1. O Comité Central do Partido Comunista
Português, ao realizar a sua reunião plenária após
as grandiosas manifestações populares do 1º de Maio, saúda
ardentemente a classe operária, as massas populares, pelo extraordinário
êxito alcançado e pela determinação, expressa por
milhões de portugueses, de consolidar e alargar as liberdades, de pôr
fim à guerra colonial, de realizar eleições livres para
uma Assembleia Constituinte e instaurar em Portugal um regime democrático
escolhido pelo próprio povo.
2. O Comité Central do Partido Comunista
Português saúda também calorosamente o Movimento das Forças
Armadas, pela sua firme intervenção para pôr fim à
ditadura fascista e pela sua acção ulterior, em aliança
com as forças populares.
O Comité Central saúda as medidas de urgência da Junta
de Salvação Nacional para liquidar a ditadura fascista e instaurar
a liberdade. Considera de forma positiva a amnistia aos desertores e refractários.
O PCP, ciente do papel decisivo representado pelo Movimento das Forças
Armadas nas modificações da situação política,
considera que o prosseguimento do Movimento, pelo menos até às
eleições para a Assembleia Constituinte, é uma das condições
essenciais para consolidar e ampliar os resultados alcançados e fazer
frente com sucesso às conspirações e tentativas contra-revolucionárias.
3. O Comité Central ratifica a posição
tomada pelos seus organismos executivos quanto ao Governo Provisório.
A participação no Governo Provisório de todos os partidos
e sectores democráticos representativos (incluindo o PCP) seria uma garantia
para o prosseguimento e a realização de eleições
livres.
Discriminações contra o PCP, o maior partido antifascista, contrariariam
a democratização da vida política portuguesa.
4. O PCP põe em destaque a grande combatividade,
a iniciativa, a audácia, a maturidade política de que as massas
populares vêm dando provas num irreprimível movimento que ganhou
todos os recantos do País. Todo o nosso povo compreendeu imediatamente
que da sua aliança viva, fraterna e actuante com as Forças Armadas
ia depender a profundidade e a largueza do processo de democratização
encetado cm 25 de Abril.
A unidade na acção e a organização da classe operária,
das massas populares e das forças democráticas e a aliança
das massas populares com as Forças Armadas continuam a ser condições
essenciais para que possam ser liquidados os restos do fascismo, cortado o passo
à contra-revolução, assegurados os resultados alcançados
com o 25 de Abril e nos dias decorridos desde então, e conquistado finalmente
um regime democrático.
O PCP insiste para que, por toda a parte e a todos os níveis, se multipliquem
os laços de cooperação e ajuda mútua entre as massas
populares e os militares. É de reforçar a cooperação,
que já se está a verificar em muitos aspectos, entre as forças
democráticas e o Movimento das Forças Armadas, a confraternização
da população com oficiais, soldados e marinheiros.
Do reforço e da irreversibilidade desta aliança depende a vitória
final da democracia em Portugal.
5. O Comité Central do PCP chama a atenção
para os perigos reais de conspiração, provocação
e acção contra-revolucionária dos fascistas, assim como
para as tentativas dos potentados do dinheiro para criar graves perturbações
na economia, nas finanças e nos abastecimentos.
O Comité Central sublinha a necessidade de, em estreita cooperação
com as Forças Armadas, aumentar a vigilância das forças
democráticas e das massas populares.
6. São igualmente perigosos o oportunismo
de direita, que se manifesta na tendência para abdicar de objectivos fundamentais
do movimento democrático, e o esquerdismo, que se expressa sobretudo
na impaciência que não tem em conta a correlação
de forças e em atitudes e acções divisionistas e desagregadoras.
O PCP, com plena consciência da sua responsabilidade, desaprova acções
para que não estejam criadas condições e que não
correspondam à correlação de forças existentes.
Salvo casos muito particulares, iniciativas para a ocupação de
juntas de freguesia e de câmaras municipais, por exemplo, não facilitam,
mas, pelo contrário, criam neste momento graves entraves ao processo
de democratização do aparelho administrativo e de democratização
da vida portuguesa em geral. O PCP combaterá firmemente o oportunismo
e o aventureirismo, que servem objectivamente a contra-revolução.
7. O Partido da classe operária, o PCP,
pela sua força organizada e a sua larga influência de massas, bem
patente na grandiosa jornada do 1º de Maio, tem desempenhado e continuará
a desempenhar um importante papel nos acontecimentos.
Saudando todas as organizações e militantes pelo grande êxito
registado no 1º de Maio, o Comité Central está certo de que,
à frente dos trabalhadores e das massas populares, os comunistas continuarão
lutando com confiança e abnegação pela instauração
das liberdades, pelo fim da guerra, por eleições livres para a
Assembleia Constituinte, por um regime democrático escolhido pelo próprio
povo.
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