Intervenção de Jerónimo de Sousa, Secretário-Geral, Comício «Não ao declínio nacional! Soluções para o País»

"Juntem-se a nós na marcha nacional do dia 6 de Junho, pela libertação e dignidade nacionais por uma política patriótica e de esquerda"

As nossas mais cordiais saudações a todos os presentes e, por vosso intermédio, aos trabalhadores e ao povo desta cidade de Santarém e do seu distrito.

Por todo o lado onde temos estado, sentimos que cada vez mais portugueses desejam que se apresse o dia que lhes permita pôr um ponto final ao rumo de empobrecimento e declínio que o País segue.

Que chegue o momento de pôr fim à política que os partidos da troika nacional – PS, PSD e CDS – decidiram impor ao País com as dramáticas consequências económicas e sociais que tornaram a vida da maioria dos portugueses um pesadelo. Que chegue rapidamente o dia que lhes permita acertar em definitivo contas com o governo do PSD/CDS que executou tal política com escrupuloso zelo.

É uma aspiração justa essa que tantos e tantos portugueses expressam, tantos e tantos foram os males causados, e continuam a causar, e tanto o sofrimento imposto aos trabalhadores, aos reformados, aos pequenos e médios agricultores e empresários, aos jovens que não têm emprego e foram empurrados às centenas de milhar para a emigração, e ao País cada vez mais fragilizado e dependente, com o capital estrangeiro a dominar de forma crescente a economia portuguesa.

Com este governo do PSD/CDS foram mais quatro anos seguindo a mesma política, no essencial, imposta por 38 anos de sucessivos governos de política de direita!

Anos determinados por uma política nacional e europeia de acelerado processo de empobrecimento dos trabalhadores e das populações, pelo crescimento desmesurado do desemprego, pela precariedade, pelo ataque aos serviços públicos e às funções sociais do Estado, por novas destruições dos sectores produtivos, pela limitação da democracia e pelo comprometimento da soberania nacional.

Anos marcados por acelerada degradação de todas as esferas da nossa vida colectiva, levando a crise e, nalguns casos, instalando o caos, dos serviços de saúde à escola pública, da segurança social à justiça, da ciência às universidades, todos vítimas da política dos cortes cegos, do ataque desbragado aos trabalhadores da Administração Pública e aos próprios titulares de órgãos de soberania.

Anos que colocaram Portugal no pódio dos países com maiores recordes negativos no contexto europeu. O País que mais cortou nos salários e nas pensões. O País que tem os maiores défices de investimento. Dos que mais viu destruídos os seus sectores produtivos e, por isso, dos que mais se endividaram também.

O último entre os 28 no nível de escolarização da população activa. No topo do abandono escolar, do desemprego jovem, do desemprego de longa duração. O País com as mais profundas desigualdades sociais. Dos que foi mais longe na precarização das relações de trabalho e da destruição de direitos laborais e sociais!

Tem sido este o resultado de uma política nacional ao serviço do grande capital, agora exacerbada nos seus propósitos de rapina e de três décadas de integração capitalista na União Europeia dominada pelos grandes monopólios e pelo directório das grandes potências, todos convergindo lá e cá para promover uma escandalosa centralização e concentração da riqueza a favor de uns poucos à custa dos trabalhadores, do povo e do património do País.

Anos que trouxeram ao de cima uma indisfarçável degradação do próprio poder político dominante e seus agentes, capturado que foi pelos grandes interesses económicos com a acumulação de casos e casos de escandalosa ilicitude, corrupção e compadrio, onde estão patentes as relações de promiscuidade que foram sendo tecidas ao longo do processo privatizador e de restauração dos grandes grupos económicos monopolistas.

Relações de despudorada promiscuidade, envolvendo muitos daqueles que impuseram a entrega de praticamente todos os sectores e empresas estratégicas do País, sempre em nome do interesse nacional, para de seguida participarem no saque de milhões, como gestores uns, como assessores outros, como consultores muitos e todos bem pagos!

Foi assim que vimos crescer na maior das impunidades, e na maior das complacências, a grande fraude económica e financeira, bem evidente na implosão do Grupo Espírito Santo, e com os dinheiros públicos, mais uma vez, a serem chamados a resolver os buracos das negociatas e das fraudes, nas escandalosas negociatas e escândalos do BPN, do BCP, do BPP, todos florescendo à sombra da política de restauração monopolista imposta por sucessivos governos do PS, PSD e CDS!

