Intervenção de Manuel Pires da Rocha, 1º Candidato da CDU às Eleições Legislativas pelo Círculo Eleitoral de Coimbra, Acto Público CDU

Coimbra precisa de eleger deputados da CDU

Coimbra precisa de eleger deputados da CDU

Nos dias em que uma dúzia de autarcas e governantes batia palmas ao levantamento dos carris do Ramal da Lousã, o PCP apresentava alternativas para impedir que aquele caminho viesse a ser aquilo em que o transformaram: uma quase ruína de futuro incerto. Do episódio em si falaremos mais à frente. O que importa agora é denunciar a trágica metáfora. Tantos anos de governação de direita vêm transformando Portugal num gigantesco Ramal da Lousã. Carris arrancados como se fossem vidas; caminhos desertificados como os tantos lugares, de Portugal inteiro, onde falta a agricultura, as fábricas, as minas, mas também as escolas, os hospitais, os teatros; pontes que atravessam rios e vão para lado nenhum, como se fossem europas só de promessas e nada. À vista da revolta do povo os governantes louvam a capacidade de sacrifício dos passageiros e prometem – vejam bem – mais sacrifícios, porque – dizem – o futuro é já ali.

Na metáfora como na vida, no Ramal como no distrito inteiro, o PCP e a CDU são alternativa ao desmancho que arrasta consigo aquilo que de mais valioso o 25 de Abril criou – o poder local, a saúde, a educação, a cultura, a produção, a justiça. Haverá quem nos acuse de gritar até à rouquidão a cassete de meter o PS e o PSD no mesmo saco, mas a verdade é que enquanto persistir esta doença crónica da chamada “alternância democrática” é nossa obrigação denunciar a linha descendente em que, ano após ano, governo após governo, nos vão roubando os salários, o emprego, a capacidade para fazer face às despesas com a alimentação, a saúde, a educação dos nossos filhos, a habitação, os transportes e tudo aquilo a que chamamos viver com dignidade.

Há apenas dois dias o governo PSD/CDS embrulhou o sistema de tratamento e abastecimento de água e de saneamento num pacote chamado Águas do Centro Litoral, cujo destino pretende ser a privatização. Mas não se pense que este atentado à água pública é coisa de uma mão só. Primeiro foi o PSD do Cavaco governante: começou por permitir a concessão dos serviços de águas e resíduos a privados – não era privatizar, era concessionar. Depois garantiu aos concessionários privados resultados financeiros. Depois veio o PS de Guterres, que finalizou a abertura da porta aos privados, revogando a lei de delimitação de sectores – o que era de todos passou a poder ser também de alguns. O PS de Sócrates deu um passo mais: alterou o regime jurídico dos serviços municipais de águas e resíduos para privilegiar a integração vertical e instituiu a base legal para a privatização de toda a água do território nacional abrindo a possibilidade da completa mercantilização. Com o processo já em velocidade de cruzeiro, a Assembleia Municipal de Coimbra aprovou, por unanimidade, uma moção contra a extinção por decreto da empresa Águas do Mondego. Mas o governo de Passos e de Portas não obedece a princípios democráticos. O seu objectivo é levar a água que é de todos para os bolsos dos interesses privados de poucos. Contra mais este roubo responderemos com a luta, em todos os lugares da democracia, e também no voto. Apoiar a CDU é, também, defender a água pública!

Mas quem diz a água diz a investigação científica, a produção agrícola, a indústria, a saúde. Falando de saúde, os jornais de hoje dão conta de situações preocupantes a nível dos cuidados de saúde mental. A CDU tem denunciado o descalabro: depois de encerramento do Hospital do Lorvão acabam de ser fechadas as portas do Centro Psiquiátrico de Recuperação de Arnes, falando-se já de limitações à actividade do Hospital de Dia do Sobral Cid. É a solução Ramal da Lousã aplicada à saúde! É a “alternância democrática” a desenvolver uma linha continuada de eliminação dos serviços públicos, privatizando uma parte, abandonando a outra. Mas permitam que, ainda no sector da saúde, seja referido um episódio que devemos espalhar por toda a parte. O episódio de assistentes de acção médica dos HUC remuneradas abaixo do salário mínimo, cuja situação foi regularizada graças à intervenção parlamentar da deputada comunista Rita Rato. Por este e por muitos outros exemplos importa reafirmar que para o distrito de Coimbra não é o mesmo ter deputados da CDU ou não os ter.

No entanto, a CDU não elege aqui deputados há várias legislaturas, mesmo que nas últimas eleições para a Assembleia da República tenhamos ficado muito perto de eleger um deputado. Mesmo assim, sem deputados eleitos por Coimbra, saiu das bancadas da CDU na Assembleia a voz de denúncia, mas também a proposta de solução, do mal que os governos alternantes têm feito ao Hospital dos Covões, ao já referido Sobral Cid, aos enfermeiros do Rovisco Pais, ao Hospital da Figueira da Foz, ao de Cantanhede, à Ortopedia do Pediátrico de Coimbra, à extensão de saúde da Adémia. Os deputados da CDU são, também, os que levam ao Parlamento a notícia do mal feito à rede escolar, nomeadamente através do encerramento de escolas, são quem denuncia a transferência de responsabilidades relacionadas com o financiamento ao ensino superior para o juízo de organismos, como a FCT, cuja missão é a de humilhar, desmoralizar, liquidar centros de investigação como o Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores da UC, que vem desenvolvendo um trabalho que só poderia ser motivo de orgulho.

