PROGRAMA
DO PCP
Portugal
- Uma
Democracia Avançada no Limiar do Século XXI
4º. Uma
política cultural como factor de emancipação individual,
social e nacional
1. A
política cultural que o PCP propõe aos portugueses consiste no
efectivo exercício dos direitos culturais, na criação de
condições para o desenvolvimento integral da pessoa humana e
dos valores culturais da sociedade. Tem como fundamento e
objectivos a elevação da participação criadora dos
trabalhadores e dos cidadãos em geral, bem como das suas
organizações, nas várias esferas da vida social e a pedagogia
dos valores democráticos.
No mundo contemporâneo, e também em Portugal,
a cultura adquire um peso crescente na vida social.
A democracia cultural que o PCP defende é
indissociável da democracia nas suas dimensões política,
económica e social, que são condições materiais da sua
realização. Radicada no movimento da sociedade, componente da
vida do povo, a democracia cultural constitui um dos factores de
transformação da realidade. O exercício dos direitos culturais
e a luta pela sua generalização e aprofundamento são factores
da democracia globalmente considerada.
2. A democracia cultural que o PCP defende implica:
- a generalização da fruição dos bens
culturais e das actividades culturais, com a eliminação
das discriminações económicas, sociais, de sexo e
regionais no acesso aos conhecimentos e à actividade
cultural;
- a formação de uma consciência social
progressista, que promova os valores humanistas da
liberdade, da igualdade, da tolerância, da
solidariedade, da democracia e da paz;
- o reconhecimento e a valorização da
função social dos trabalhadores da área cultural e das
suas estruturas e a melhoria constante da sua formação
e condições de trabalho, e o apoio efectivo aos jovens
artistas;
- o apoio ao livre desenvolvimento das
formas populares de criação e fruição, de
associativismo e vida cultural, reconhecendo-se e
valorizando-se o seu papel dinâmico na formação da
identidade nacional;
- a criação das condições materiais e
espirituais indispensáveis ao desenvolvimento da
criação, produção, difusão e fruição culturais,
com a rejeição da sua subordinação a critérios
mercantilistas e no respeito pela controvérsia
científica e pela pluralidade das opções estéticas.
3. São orientações fundamentais da política cultural:
- a livre expressão cultural, a
valorização das aptidões e o desenvolvimento das
capacidades individuais e a elevação do nível de
conhecimentos e das necessidades culturais da
população;
- a erradicação do analfabetismo integral
e o combate ao analfabetismo funcional;
- uma Escola em transformação, para o
desenvolvimento e a modernização, para a emancipação
cultural e a pedagogia democrática, para a educação
permanente; uma Escola apoiada e potenciada, na sua
função cultural, por outros meios formativos e agentes
socioculturais, desde as instituições científicas,
técnicas e artísticas, aos meios de comunicação
social e às estruturas populares;
- uma política que potencie a função
cultural e social do desenvolvimento científico e
tecnológico;
- a expansão da educação e do ensino
artísticos e da animação sociocultural;
- uma política de educação física e
desporto assumida como meio de valorização humana e
factor de desenvolvimento da personalidade e
democratização da vida social;
- uma política de ambiente, ordenamento do
território e urbanismo que permita uma vida quotidiana
de tranquilidade e bem-estar, a fruição generalizada de
espaços de convívio e lazer, no respeito pela
preservação do património natural e cultural e dos
núcleos urbanos de valor histórico e patrimonial;
- a elevação do papel cultural da
comunicação social, no rigor e na qualidade da
informação, no estímulo, na integração e na
divulgação, de acordo com a especificidade dos
diferentes meios, da produção literária, artística,
científica e cultural em geral;
- a descentralização e regionalização
das estruturas de produção, dos equipamentos e
serviços culturais, no quadro da eliminação das
desigualdades regionais e da afirmação criadora das
especificidades das regiões; o apetrechamento material e
humano que potencie a acção do poder local na esfera
cultural;
- a salvaguarda, o estudo e a divulgação
do património cultural nacional, regional e local,
erudito e popular, tradicional ou actual;
- o intercâmbio com os outros povos da
Europa e do mundo, a abertura aos grandes valores da
cultura da humanidade e a sua apropriação criadora, o
combate à colonização cultural e a promoção
internacional da cultura e da língua portuguesas, em
estreita cooperação com os outros países que a usam.
4. A democracia cultural pressupõe responsabilidades
fundamentais do Estado democrático, mas só pode ser construída
na combinação da acção do Estado com a participação e a
criatividade individuais e colectivas.
A democracia cultural é um factor da
democracia política cujas potencialidades só se podem
desenvolver com o alargamento e a elevação da formação e da
vida cultural das populações. É um factor da democracia
económica, do desenvolvimento e da modernização, porque
representa a qualificação da principal força produtiva: o
trabalho humano. É um factor da democracia social porque é um
vector de intervenção crescente na vida da sociedade, por parte
dos trabalhadores, das classes e grupos sociais mais vitalmente
interessados na democracia. É um factor de soberania nacional,
porque coopera na formação da identidade nacional, num processo
aberto e activo e de interacção com a cultura mundial.
A democracia cultural que o PCP propõe aos
portugueses é um factor de emancipação individual, social e
nacional, um factor de desenvolvimento multilateral dos
indivíduos e da sociedade, um poderoso incentivo ao diálogo das
culturas.