O escandaloso processo da PT, onde como no BES, ninguém é responsável por nada, nem gestores, nem governo, nem reguladores. É como na lista das finanças dos contribuintes VIP que afinal parece que tinha quatro nomes: - Passos Coelho, Paulo Portas, Cavaco Silva e o senhor Secretário de Estado que tutela os serviços e o governo não sabia de nada, é tudo responsabilidade dos serviços! Como não sabia Passos Coelho das suas obrigações para com a Segurança Social, aqui também por responsabilidade dos outros, sempre dos outros!

Esta é outra marca de um governo que passou impunemente pelo escândalo da corrupção dos “vistos gold”, como se o governo fosse cego, surdo e mudo e nada tivesse a ver com o assunto; um governo que passou o mandato em confrontação permanente com a Constituição, tudo com a condescendência e a cumplicidade do Presidente da República.

Uma política que tem desbaratado tudo e tudo continua a desbaratar, prosseguindo a entrega de empresas estratégicas do País ao estrangeiro: - EDP, CIMPOR, CTT, REN, ANA, Tranquilidade, BPN, Espírito Santo Saúde, Caixa Seguros, EGF, a TAP está na calha, e que está a conduzir à exportação de capitais lá para fora de montantes volumosos e em prejuízo do desenvolvimento nacional.

Se alguém tem dúvidas do que significa esta política de desastre nacional e quem beneficia com ela, veja-se o exemplo da EDP que teve no ano que findou 1048 milhões de euros. Lucros imensos que o povo paga com um novo aumento de electricidade de 3%. Ou o exemplo dos CTT, cujo processo de privatização recente conduziu ao encerramento de muitas dezenas de balcões, mas que apresentou lucros de 77 milhões de euros no ano passado, representando uma subida de 27%!

O País está em crise, mas para alguns amealharem milhões e milhões, os portugueses, os consumidores, os sectores produtivos, o conjunto das pequenas e médias actividades empresariais pagam as mais caras comunicações, os mais altos custos do crédito, os mais caros combustíveis, a mais cara energia!

Uma política criminosa de alienação do património do País que nos esvaziou de instrumentos de intervenção necessários ao nosso desenvolvimento. Que esvaziou o Estado nas suas funções económicas e socais e de soberania para deliberadamente deixar a mão livre ao capital monopolista nacional e estrangeiro na exploração dos nossos recursos e à custa do empobrecimento do nosso povo.

Entretanto o Governo desdobra-se em iniciativas para mostrar que tudo está bem, que é tudo sucesso e avanços.

Veja-se o caso da agricultura, o esforço que o governo faz para esconder os graves problemas com que se confrontam os milhares de pequenos e médios agricultores que todos os dias trabalham a terra no País e aqui neste distrito.

O esforço de propaganda que faz para iludir que segue a mesma obra destruidora do governo anterior do PS relativamente ao Ministério da Agricultura.

Um Ministério que hoje só serve para distribuir cheques milionários aos grandes agrários. Apenas 300 deles recebem mais que 120 mil pequenos agricultores, ou seja 60 milhões de euros!

Hoje um médio agricultor, um rendeiro, dirige-se aos serviços do Ministério, mas não encontra lá apoio.

O Governo silencia que continua a acumular atrasos nos pagamentos às equipas de sapadores florestais e às Organizações de Produtores Pecuários, para as acções de sanidade animal, que são da sua responsabilidade.

Não quer que ninguém diga que os produtores recebem cada vez menos pelas suas produções, como aconteceu este ano com os produtores de melão, ou de batata, que venderam a produção a 5 cêntimos, ou como os produtores de fruta ou os viticultores, muitos dos quais entregam a sua produção sem saber quanto, nem quando vão receber.

E quer particularmente que ninguém denuncie esse grave problema nacional que atinge a produção leiteira do País: no final deste mês os produtores de leite podem estar a braços com a maior crise de sempre no sector.

No dia 31 de Março, por decisão da União Europeia e com a participação e a conivência do anterior governo do PS e do actual do PSD/CDS, vão acabar as quotas leiteiras e isso significa que os produtores vão estar confrontados com novas baixas de preços.

O fim das quotas leiteiras é mais um crime que vai ter consequências gravosas num sector que perdeu, nas últimas décadas mais de 90% das explorações!