A CDU vai ao encontro dos trabalhadores na ERSUC, na Aquinova de Mira, nos CHUC, na Administração Local, na Conforlimpa, nos CTT criminosamente privatizados, no Instituto Português de Sangue, na TRANSDEV, na Aquinos, na Karamos, na Gráfica de Coimbra, na indústria conserveira. Os deputados da CDU são quem apresenta soluções para o Ramal de Cantanhede, para a Linha do Oeste. São quem se opõe à morte dos Estaleiros Navais do Mondego. Podem contar com a CDU - e sabem-no bem – os trabalhadores da Cultura e os agentes culturais do distrito; a própria Coimbra, que merece que a classificação de Património da Humanidade não se fique pelas tabuletas à porta dos monumentos.

Coimbra precisa de eleger deputados da CDU, engrossando o grupo parlamentar que mais contributos legislativos produz, numa lógica de serviço ao povo, de permanente resposta aos eleitores, de prontidão para a presença em todas as lutas, do piquete de greve às bancadas de São Bento.

Há sempre quem, nas ruas aonde vamos ao encontro de toda a gente se lamente com o “mas vocês não chegam lá” de quem se conformou já com a roleta da tal alternância em que o pau vai e vem. Contamos connosco, com cada um dos militantes, activistas e apoiantes da CDU, para demonstrar aos desiludidos eleitores da tal alternância que, de facto, o pau vai e vem - ora na mão do PS ora na mão do PSD e do CDS - mas que, ao contrário do que diz o ditado, as costas não folgam. É preciso recordar aos indecisos, aos confundidos, aquilo que tão bem sabem: que as feridas nas costas dos trabalhadores, dos desempregados, dos pensionistas, são o preço dos lucros dos banqueiros, dos grandes empresários capitalistas que largam tostões para lucrar milhões.

Este nosso trabalho de conversa, de combate à indecisão, de esclarecimento, de presença constante, é o que justifica o avanço eleitoral da CDU nos dois últimos actos eleitorais para a AR, em percentagem (de 5,8 para 6,2) e em número de votos em 11 dos 17 concelhos do Distrito. Há cada vez mais quem entenda a mentira do rótulo de “força de protesto” que a direita alternante pretende colar à CDU. A CDU é uma força de protesto, sim, mas sempre associando a cada protesto uma solução. Protestamos e propomos – nunca o primeiro sem o segundo! - porque entendemos estar em condições de governar Portugal a favor dos anseios do povo! Porque constituímos uma força política que está implantada em todos os sectores da actividade produtiva, associativa, cultural, científica. Uma força numerosa e organizada que mesmo permanentemente silenciada nos grandes canais de comunicação – como aconteceu na recente marcha A Força do Povo – se faz-se ouvir, no meio da indignidade como nos lugares de criação de prosperidade.

Trata-se nesta campanha, uma vez mais, de juntar a essa voz de esperança e soluções as vozes de mais e mais eleitores, uma vez mais para impedir que a fraude do “voto útil” inutilize a vontade de mudança daqueles que sabem, e querem, um distrito em que a terra e o mar produzam, a inteligência crie, o património eduque, a indústria desenvolva, a saúde defenda, a educação liberte.

Voto útil só pode ser aquele que dê voz aos anseios de quem vota. Votar no PS, se a intenção for a da alternativa à política de direita, é inutilizar o voto! Que o digam os munícipes da Figueira da Foz, cuja Câmara do PS adoptou o banco de horas que impede os trabalhadores municipais de ter família, de ter lazer, de ter segurança; que o digam os munícipes de Oliveira do Hospital, cujo presidente do PS tem o secreto sonho de ser ministro da Saúde, aproveitando para tal a onda criminosa da municipalização; que o digam os nossos já citados utentes do Ramal da Lousã, que viram os carris centenários arrancados por um governo do PS.

Soluções para o país! – é assim que o PCP e a CDU se apresentam ao eleitorado nestes dias em que se decide, na consciência de cada cidadão, o lugar do boletim em que será desenhada a cruzinha. Soluções para os cenários de medo com que se assustam as vontades de mudança. Soluções para que o Distrito de Coimbra deixe de ser a metáfora do ramal esventrado. Soluções para a construção de uma alternativa de esquerda pela voz do povo, que é, como sempre tem sido, a voz dos deputados da CDU.

Soluções que, por fim e depois de tantos anos de alternante descarrilamento, sejam capazes de dar corpo ao governo da alternativa que a CDU está em condições de assumir. Soluções para Portugal pela mão de um governo patriótico e de esquerda!

  • CDU Legislativas 2015