(...) É
cada vez mais necessário que, em Aveiro, projectemos o olhar para
além do betão, que questionemos a gestão municipal
do PS ao fim de dois mandatos, na certeza de que os traços negativos
já antes detectados surgem agora, infelizmente, ainda mais nítidos
e mais carregados do que há anos atrás.
Sem ignorar o que de positivo tenha sido feito, mas sem deixarmos de
dizer que muito mau seria se não existisse obra, tantos os recursos,
próprios e alheios, actuais e futuros, gastos pela actual Câmara.
Sem ignorar o que tenha sido feito, dizia, podemos, afirmar, com toda
a razão de ser e sem sermos exaustivos:
- que a gestão municipal continua desequilibrada se tivermos como
referência o conjunto da população do Concelho;
- que o serviço público se tem degradado, particularmente
nas áreas da limpeza, dos transportes e da rede escolar;
- que têm aumentado exponencialmente os encargos lançados
pela Câmara sobre os cidadãos;
- que a organização dos serviços municipais deixa
muito a desejar por falta de políticas adequadas de recursos humanos,
ficando prejudicada a resposta às necessidades dos cidadãos;
- que a participação dos munícipes na definição
das políticas municipais continua a ser desprezada;
- que continuamos a perder património natural e construído
por manifesta incúria ou desinteresse do poder municipal;
- que o planeamento ocupa um lugar menor na gestão casuística
e retalhada do nosso território, com um plano de urbanização
cuja elaboração e aprovação se arrasta penosamente
há mais de dez anos;
- que a dívida municipal, já enorme há quatro anos,
duplicou durante este período, situando-se agora algures acima
dos 20 milhões de contos (100 milhões de euros) colocando
mais do que nunca a urgência de verdadeiras medidas reequilibrio
financeiro. (...)
É com o património do trabalho desenvolvido em oposição
e com a força e vitalidade do nosso projecto que nos apresentamos
aos eleitores de Aveiro, para sublinhar o que muitos já perceberam:
- o reforço da CDU, expresso na eleição de vereadores
e em mais eleitos na Assembleia Municipal, constitui a única possibilidade
de uma alteração qualitativa, para melhor, na vida e funcionamento
dos órgãos autárquicos municipais. (...)
Apostamos todos, com realismo e alguma esperança, na possibilidade
de entrada da CDU na Câmara Municipal de Aveiro. Vamos trabalhar
com essa perspectiva no horizonte.
Mas não vai faltar agora quem, invocando abstractamente uma ideia
de esquerda vazia de conteúdo, venha invocar a existência
de uma coligação PSD-PP em Aveiro para apelar à concentração
de votos em Alberto Souto e no PS.
A este propósito é preciso sublinhar duas coisas.
A primeira é que a direita formal (PSD e PP) recentemente derrotada,
mesmo que unida, continua em perda no Concelho de Aveiro, não apresentando
predicados que lhes permitam acalentar o sonho de recuperar a Presidência
da Câmara Municipal de Aveiro.
A segunda, e mais importante, é que não basta que alguém
se diga de esquerda, é preciso sê-lo de facto.
Não é ser de esquerda votar o património à
degradação;
Não é ser de esquerda reduzir a zero a construção
de habitação social;
Não é ser de esquerda alienar interesse publico municipal
a interesses particulares privados;
Não é ser de esquerda sobrecarregar a população
com taxas e tarifas, nem votar a taxa máxima do Imposto Municipal
sobre Imóveis;
Não é ser de esquerda desprezar a participação
popular.
Quem invoca os valores de esquerda tem que ser consequente. Será
com mais votos na CDU, com o reforço das suas posições
nos órgãos autárquicos do Concelho e, em particular,
com a sua entrada na Câmara Municipal de Aveiro que os valores serão
melhor defendidos respeitados.
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