Um crime que tudo faremos para que não se consuma em definitivo, por isso, o PCP apresentou na Assembleia da República um projecto de Resolução para defender as quotas leiteiras e atender aos dramas que o seu fim pode provocar!

Nós dizemos que é necessário reforçar a produção nacional! Entretanto, enquanto o dinheiro não falta para os grandes, o Governo no novo Programa de Desenvolvimento Rural cria mais dificuldades para a instalação de jovens agricultores de baixos recursos com a exigência de um investimento inicial de 50 mil euros! O que pretendem é canalizar os apoios e o dinheiro para os filhos daqueles que menos precisam e mais recebem.

Dizemos nós e dizem os pequenos e médios agricultores que ainda na passada quinta-feira participaram massivamente na manifestação promovida pela CNA, em Braga, exigindo outra política agrícola e que nós saudamos vivamente!

Tem que ser com esta força do povo que vamos construir um Portugal com futuro!

Com esta força que se soma a muitas outras, à força dos trabalhadores e de outras camadas da população que, tal como os nossos pequenos e médios agricultores, exigem outro rumo na vida do País e lutam para pôr fim a um governo e à política de ruína e desastre nacional que está em curso.

Por isso, também daqui saudamos as lutas desenvolvidas, como a manifestação nacional de ontem da juventude trabalhadora, e as muitas que durante todo este mês têm sucedido, nomeadamente a acção nacional do passado dia 7 promovida em todo o País pela CGTP-IN, mas igualmente a valorosa luta dos trabalhadores da Administração Pública, dos estudantes e ao mesmo tempo apelamos à participação nas comemorações populares do aniversário do 25 de Abril e à grande jornada do 1º Maio, dia internacional dos trabalhadores.

Aqueles que conduziram o País ao declínio e à grave situação social que vivemos, tentam a todo o custo lavar as mãos das suas efectivas responsabilidades pela situação que está criada e todos, sem excepção, querem fazer passar a ideia de que a partir de agora nada será como dantes.

Anunciam ilusórias viragens e novos ciclos de prosperidade que os portugueses, tal como no passado, nunca chegariam a conhecer.

Preparam-se para fazer o que têm feito sempre, simulação de viragens de orientação e mudanças de rumo que nunca pensaram concretizar, com um único objectivo: - eternizar a sua política de sempre! É assim com o PS, é assim com os partidos do governo PSD e CDS-PP.

A campanha de propaganda que aí já está montada por parte do governo que se constituiu em comissão eleitoral do PSD e do CDS com o empenhado apoio da Presidência da República, mostra bem que estão tentados a fazer tudo para enganar outra vez os portugueses, diligenciando atalhar uma derrota que têm como certa nas próximas eleições legislativas.

Da parte do PS proclamam-se posicionamentos à esquerda, mas o que mais se ouve de todos os que falam em seu nome são juras de cumprimento e fidelidade ao Tratado Orçamental e às suas regras! Fidelidade que os denominados 12 sábios do programa, acabam de certificar ao anunciar que pretendem cumprir à risca as regras da dívida e do défice previstas no Pacto Orçamental até 2019, sem austeridade,

com uma reforma do Estado sem cortes e muito crescimento – ou seja, a solução da quadratura do círculo que estava por inventar! Tudo sem renegociar dívida e apenas com a flexibilização inteligente do Tratado Orçamental que, dizem, há-de chegar e que António Costa está já tratar de garantir com Hollande na sua recente visita a França e com o sr. Renzi, primeiro-ministro de Itália!

É com eles que prepara a proposta de “leitura inteligente do Tratado Orçamental”.

É isso que estão a tratar com Hollande, o mesmo que deu uma volta de 180 graus e está a impor neste momento ao povo francês um volumoso pacote de medidas da dita austeridade, e com o senhor Renzi, esse mesmo que tem em curso o mais brutal ataque aos direitos laborais dos trabalhadores italianos!

Há aqui qualquer coisa que não bate certo!

Um dia virão de uma reunião de Bruxelas, se lá chegarem, anunciando com ar grave, como José Sócrates, que o mundo tinha mudado nesse fim- de-semana e debaixo do braço, mais um PEC de medidas iguaizinhas às que Passos Coelho aplicaria se o povo português lhe renovasse o mandato e que neste momento cala por razões eleitorais!

