Pergunta Escrita de Ilda Figueiredo no Parlamento Europeu

A negociação do Acordo de Pescas UE/Gronelândia - Pergunta escrita prioritária de Ilda Figueiredo no PE

A frota portuguesa de pesca longínqua sofreu, desde o princípio da
década de 90, uma brutal redução. Dos 52 navios-fábrica que constituíam
a frota em 1990, hoje só restam 14. Esta situação deve-se sobretudo à
falta de quotas, necessárias para rentabilizar este segmento de frota,
com profundos impactos sobre o emprego gerado, no abastecimento da
indústria transformadora e para as regiões piscatórias. Portugal hoje
já importa cerca de 150 milhões de contos de pescado. Sabendo-se que a
rentabilização mínima de um navio fábrica passa por uma quota de cerca
2 mil toneladas peixe/ano e que Portugal possui uma quota de 16 mil
toneladas (NAFO, Irminger Sea, Noruega e Svalbard), pode-se concluir a
existência de um défice de 12 mil toneladas para viabilizar a frota
existente.

Portugal, desde os anos 30, sempre pescou na
Gronelândia. Mas, com a entrada na UE, a situação alterou-se ao abrigo
do Acordo de Pescas UE/Gronelândia, assinado em 1985. Este acordo, que
é o segundo mais caro, permite possibilidades de pesca de 140 mil
toneladas das quais 112 mil toneladas vão para a Alemanha (80%), sendo
o remanescente distribuído pelo Reino Unido, Dinamarca e França. A
questão torna-se particularmente gravosa quando se sabe que a Alemanha
não tem capacidade de utilizar a quota existente, sendo o grau de
utilização do acordo de cerca de 12%. Esta situação permite à
Gronelândia revender a quota não utilizada a países não comunitários.

Tendo
em conta o processo de renegociação deste acordo, que termina no final
deste ano, e as decisões apontadas pelo Conselho de Pescas (desde 30 de
Outubro de 1997), nomeadamente a criação de "disposições que permitam a
transferência das possibilidades de pesca de um Estado-membro para o
outro em caso de sub-utilização", não pensa a Comissão alterar a
distribuição das possibilidades de pesca deste acordo de forma a
garantir a plena utilização das quotas e uma melhor relação
custo/eficácia?

No caso da frota portuguesa, não pensa a
Comissão garantir uma quota a Portugal que permita assegurar a
sobrevivência do sector da pesca longínqua?

Qual o actual estado das negociações?

Resposta

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