Declaração de Carlos Carvalhas, Secretário-Geral do PCP
Faial, 5 de Outubro de 2004

 

1. Deixarei as funções de Secretário Geral do PCP no próximo Congresso. As razões são simples: 12 anos como Secretário Geral mais 2 anos como Secretário Geral Adjunto. São 14 anos. Não se trata de divergências nem de cansaço.

2. Sempre defendi que no ciclo que iniciei, o Secretário Geral não se deveria eternizar no lugar. Sem querer fazer teoria, defini como horizonte da minha disponibilidade um máximo de dois mandatos. Por razões específicas, aceitei mais um mandato no XVI Congresso.

3. Os Órgãos Executivos conhecem esta minha decisão há mais de um ano reafirmada formalmente no princípio do ano na Comissão Política.

4. Nessa declaração formal expressei também opinião que no XVII Congresso se deveria procurar fazer um significativo rejuvenescimento e renovação de quadros a todos os níveis: CC, Órgãos Executivos, etc.

5. Esta declaração estava para ser feita amanhã ou quinta-feira, logo que todos os membros do Comité Central tivessem sido informados. O novo Comité Central a eleger em Novembro no XVII Congresso elegerá o futuro Secretário Geral.

6. É uma decisão natural, sem dramatismos. Até ao Congresso continuarei a desempenhar cabalmente as minhas funções tal como o tenho feito há mais de um ano, isto é, desde que dei conhecimento aos Órgãos Executivos do Partido, tudo fazendo para derrotar a política de direita do Governo PSD/CDS-PP e agora para que a CDU tenha um bom resultado nas Eleições Regionais.

Continuarei a lutar com determinação pelas minhas convicções e ideais e pelas causas que são a razão de ser do meu Partido.

7. Não ignoro que, com uma vida política excessivamente fulanizada e com a perversa tendência mediática para quase reduzir os partidos aos seus Secretários-gerais ou Presidentes, a decisão que acabo de anunciar poderá ter uma certa repercussão e gerar uma certa concentração de atenções, para já não falar do quase certo relançamento de intrigas e especulações sobre a vida interna e a situação do PCP.

Confio porém que os militantes do PCP e a generalidade dos portugueses que seguem com apreço a luta do PCP enfrentem com serenidade e racionalidade política esta questão, na base de uma forte consciência de que, sem prejuízo da inegável importância e relevo das funções de Secretário-geral, o que faz a história, a força e a vitalidade do PCP é o seu projecto político, são as grandes causas humanistas por que se bate, são a acção colectiva em que sustenta a sua intervenção e a solidariedade e fraternidade dos que, militando no PCP ou nele se reconhecendo, se dedicam com exemplar generosidade à defesa dos interesses dos trabalhadores e do povo português.