Não se tenha ilusões, a prosseguir este governo de Passos e Portas, a manter-se esta política das troikas sem troika e com o Pacto Orçamental pelas mãos do PSD e do CDS ou por outras que as tomem no essencial como suas, como o PS, os portugueses só podem esperar o pior!

Só podem esperar mais ataques às reformas e às pensões. Mais ataques aos salários. Mais ataques à segurança social, à saúde e à educação que escondem na dita Reforma do Estado que desejam retomar, retirada a máscara do disfarce eleitoral. Mais ataques à legislação laboral. Mais venda do País ao desbarato.

A semana passada, a Presidente do Conselho de Finanças Públicas que funciona junto da Assembleia da República veio chamar à atenção que para cumprir o Tratado Orçamental que PS, PSD e CDS aprovaram e com os níveis de crescimento previstos, são precisos até 2019 mais 13 mil milhões de novos cortes!

É esse o futuro que reservam aos portugueses com o seu Tratado Orçamental mais ou menos flexível!

Portugal precisa de uma verdadeira mudança e não operações de cosmética, falsas viragens que visam mais um vez iludir os portugueses e criar novas desilusões que só afundam ainda mais a confiança e descredibilizam a própria democracia.

Não, não há saída para uma vida digna para o nosso povo sem ruptura com as regras do Tratado Orçamental e do Euro, sem renegociar a dívida, sem uma nova política patriótica e de esquerda!

Entretanto, da parte do governo e dos partidos que o suportam querem à viva força convencer os portugueses que o País “está a dar volta” e que a crise e os sacrifícios são coisa do passado!

Conversa fiada!

Como a realidade não bate certo com os seus propósitos eleitoralistas, constroem e difundem uma visão do País à medida das suas próprias previsões.

Previsões sempre brilhantes à partida, mas sempre negras e amargas à chegada.

Andam a vender a ideia de que a economia vai finalmente crescer e crescer bem graças às medidas estruturais que o governo decidiu, para se justificarem perante o País que as desastrosas medidas que têm tomado e os sacrifícios impostos, afinal eram necessários e tiveram um fim útil!

Mas o que conta é a realidade que temos. E essa o que nos diz é que o País não saiu da “cepa torta”, apesar das condições favoráveis da baixa das taxas de juro, do petróleo e da desvalorização do euro que nada têm a ver com a política deste governo e as ditas medidas estruturais.

Numa economia que caiu tanto, desde 2011, mais de 6% e com tais condições, o que era normal é que a economia desse um salto no seu crescimento!

E o que os portugueses se questionam e com razão é porque, perante condições tão favoráveis, a economia portuguesa continua a apresentar níveis de crescimento tão baixos, tão rastejantes!

Mas é preciso hoje acrescentar uma coisa sobre o crescimento, no momento em que vimos e ouvimos ontem Passos Coelho no Japão a vender a ideia que Portugal pode ser uma das nações mais competitivas do mundo!

Do que fala Passos Coelho aos empresários japoneses para os aliciar a investir em Portugal? Da capacidade científica e do elevado nível de desenvolvimento tecnológico do País ou da educação? Do elevado esforço de investimento que se tem feito na capacidade produtiva do País e das suas infraestruturas?

Não! O que ele estava a garantir era competitividade pelos baixos salários, pelo trabalho sem direitos, pela exploração sem limites! Aliás, na exacta medida do discurso do PR na sua ida a França e perante empresários franceses.

O que estava a prometer era um Portugal paraíso para os exploradores!

É assim que pensam fazer crescer a economia. É esse o seu projecto e que hoje já bem se vê. O crescimento que pretendem é o crescimento sem desenvolvimento. É o crescimento sem melhoria das condições de vida das pessoas.

O crescimento que pretendem é o que mantém altas taxas de desemprego e de emprego precário, sem direitos, com salários baixos e de miséria.

Nós não queremos a economia a crescer e os trabalhadores e povo a empobrecer. Nós não queremos o crescimento para alguns, à custa da maioria. Nós queremos crescimento económico com desenvolvimento, com empregos de qualidade, com salários justos e condições de vida dignas. Crescimento com distribuição justa da riqueza produzida.

Crescimento com valorização do trabalho, dos trabalhadores e do País!

Entretanto, o que se confirma é que a dívida continua a subir e aqui a volta que dizem que o País está a dar é para pior, como o confirmam as Contas Nacionais tornadas públicas pelo INE na passada 6ª feira.

