista, liberto de todos os constrangimentos e posto sob a dominação dos mercados financeiros e das suas exigências de rentabilidades elevadas. Ao contrário de preparar uma fase de saída das dificuldades, a etapa da moeda única é o acabamento de um tal mercado (como um campo fechado de concorrência e praça forte na guerra económica mundial) e ao mesmo tempo a instalação durável dos povos da Europa na instabilidade, na precariedade, na flexibilidade e desemprego estrutural.. É o que mostra o projecto de "Pacto de Estabilidade".» |
«Apresentam-nos a moeda única como o encerrar de um período de longos sacrifícios, após o qual mais progressos sociais são possíveis especialmente pelo emprego pelo relançamento do crescimento na Europa e a possibilidade de resistir aos EUA e ao Japão na guerra económica. Nada é mais mistificador. Todos os defensores da actual construção Europeia dizem lamentar e querer evitar que a Europa seja reduzida a uma vasta zona de mercado liberalizado... Ora, isto é mesmo a essência desta mesma construção!» |
Michel Dauba Economie et Politique Março de 1997 |