Novo aumento da dívida, apesar do maior aumento de impostos da história sobre o trabalho e da venda ao desbarato do património do País.

É esta a volta que estão a dar e ainda falam em cofres cheios! Dizem que é para pagar a dívida, mas a verdade é que não a estão a pagar dívida nenhuma, mas apenas a trocar dívida velha, por dívida nova.

A dívida está entre os principais problemas e constrangimentos que afectam hoje o País. Uma sangria em juros, mais de 8 mil milhões de euros por ano, mais do que o País gasta no Serviço Nacional de Saúde!

Portugal precisa de se libertar deste garrote, este dinheiro é fundamental para garantir salários, pensões, apoios sociais, serviços públicos, para investir no desenvolvimento do aparelho produtivo, aproveitar os recursos do País, aumentar a produção nacional, criar emprego.

Por isso o PCP com sentido patriótico defende a sua renegociação nos seus juros, prazos e montantes!

Os portugueses precisam de pôr fim a uma política assente na mentira no saque ao povo e ao País!

Hoje, mais do que em qualquer outro momento, coloca-se a urgência e actualidade da ruptura e da concretização de uma política que liberte o País simultaneamente da submissão externa e do domínio do capital monopolista.

As eleições legislativas deste ano constituem um momento da maior importância. Elas são uma oportunidade para dar expressão e continuidade à luta pela inadiável ruptura com a política de direita.

Uma batalha de onde sairemos em melhores condições e mais próximos de construir a política alternativa patriótica e de esquerda e de lutar pela alternativa política, quanto maior for a influência eleitoral da CDU, quanto maior o número de deputados eleitos.

Trata-se de uma batalha para a qual nos precisamos de preparar com toda a determinação, capacidade de iniciativa e realização, construindo uma grande, combativa e esclarecedora campanha eleitoral, capaz de envolver os muitos democratas e patriotas, que sabem que reside no reforço do PCP e da CDU o elemento mais decisivo para a concretização de uma política alternativa.

Uma campanha que afirme com confiança que é possível um outro caminho. Que há alternativa ao rumo de empobrecimento do povo e do País, à submissão e à dependência. Que há soluções e respostas para os problemas nacionais e de que para elas serem possíveis a CDU tem de ter mais força e mais votos.

Uma campanha que revele que o povo português não precisa de andar à procura de opções que significam novas ilusões e logo novas desilusões, tem na opção pelo PCP e pela CDU, a opção política coerente, capaz e indispensável para dar resposta aos problemas do País.

Uma campanha que na sua preparação e desenvolvimento permita, como tem vindo a acontecer, alargar mais e mais o apoio à CDU de democratas e patriotas, daqueles que já apoiaram, daqueles que estão indecisos, daqueles que nunca pensaram apoiar a CDU e que perante a situação do País vão considerar esse apoio como um imperativo da sua vida.

Sabemos que são cada vez mais os que aspiram a ver pelas costas, de uma vez por todas, um governo que, sabendo-se derrotado e recorre a todos as mentiras e intensifica a agenda de destruição de direitos nos meses que lhe restam.

Mas são também mais aqueles que ganham consciência de que a solução dos problemas nacionais tem de ser encontrada fora do ciclo de rotativismo e alternância, e os que querem interrompida e derrotada a política de direita que PSD, CDS e PS vêm impondo há 38 anos. Já cansa! Já chega!

Sabemos que são cada vez mais os que rejeitam o fatalismo a que querem condenar o País, que reconhecem na CDU uma força com proposta e soluções para retirar Portugal do atoleiro a que a política de direita o conduziu, e que sabem que há outra política, uma política alternativa patriótica e de esquerda capaz de defender a dignidade nacional, respeitar os direitos e elevar as condições de vida do povo português.

Uma política que enfrente, sem hesitações e coragem, os constrangimentos resultantes da submissão externa e que inscreva como condição necessária e indispensável a renegociação da dívida e o objectivo da recuperação da soberania económica, monetária e orçamental.

Uma política que assegure a elevação material das condições de vida, repondo salários e pensões de reforma roubados, promovendo o trabalho com direitos e valorizando a contratação colectiva, dando combate à exploração dos trabalhadores e à precariedade.

Uma política de defesa do aparelho produtivo, de valorização da produção nacional e de criação de emprego.

A reposição da protecção social na doença e no desemprego, mas também no estímulo à natalidade e salvaguarda no envelhecimento, que correspondam à efectiva resposta que constitucionalmente está consagrada.

O pleno exercício das funções sociais do Estado, designadamente na saúde e na educação, que reponha os níveis de resposta que fizeram do SNS e da Escola Pública, consagrados constitucionalmente, uma referência quanto a padrões de qualidade e universalidade.

Uma política cultural assumida como um factor de valorização, de democratização da sociedade e de emancipação social.

Uma política que interrompa e inverta a alienação de recursos com a retoma pelo Estado do controlo público de sectores estratégicos, designadamente a banca.

Uma política fiscal que desagrave a carga sobre os rendimentos dos trabalhadores e das micro, pequenas e médias empresas e tribute fortemente os rendimentos e o património do grande capital, os seus lucros e a especulação financeira.

São cada vez mais os que sabem ser possível um outro caminho e um outro rumo para Portugal, e que está nas mãos dos trabalhadores e do povo abrir espaço para a construção de uma alternativa política.

Foi a força e a determinação do povo português que, com a sua luta, resistiram ao programa das troikas nacional e estrangeira, que enfrentaram e impediram que a ofensiva do actual governo tivesse ido ainda mais longe. Foi a força e a determinação dos trabalhadores e do povo português que, com a sua luta, conduziram o actual governo ao isolamento social e à ante-câmara da derrota eleitoral a que estão condenados nas próximas eleições.

É esta força, vontade e determinação que há-de construir o caminho de futuro a que aspiram e pelo qual lutam. É essa corrente de confiança que, perante compreensíveis inquietações, se afirma e impõe, é essa corrente de esperança construída na convicção de cada um sobre a possibilidade de uma vida melhor que é preciso fazer crescer e ganhar força de exigência e transformação.

Aos muitos que hoje partilhando as nossas propostas, reconhecendo a nossa seriedade e coerência se interrogam sobre o que podem fazer, perante o desastre da política de direita, aqui lhes dizemos: juntem-se a nós, juntem-se ao PCP e à CDU, sejam parte activa desta corrente de exigência de mudança, de alternativa, de futuro.

Juntem-se a nós, juntem-se ao PCP e à CDU em cada uma das muitas lutas a travar, em cada um dos momentos em que é preciso afirmar direitos, em cada um dos locais em que a dignidade e as condições de vida são agredidos.

Hoje, e daqui, fazemos a todos os trabalhadores, aos jovens, às mulheres e aos reformados, aos democratas e patriotas empenhados na ruptura com a política de direita e com o rumo de declínio, um apelo particular: Juntem-se a nós na marcha nacional do próximo dia 6 de Junho, na Avenida da Liberdade, do Marquês de Pombal à Baixa, pela libertação e dignidade nacionais por uma política patriótica e de esquerda.

A marcha nacional «A força do povo», todos à rua por um Portugal com futuro, promovida pela CDU, será uma grande jornada de luta, de afirmação da força e da vontade do povo português num País desenvolvido, uma poderosa afirmação de que reside no povo a decisão soberana sobre o futuro que quer ver construído para as gerações presente e vindoura, uma afirmação de que está nas mãos dos trabalhadores e do povo decidir dos seus destinos.

Perante a situação do povo e do País, não nos conformamos, não desistimos, afirmamos uma posição clara: Basta! Basta de humilhação, basta de exploração e empobrecimento, basta de corrupção e dependência. Assumimos com confiança o projecto de libertação, de dignidade, de honestidade, de desenvolvimento e soberania para Portugal. Temos soluções para o País!

Aqui estamos neste Comício e a poucos meses das eleições legislativas com redobrada confiança, sempre no local onde os trabalhadores e o povo português nos encontrou, de cabeça levantada para dizer olhos nos olhos que podem contar com o PCP e a CDU, que aqui estamos com um percurso de seriedade sempre ao lado dos interesses nacionais e do nosso povo, prontos a assumir todas as responsabilidades que o povo decida atribuir-nos na concretização da política alternativa e no governo do País.

Está aqui a força e a vontade dos que confiam que é possível uma vida melhor e dos que, com convicção, acreditam que é possível convencer pela razão e justeza das suas posições políticas, e vencer pelo trabalho e luta por um Portugal de futuro, soberano, desenvolvido e de progresso social.

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